quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
O cristão pode brincar de RPG, jogos de roleta, tabuleiro, cartas e dados?
Muitos cristãos, no intento de demonstrarem zelo real pelo Senhor e por
Sua soberania, afirmam que um genuíno filho de Deus não deve participar
de brincadeiras que dependam da "sorte", afinal, os professos da fé
cristã não devem ser dependentes do acaso, pois isto violaria a
confiança no Senhor.
De outro lado, existem os cristãos que dizem não haver qualquer problema
em se alegrar com jogos e diversões, não importando de que natureza
sejam, afinal, o crente não está preso ao jugo deste mundo e por tais
brincadeiras não se deixa levar.
Mas qual seria a posição bíblica?
Em outro lugar (clique aqui), já comentei sobre como desmantelar certos argumentos e heresias, de modo que não entrarei em minúcias no presente artigo.
Aqui, porém, de modo bastante objetivo, procurarei responder, com
breves sentenças, a licitude ou não do crente brincar com tais jogos.
Geralmente o argumento usado para não se poder brincar de RPG, jogos de roleta,
tabuleiro, cartas e dados, diz respeito a que eles dependem da "sorte".
Todavia, tal raciocínio, como todo o respeito, é muito fraco, pois se
assim for, o chute, no futebol; o saque, no vôlei; o tiro, no alvo...
também dependem de algum tipo de "sorte", isto é, em algum momento não
temos o controle do que ocorre. Portanto, tal argumento não merece
prosperar.
Outro argumento é o de que jogos desta natureza acabam viciando o
cristão, o levando a uma vida dependente de tais coisas. Igualmente
descabido. Ora, se a base fundante for que alguma coisa pode levar ao
vício, então ter-se-ia que se proibir tudo, desde o maravilhoso
churrasco, até o cortar da grama, pentear dos cabelos ou seja lá o que
for. Até mesmo as bebidas alcoólicas deveriam ser proibidas aos cristãos, o que a Bíblia deixa claro que não é (clique aqui para ler)
Ainda outro argumento é que tais jogos foram criados, em sua maioria,
por homens ímpios, isto é, contrários à fé cristã. No mesmo sentido
acima, não cabe esta razão. Se isto for levado adiante, então o cristão
deveria ir somente em supermercados de donos verdadeiramente cristãos,
comprar o pão na padaria do crente, ir ao médico crente, abastecer o
carro no posto de combustível do amado irmão... o que não vemos acontecer na Escritura.
Um último argumento é de que, no Antigo Testamento, vemos o povo de Deus usando alguns elementos para "tirar a sorte" e entender a vontade de Deus, quando no Novo Testamento
não vemos esta prática ou, ao menos, não de maneira tão recorrente. A
questão, todavia, é distinta do que se está tratando. Até onde sei,
nenhum cristão que brinca de RPG, jogos de roleta, tabuleiro, cartas e
dados, o faz para saber a vontade do Senhor, mas, sim, tão somente para
se divertir, tal como jogar futebol ou surfar.
Desta forma, se percebe que não há argumentos que convençam sobre a ilicitude de se brincar com tais coisas.
Entretanto, convém lembrar do precioso aviso: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar"
(1Pe 5.8). Receio que alguns cristãos, conquanto procurem fazer bom uso
de sua liberdade em Cristo, acabam dando vazão ao pecado e, enquanto
jogam, se esquecem (ou sequer sabem) de que Deus é plenamente soberano,
de maneira que o dado cairá no número já predestinado, bem como a carta
seguinte será a que Deus quer que seja. De nada adiantará ficar "bravo"
com o número "que não sai" ou com a carta que não ajudou - se você
estiver percebendo que isto ocorre com você, saiba que o laço está
pronto e é melhor você se afastar destas brincadeiras (assim como de
qualquer outra).
Uma vez que devemos fazer todas as coisas para a glória de Deus (1Co
10.31) e isto implica em reconhecer que é Ele quem designa e controla
todas as coisas (ainda que sejamos responsáveis por nossos atos),
devemos ser como nos recomenda a Escritura: "Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova" (Rm 14.22)
Assim, na próxima vez que for se divertir para a glória de Deus com RPG, jogos de roleta,
tabuleiro, cartas e dados, lembre-se de verificar se tais coisas não
estão lhe dando um gosto pela "sorte" ou o levando para caminhos
perigosos. Se verificar que tudo segue bem e na santa paz de nosso
Senhor, continue a brincar, assim como outros jogam futebol.
Para finalizar, levemos sempre conosco: "Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos" (1Co 8.9).
Que Deus nos abençoe.
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