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segunda-feira, 23 de março de 2015

Identificado o reino da Besta e o Anticristo


Estudantes das profecias bíblicas sempre identificaram a besta do Apocalipse, capítulo 13, com o Império Romano em sua forma renascida. De acordo com este ponto de vista, a União Europeia seria o império profetizado do Anticristo. Depois de ler tantos livros proféticos escritos por autores com uma mentalidade ocidental, passei a acreditar que o Apocalipse, capítulo 13, de fato previa a ascensão de Roma no fim dos tempos, como a União Europeia e até escrevi sobre isso no meu artigo intitulado “A Grande Tribulação” até que um dia fiquei impressionado com o versículo que diz: “e a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os pés de um urso, e a sua boca como a de um leão …” (Apocalipse 13:2a).
Imediatamente, após este versículo quase pular para fora da página e me dar um tapa no rosto, percebi que este versículo não estava prevendo o renascimento de Roma, mas o renascimento dos antigos impérios grego, persa e babilônio, combinados em uma aliança geopolítica que vai ser a base do Anticristo. A besta do Apocalipse, capítulo 13, é uma besta composta e foi o quarto animal que Daniel viu e que não poderia descrever. Daniel, capítulo 7, nos fala sobre os reinos que surgiriam para governar o mundo e estes reinos são representados por quatro animais. O texto diz: “No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas. Falou Daniel e disse:Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande. Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram- lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam:Levanta- te, devora muita carne. Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi- lhe dado domínio. Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres.” (Daniel 7: 1-7).
Então o anjo explica a Daniel a interpretação da visão: “Cheguei- me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das coisas: Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade. Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava; e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros.” (Daniel 7:16-20).
O anjo diz a Daniel que os quatro animais representam quatro reinos que surgiriam na terra. Todos os estudiosos conservadores identificam as primeiras três feras da seguinte forma: Primeiro besta: Um leão – Império Babilônico de 586 aC a 539 aC, Segunda besta: Um urso – Império Medo-Persa de 539 aC a 331 aC, Terceira besta: Um leopardo – Império Grego de 331 aC a 63 aC.
A quarta besta era tão terrível que Daniel era incapaz de descrevê-la. Tudo o que Daniel foi capaz de descrever eram os 10 chifres que tinha sobre a besta. Quando chegamos ao Apocalipse, capítulo 13, vemos que o animal visto pelo Apóstolo João também tinha 10 chifres: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças …” (Apocalipse 13:1).
Observe que a besta sobe do mar, assim como em Daniel 7: “Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.” (Daniel 7: 3).
O mar é uma referência ao mar Mediterrâneo e é simbolicamente usado para representar as nações dos gentios daquela região. O que João viu em Apocalipse, capítulo 13, foi o quarto animal visto por Daniel, que ele só poderia descrever como terrível e com 10 chifres. A maioria dos estudiosos das profecias identificam o quarto animal de Daniel com o Império Romano. Os 10 chifres do animal, representam 10 reis, o que crêem a maioria dos estudiosos é que eles serão 10 nações que sairão do Império Romano no fim dos tempos e muitos vêem a União Europeia como a base para estas 10 nações. A União Europeia tem atualmente 27 países membros e alguns estudiosos acreditam que pela profecia este número será reduzido para 10 que são os 10 reis da quarta besta.
O estudioso de profecias, Mark Hitchcock, escreve: “A Bíblia prevê que no fim dos tempos, o Império Romano reunificado será governado por um ‘grupo de dez’ líderes, ou uma oligarquia governante, muito parecido com o atual Conselho Europeu ou a Comissão Europeia. Curiosamente, a Comissão Europeia acaba de ser podada de 27 para 17 assentos. Isto poderia facilmente ser ainda mais reduzida para 10 assentos e o palco estaria definido para o Grupo dos Dez, previsto em Daniel, capítulos 2 e 7, e Apocalipse, capítulo 17. além disso, a nova presidência da UE (União Européia), com o seu prazo de até cinco anos, poderia facilmente definir o cenário para a ascensão de um homem para assumir a UE (União Européia) e usar esta plataforma para forjar alianças fundamentais e dominar o mundo, – exatamente como a Bíblia prediz“. [1]
Quando prestamos muita atenção para o corpo da besta em Apocalipse, capítulo 13, vemos que ele não representa o Império Romano apenas. O Império Romano pode ser representado por uma das sete cabeças da besta, mas o corpo da besta nos mostra que esta besta é uma combinação dos três primeiros animais de Daniel, que se tornou o quarto animal de Daniel, capítulo 7, e a besta do Apocalipse, capítulo 13. Se tomarmos o texto literalmente, descobrimos que a besta representa uma aliança entre os impérios grego, persa e da Babilônia. Em termos de hoje, isso seria uma aliança política entre a Síria, Irã e Iraque.
O Império Grego foi dividido em quatro grandes potências regionais, que são representados pelas quatro asas do leopardo e pelos quatro chifres que saíram do bode em Daniel, capítulo 8. Mais tarde, na história destas quatro potências regionais foram reduzidas a dois poderes regionais que dão origem a dinastia selêucida da Síria e a dinastia ptolomaica no Egito. Em Daniel, capítulo 11, lemos sobre as lutas entre o rei do Norte (a Síria) e o rei do Sul (o Egito), como os reis selêucidas pelejaram com os reis de Ptolomeu. Daniel, capítulo 11, passa a prever o surgimento de Antiouchus Epifânio que saiu da dinastia selêucida na Síria para vir contra os judeus e tentar destruir a religião judaica. Daniel 11:40-45, fala sobre o fim dos tempos e menciona o rei do Norte (a Síria) e o rei do Sul (o Egito) participando de batalhas, pouco antes de os dias de tribulação como visto em Daniel, capítulo 12.
Com base neste desenvolvimento de Daniel, capítulo 11, que menciona a Síria, o qual saiu do império grego como um dos principais jogadores no fim dos tempos, podemos concluir que o leopardo em Apocalipse 13:2 representa a Síria. Poderia incluir o Egito, desde que o Egito saiu da dinastia ptolomaica do Império Grego e é um dos reis a ser conquistado pelo Anticristo de acordo com Daniel 11:42. O império persa, representado pelo urso em Apocalipse 13:2, pode ser claramente visto hoje como o Irã, que apenas 73 anos atrás ainda era chamado de Pérsia. O leão em Apocalipse 13:2, que representou o império babilônico em Daniel, capítulo 7, foi reduzido para o que nós conhecemos hoje como geograficamente o Iraque. É interessante notar que a Babilônia (Iraque) torna-se o centro político e econômico do Oriente Médio e da capital do reino do Anticristo de acordo com Apocalipse 18. Ele é chamado de o rei de Babilônia, em Isaías 14:4 e de os assírios, em Isaías 14:25 e Miquéias 5:5-6. Estas passagens se referem a ele como sendo uma figura política a surgir na região da antiga Assíria e Babilônia. Isso aponta para o fato de que o Anticristo virá do Oriente Médio e não da União Europeia, como muitos esperam.
Mark Hitchcock escreve:
O mundo é meu, e eu sou Deus”: Um líder toma o poder através da união das potências militares e econômicas do Ocidente – declarando-se governante do mundo.
Um novo ditador mundial vai primeiro revelar-se no papel de um pacificador no Oriente Médio. Este evento terá lugar durante a primeira fase do Império Romano renascido, o quarto império mundial descrito por Daniel. Simbolicamente o novo líder mundial é descrito como “um outro pequeno chifre” que vai surgir a partir das dez oligarquias líderes que controlam o poder político e militar do Ocidente (Daniel 7:8).
Expositores da Bíblia concluíram que este governante que emerge, primeiramente irá subjugar três dos dez líderes originais e, em seguida, assumirá o controle de toda a coligação. Os líderes vão ceder o controle da nova União Europeia a este novo homem forte do momento. [2] (grifo meu)
Vemos claramente que Mark Hitchcock, que é considerado um dos principais estudiosos de profecia na América, acredita que o Anticristo virá do Ocidente a partir de dentro da União Europeia.
O Pastor Joseph Chambers do Ministério Paw Creek, escreveu um livro em 1996, intitulado: Um Palácio para o Anticristo. Neste livro, o Pastor Chambers escreve sobre a ascensão da Babilônia, no Iraque como a capital política do Anticristo. No capítulo 8 de seu livro intitulado “A Assíria e o Oriente Médio“, o Pastor Chambers escreve: “a sede do Anticristo, o Oriente Médio, é o centro de toda a terra, a Babilônia é o trono de Satanás; Jerusalém é o centro espiritual da revelação judaico-Cristã e será a sede do reino de Cristo. O Iraque é justamente chamado de o berço da civilização, pois o Jardim do Éden era no seu extremo sul, onde os rios Tigre e Eufrates se encontram pouco antes de entrarem no Golfo Pérsico. Procurar as atividades finais de Satanás em qualquer outra área que não o Oriente Médio é olhar em vão e em erro“.
O Pastor Chambers passa a explicar porque o Anticristo é um assírio. Na última página do capítulo, o Pastor Chambers escreve: “O Oriente Médio possui todos os elementos da preparação do Anticristo. Não há nenhuma outra área geográfica, no planeta Terra, onde o Anticristo possa aparecer que não seja o Oriente Médio. Aqueles que continuam a olhar apenas para o Mercado Comum Europeu como o movimento primário em direção ao Anticristo em breve serão desapontados“. [3]
Eu concordo totalmente com o Pastor Chambers de que o Anticristo tem que vir do Oriente Médio, não do Ocidente (Europa), como Mark Hitchcock e muitos outros acreditam.
Como vimos, a Síria, o Irã e o Iraque serão a base principal do império do Anticristo. É interessante notar que, em Daniel, capítulo 7, lemos que três dos dez chifres que representam reis de nações, serão conquistados pelo Anticristo durante sua ascensão ao poder. Daniel escreve: “Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; … e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros.” (Daniel 7:8,20).
O Anticristo, que é o chifre pequeno, aparece na cena política no Oriente Médio e conquista três dos primeiros chifres (reis). Será que estes três reis são os reis da Síria, Irã e Iraque já que estes são os três reinos que formam o corpo da besta em Apocalipse 13:2? Eu acredito que este é um cenário muito possível porque a atual evolução no Oriente Médio aponta para a Síria, o Irã e o Iraque como os principais jogadores no futuro do Oriente Médio. A Síria e o Irã estão se tornando aliados políticos e militares. O Iraque não está longe de tornar-se uma nação estável na região e o Irã se propõe a ajudar o Iraque a ter mais influência na região depois que os EUA retirarem suas tropas da nação.
o-dragao-a-besta-que-emerge-do-mar-e-a-besta-de-emerge-da-terraAté agora, temos coberto a Síria, o Irã e o Iraque, como os reinos que formam o corpo da besta em Apocalipse 13:2. Estamos indo agora para expandir-se no fato de que o Anticristo virá do Oriente Médio e descobrir de onde no Oriente Médio, ele virá com base no texto bíblico. Em Apocalipse, capítulo 13, João descreve outra característica física da besta que Daniel não foi capaz de descrever. João escreve: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia.” (Apocalipse 13:1). A besta tem sete cabeças. Em Apocalipse, capítulo 17, nos é dito que as sete cabeças representam: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria:as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.” (Apocalipse 17:9-10).
As sete cabeças da besta representam sete montanhas e sete reis ou reinos. Em Jeremias, lemos: “Pagarei, ante os vossos próprios olhos, à Babilônia e a todos os moradores da Caldéia toda a maldade que fizeram em Sião, diz o SENHOR. Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o SENHOR, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas.” (Jeremias 51: 24-25).
Nesta passagem, o Império Babilônico é comparada a uma montanha. Os sete reinos da montanha que João vê como as cabeças da besta são:
1 Egito
2 Assíria
3 Babylon
4 Medo – Pérsia
5 Grécia
Estes são os cinco que tinham caído quando o anjo estava explicando o significado das sete cabeças para João.
6 Roma
Isso é o que era (é), quando João estava recebendo a visão.
7 Otomano
Este é o que tinha de continuar por um curto período de tempo. A divisão do império romano em duas seções conhecidas como, Oriente e Ocidente. O Império Romano do Ocidente durou até 476 dC. O Império Romano do Oriente durou até cerca de 1453 dC, quando ele finalmente caiu pelo Califado Islâmico dos turcos otomanos. O sétimo reino que iria continuar por um curto espaço seria o império otomano. O Império Otomano caiu com a Primeira Guerra Mundial, com a assinatura do Armistício de Mudros, em 30 de outubro de 1918. Este foi seguido, 13 dias mais tarde, com a ocupação de Istambul. Sob os termos do Tratado de Sèvres, o Império Otomano perdeu seus territórios do Oriente Médio, que se tornaram mandatos da Grã-Bretanha e da França.
Com exceção da parte ocidental dos impérios grego e romano, o Oriente Médio foi a principal região geográfica que estava sob o domínio dos outros cinco reinos, acima mencionados. Baseado neste fato, concluímos que o Anticristo virá do Oriente Médio, não da Europa Ocidental, como muitos ensinam. Em Apocalipse, capítulo 13, também lemos: “Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;” (Apocalipse 13:3).
Uma das cabeças da besta, que representa um reino do passado, parece sofrer um ferimento fatal, a ponto de morte, mas essa ferida fatal fica curada perto do período da Tribulação fazendo com que o mundo inteiro se maravilhe, seguindo a besta. O único dos sete reinos mencionados acima, que foi ferido de morte foi a Assíria. Os outros seis reinos ainda existem hoje na forma de nações como se segue:
Império egípcio como o Egito
Império babilônico como o Iraque
Império Medo-Persa como o Irã e o Curdistão
Império grego como a Macedônia, a Síria e outros setores do Oriente Médio da dinastia selêucida
Império Romano como a Europa, na maior parte
Império Otomano como a Turquia
O fato de que a ferida mortal fica curada sugere que a Assíria vai voltar no futuro, como um reino que irá trazer o Anticristo. Isto é interessante porque em Apocalipse, capítulo 17, lemos: “E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição.” (Apocalipse 17:11).
O animal era um dos sete reinos, não foi durante o tempo em que João estava escrevendo e se torna o oitavo reino para ir para a destruição durante a Tribulação. Como a Assíria está curada da ferida mortal, ele terá uma dupla existência fazendo com que seja um dos sete e será o oitavo. Temos que tomar conhecimento do fato de que a palavra ‘besta‘ refere-se principalmente a um reino, e não à uma pessoa. Este fato pode ser visto em Daniel, capítulo 7, como os quatro animais que se erguem do mar representam quatro reinos ou impérios, não quatro pessoas. Mas pode um império bestial levantar dos mortos: Isto é o que diz o Apocalipse a respeito de uma besta (reino) levantar dos mortos: “Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta quesurge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará,” (Apocalipse 11:7).
a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição.” (Apocalipse 17: 8).
Os dois versículos acima dizem que a besta vai subir do abismo. A palavra grega traduzida comopoço sem fundo é a palavra abussos e se refere a um poço muito profundo ou abismo nas partes mais baixas da terra usada como o receptáculo comum dos mortos e, especialmente, como a morada dos demônios, de acordo com a definição da Strong. Em Lucas, capítulo 8, lemos: “Perguntou- lhe Jesus:Qual é o teu nome? Respondeu ele:Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios. Rogavam- lhe que não os mandasse sair para o abismo.” (Lucas 8:30-31).
Nesta passagem Jesus está expulsando os demônios de um homem. Os demônios pedem a Jesus para não enviá-los para o abismo. A palavra grega traduzida como abismo nesta passagem é a mesma palavra grega traduzida como abismo no Apocalipse. Não estariam as passagens do Apocalipse parecerem estar se referindo a um demônio subindo do abismo e não ao reino da Assíria, desde queabussos é a morada de demônios? É muito comum nas Escrituras encontrar um demônio como a força por trás de um reino. Em Daniel lemos que ambos os reinos da Grécia e da Pérsia tinham uma entidade demoníaca por trás deles: “Então, me disse:Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar- te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar- me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. … E ele disse:Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia. Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe.” (Daniel 10:12-13,20-21).
Nesta passagem, lemos sobre um ser celestial que veio para dizer a Daniel que suas orações seriam respondidas. Então o ser celeste passa a explicar que ele levou 21 dias para chegar até Daniel porque uma entidade demoníaca chamada de “o príncipe do reino da Pérsia” tinha-lhe resistido ao ponto de ter que o Arcanjo Miguel vir e ajudá-lo a enfrentar o príncipe demoníaco da Pérsia. Até o final do versículo 21, o ser celestial diz a Daniel que ele ainda tem que lutar contra a vinda do príncipe demoníaco da Grécia. Esta passagem nos mostra que os reinos dos homens têm forças demoníacas que operam nos bastidores e as passagens do Apocalipse, de fato, podem estar se referindo ao poder demoníaco que estava por trás do império assírio, como ascendendo a partir do poço sem fundo, para mais uma vez ser o poder por trás do ressuscitado reino assírio.
Sueño-Nabucodonosor-DanielComo a Assíria deixou de existir como um reino por volta de 2600 anos atrás, o seu príncipe demoníaco foi confinado ao abismo, mas como a Assíria levanta dos mortos, a entidade demoníaca que foi a força motriz por trás da Assíria nos tempos antigos subirá do abismo para ser a força motriz por trás da Assíria novamente, no fim dos tempos. Lemos que o poço do abismo será aberto em Apocalipse, capítulo 9, liberando muitas criaturas demoníacas sobre a terra. A entidade demoníaca que era a força por trás da antiga Assíria pode ser lançada na época para dar apoio sobrenatural para a uma nova nação chamada de Assíria. Isso não quer dizer que o próprio Anticristo será o anjo caído que sobe do abismo, como alguns têm ensinado. O Anticristo será um homem, pois ele é chamado de: o homem do pecado (2 Ts 2:3). Assim como os reis da Pérsia e da Grécia eram homens que tinham o apoio de criaturas demoníacas, o Anticristo também será um homem que terá o apoio da entidade demoníaca que foi e será a força motriz da Assíria.
Nós, que estudamos as profecias sabemos que, com exceção do estado eterno mencionado em Apocalipse, capítulos 21 e 22, não há nada de novo no livro de Apocalipse que não foi mencionado pelos profetas do Antigo Testamento. Se o livro de Apocalipse aponta para um reino assírio no fim dos tempos como a nação do Oriente Médio, de onde o Anticristo virá, os profetas do Antigo Testamento devem ter tido algo a dizer sobre a conexão assíria no final dos tempos. De fato, os profetas Isaías e Miquéias tinham um monte de informações para darem sobre o Anticristo, como o assírio, e vamos dar uma olhada mais de perto nessas passagens.
Antes de examinar o texto bíblico a respeito do Anticristo como que vindo da Assíria, deixe-me primeiro apontar que muitos bons estudiosos das profecias acreditam que o termo “assírio” pode não estar se referindo a uma nação assíria literal para vir a se tornar um Estado independente no futuro, mas para a área geral dominada pelo império assírio. As nações modernas que ocupam a área geográfica do antigo império assírio incluem: Turquia, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irã Ocidental.
De acordo com este ponto de vista, o anticristo poderia ser de qualquer um desses países mencionados acima. Aqueles que acreditam que o Anticristo virá de um ponto da Turquia, apontam para Ezequiel, capítulo 38, que menciona Gog da terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal. Eles conectam Gog com o Anticristo e dizem que a palavra Gog vem da palavra Giges em Lydia e refere-se ao oeste da Ásia Menor, a Turquia. A visão mais popular sobre Ezequiel, capítulo 38, é a de que Gog é um título, assim como Faraó, César, ou Czar e que, Gog, é o líder da terra de Magog, que foi chamado Scythia pelos gregos de acordo com Josephus. Scythia era uma nação localizada ao norte dos mares Negro e Cáspio e é geograficamente conhecido hoje como o sul da Rússia.
Aqueles que acreditam que o Anticristo virá do Líbano, apontam para Ezequiel, capítulo 28, onde lemos sobre o juízo de Deus sobre o príncipe de Tiro para fazer a si mesmo como Deus. A figura histórica referida em Ezequiel, capítulo 28, é Ethbaal que era o príncipe de Tiro durante o tempo de Ezequiel e alguns acreditam que ele era um tipo do Anticristo, porque ele também irá anunciar ser Deus (2 Tessalonicenses 2:4).
Alguns acreditam que o Anticristo virá da Jordânia, pois a área da Jordânia moderna estava sob o domínio assírio, embora não haja referências bíblicas que apontem para um Anticristo Jordaniano. De fato, vemos o oposto em Daniel 11:40-45, onde lemos que Edom, Moabe e os filhos de Amom, que foram localizados na região da atual Jordânia escaparam da mão do Anticristo durante sua conquista militar do Oriente Médio.
Aqueles que acreditam que o Anticristo virá da Síria dizem que ele é o rei do norte de Daniel 11:40. O rei do norte em Daniel, capítulo 11, é sempre uma referência para a Síria. A visão mais popular é que o rei do norte não é o Anticristo, mas o rei da Síria, que luta contra o Anticristo juntamente com o Egito, o rei do sul durante a sua conquista militar do Oriente Médio. Eu prefiro o último ponto de vista, porque, como vimos acima, a Síria pode ser um dos três reis a serem conquistados por ele durante sua ascensão ao poder e, em seguida, passa a fazer parte da descrição física da besta em Apocalipse 13:2, como simbolizado pela leopardo.
Aqueles que, como eu, acreditam que ele virá do Iraque, apontam para Isaías 14:4, onde o Anticristo é chamado de “o rei da Babilônia” e Isaías 10:12, onde ele é chamado de “o rei da Assíria”. No que diz respeito a questão do Irã, não encontramos nenhuma referência bíblica que aponte para um Anticristo Iraniano. Eu, pessoalmente, acredito que quando a Bíblia chama de Anticristo “a Assíria”, ele está se referindo a ele como sendo de uma nação assíria literalmente renascida no futuro e vou explicar o porquê.
Em Miquéias, lemos: “E tu, Belém- Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra. Este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Estes consumirão a terra da Assíria à espada e a terra de Ninrode, dentro de suas próprias portas. Assim, nos livrará da Assíria, quando esta vier à nossa terra e pisar os nossos limites.” (Miquéias 5:2-6).
No versículo 2, lemos sobre o nascimento de Jesus em Belém. No versículo 5, lemos que este homem, Jesus, que nasceu em Belém será a paz dos judeus, quando a Assíria invadir Israel. No final do versículo 5 e no início do versículo 6, lemos que Israel vai levantar sete pastores e oito príncipes dentre os homens, provavelmente uma referência para os líderes políticos e militares israelenses que vão consumir a terra da Assíria à espada (poder militar), e a terra de Ninrode. Veja Zacarias 12:6. Então, no final do versículo 6, lemos que ele (o homem nascido em Belém) vai libertar Israel da Assíria, quando ele entra nas fronteiras israelenses.
Observe que Jesus vai libertar Israel da Assíria, que vem da terra de Nimrod. A terra de Nimrod era estabelecida na terra de Sinar. Em Gênesis, lemos: “Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser poderoso na terra. Foi valente caçador diante do SENHOR; daí dizer- se:Como Ninrode, poderoso caçador diante do SENHOR. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Daquela terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote- Ir e Calá. E, entre Nínive e Calá, a grande cidade de Resém.” (Gênesis 10: 8-12).
Note-se que o início do reino de Nimrod foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Então, da terra saiu Assur (hebraico para Assíria) e edificou Nínive, a cidade Reobote e Calá, e Resém entre Nínive e Calá. Todas essas cidades foram estabelecidos na terra de Sinar, também conhecida como o país da Babilônia que é a área geral do atual Iraque. Nínive, que mais tarde tornou-se a capital da Assíria ainda hoje existe e está localizado perto da cidade de Mosul, no norte do Iraque. Micah saiu do seu caminho para nos informar que o Anticristo será, etnicamente, um assírio que vai surgir na região da antiga Assíria e Babilônia, também chamado de terra de Sinar, hoje conhecida como o Iraque. É interessante notar que 8% da população do Norte do Iraque é Assíria e eles estão trabalhando muito duro em direção de terem um estado independente assírio no Iraque.
Se a Assíria se tornar uma nação independente no futuro, ela poderia muito bem se encaixar na descrição do chifre pequeno de Daniel 7:20-24. É interessante notar que o próprio Deus menciona a Assíria como uma nação existente durante o Milênio: “Naquele dia, haverá estrada do Egito até à Assíria, os assírios irão ao Egito, e os egípcios, à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra; porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo:Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.” (Isaías 19:23-25).
Para a Assíria entrar no Milênio como uma nação, primeiro ela deve renascer, antes do início do Milênio.
Ele começa a fazer sentido para mim quando Isaías chama o Anticristo de “o rei de Babilônia” em Isaías 14:4 e de “o assírio” em Isaías 14:25. Ele será um assírio que se levanta de um estado recém-renascido, chamado Assíria, no Iraque e, eventualmente, torna-se o rei de Babilônia quando ele conquista o Iraque como um dos três reis que caem diante dele, que então se torna uma das nações que são descritas na descrição física da besta em Apocalipse 13:2. O Iraque é a Babilônia, que é simbolizada pelo leão na descrição da besta. Mas o que acontece com o título de “príncipe de Tiro”? Isso não faz dele um libanês? Se Ezequiel estava realmente referindo-se ao Anticristo, como o príncipe de Tiro, a única explicação plausível que posso dar é esta: O Anticristo vai se tornar ambos, tanto o rei da Babilônia quanto o rei de Tiro, quando ele conquista o Iraque e o Líbano e torna a capital comercial destas nações, parte do seu reino, mas o que não o exclui de ser etnicamente um assírio que sobe deuma nação renascida recém-assíria no Oriente Médio, o que provavelmente irá ter lugar dentro da região do Iraque.
Isaías também se referiu a ele como o assírio. Em Isaías 30, lemos algo muito interessante: “O SENHOR fará ouvir a sua voz majestosa e fará ver o golpe do seu braço, que desce com indignação de ira, no meio de chamas devoradoras, de chuvas torrenciais, de tempestades e de pedra de saraiva. Porque com a voz do SENHOR será apavorada a Assíria, quando ele a fere com a vara.” (Isaías 30:30-31).
Este versículo diz que o assírio será destruído pela voz do Senhor. Poderia ser isso o que Paulo tinha em mente quando escreveu? “Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. … então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.” (2 Tessalonicenses 2:3-4,8).
Aqui, Paulo diz que o Anticristo será destruído pelo sopro da boca do Senhor, assim como Isaías escreveu que pela voz do Senhor será o assírio destruído. Embora Paulo e Isaías usem termos diferentes, a idéia é a mesma.
Em Daniel, lemos: “e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros.” (Daniel 7:20).
E em Isaías lemos: “Por isso, acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então, castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos; porquanto o rei disse:Com o poder da minha mão, fiz isto, e com a minha sabedoria, porque sou inteligente; removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos.” (Isaías 10:12-13).
Este rei da Assíria fala arrogantemente, tem uma desmedida altivez dos seus olhos e é muito intrépido (se sente muito bem sobre si mesmo) como a figura mencionada em Daniel. Aqueles que pensam que Isaías, capítulo 10, estava se referindo da volta do rei da Assíria, dos tempos de Isaías, sugiro a leitura de Isaías, capítulos 10 e 11, sem olhar para divisão de capítulo. Irá notar que ambos os capítulos estão conectados, terminando com o reino milenar de Cristo e da salvação de Israel pela mão do Senhor.
Alguns podem objetar a visão de que o Anticristo será de origem assíria por causa de um verso encontrado em Daniel 9: “e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.” (Dan 9:26b).
O povo do príncipe que há de vir, que destruiu a cidade (Jerusalém) e o santuário (O Segundo Templo) foram os romanos. Com base neste versículo, muitos concluem que o príncipe (o Anticristo) será de origem romana. Alguns até acreditam que ele será um italiano, mas a opinião geral é de que ele virá do Ocidente. O problema é que Roma nos tempos antigos era um império, e não apenas uma cidade. Na verdade, algumas das legiões romanas estavam localizadas em áreas conhecidas hoje como a Síria, o Líbano, a Jordânia e o Iraque, por isso, é plausível concluir que os soldados romanos que estavam envolvidos na destruição do Segundo Templo eram de ascendência árabe e assíria.
Conclusão
Muitos bons estudantes de profecias ao longo dos séculos ensinaram que a besta do Apocalipse, capítulo 13, refere-se a um império romano restaurado nos últimos dias e que a União Europeia seria o reino profetizado do Anticristo. Muitos bons estudantes de profecias ainda ensinam isso hoje e confesso que eu também acreditava na mesma coisa há algum tempo. Mas, quando vamos olhar mais de perto a descrição física da besta do Apocalipse, capítulo 13, vemos que os animais descritos apontam para os antigos reinos do Oriente Médio que seriam ressuscitados na forma de nações para tornarem-se a base política do Anticristo. Estes animais descritos no Apocalipse não podem estar apontando para um anticristo Europeu se vamos tomar o texto bíblico, literalmente, quando estamos a comparar a visão de Daniel dos animais com a visão de João da besta final.
Deus te abençoe!
** { Nota do Tradutor: também recomendo a leitura do material criado pelo Moacir R. S. Junior que apresenta parte do que é abordado aqui de maneira gráfica, o link desse material está aqui. }
Fonte: DVCcorp

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

os filhos de Deus e os ``filhosdos homens"


A interpretação de que os “filhos de Deus” que aparecem em Gênesis 6 seriam o... continue lendo

Jeová é o nome de Deus? leia a materia é saiba!

Deus tem nome 2_thumb
[forma causativa, no imperfeito, do verbo hebr. ha‧wáh (vir a ser; tornar-se); significando: “Ele Causa que Venha a Ser”].
O nome pessoal de Deus. (Is 42:8; 54:5) Embora as Escrituras o designem por títulos descritivos, tais como “Deus”, “Soberano Senhor”, “Criador”, “Pai”, “o Todo-poderoso” e “o Altíssimo”, a sua personalidade e os seus atributos — quem e o que Ele é — são plenamente resumidos e expressos apenas por este nome pessoal. — Sal 83:18.
A Pronúncia Correta do Nome Divino. “Jeová” é a pronúncia mais conhecida do nome divino, em português, embora a maioria dos hebraístas seja a favor de “Javé” (ou “Iahweh”). Os manuscritos hebraicos mais antigos apresentam este nome na forma de quatro consoantes, comumente chamadas de Tetragrama (do grego te‧tra-, que significa “quatro”, e grám‧ma, “letra”). Estas quatro letras (escritas da direita para a esquerda) são הוהי e podem ser transliteradas em português como YHWH (IHVH, ou JHVH).
As consoantes hebraicas do nome, portanto, são conhecidas. A questão é: Quais são as vogais que devem ser combinadas com as consoantes? Sinais vocálicos só vieram a ser utilizados no hebraico na segunda metade do primeiro milênio EC. (Veja HEBRAICO [Alfabeto e Escrita Hebraicos].) Além disso, devido a uma superstição religiosa que teve início séculos antes, os sinais vocálicos encontrados em manuscritos hebraicos não nos fornecem a chave para determinar que vogais devem aparecer no nome divino.
Superstição oculta o nome. Em determinado período, surgiu entre os judeus uma idéia supersticiosa, de que era errado até mesmo pronunciar o nome divino (representado pelo Tetragrama). Não se sabe exatamente em que se baseou originalmente a descontinuidade do uso deste nome. Alguns sustentam que o nome era considerado sagrado demais para ser proferido por lábios imperfeitos. Todavia, as próprias Escrituras Hebraicas não apresentam nenhuma evidência de que quaisquer dos verdadeiros servos de Deus alguma vez hesitassem em proferir o nome Dele. Documentos hebraicos não-bíblicos, tais como as chamadas Cartas de Laquis, mostram que o nome era usado na correspondência comum na Palestina na última parte do sétimo século AEC.
Outro conceito sustenta que se pretendia impedir que povos não-judaicos conhecessem o nome e possivelmente o usassem mal. Todavia, o próprio Jeová disse que faria com que ‘seu nome fosse declarado em toda a terra’ (Êx 9:16; compare isso com 1Cr 16:23, 24; Sal 113:3; Mal 1:11, 14), para ser conhecido até mesmo aos seus adversários. (Is 64:2) De fato, o nome era conhecido e usado por nações pagãs tanto antes da Era Comum como nos primeiros séculos dela. (The Jewish Encyclopedia [A Enciclopédia Judaica], 1976, Vol. XII, p. 119) Outra alegação é que o objetivo era proteger o nome contra o uso em ritos mágicos. Neste caso, trata-se de raciocínio fraco, pois é óbvio que, quanto mais misterioso se tornasse o nome por falta de uso, tanto mais serviria para os objetivos dos praticantes da magia.
Quando se arraigou essa superstição? Assim como não se tem certeza do motivo ou motivos originalmente apresentados para se descontinuar a usar o nome divino, assim também há muita incerteza quanto à época em que tal conceito supersticioso realmente se arraigou. Alguns afirmam que começou após o exílio babilônico (607-537 AEC). Esta teoria, porém, baseia-se numa suposta redução do uso do nome por parte de escritores posteriores das Escrituras Hebraicas, conceito este que um exame mais detido mostra inválido. Malaquias, por exemplo, foi evidentemente um dos últimos livros das Escrituras Hebraicas a ser escrito (na última metade do quinto século AEC), e dá grande destaque ao nome divino.
Muitas obras de referência sugerem que o nome deixou de ser usado por volta de 300 AEC. Evidência para esta data foi supostamente encontrada na ausência do Tetragrama (ou de uma transliteração dele) na tradução Septuaginta grega das Escrituras Hebraicas, iniciada por volta de 280 AEC. É verdade que as cópias mais completas dos manuscritos da Septuaginta agora conhecidas seguem uniformemente o costume de substituir o Tetragrama pelas palavras gregas Ký‧rios (Senhor) ou The‧ós (Deus). Estes manuscritos principais, porém, remontam apenas ao quarto e ao quinto séculos EC. Descobriram-se recentemente cópias mais antigas, embora em forma fragmentária, que provam que as cópias mais antigas da Septuaginta continham deveras o nome divino.
Uma delas são os restos fragmentários dum rolo de papiro duma parte de Deuteronômio, alistado como P. Fouad Inventário N.° 266. (FOTO, Vol. 1, p. 230) Apresenta regularmente o Tetragrama, escrito em caracteres hebraicos quadrados, em cada ocorrência no texto hebraico traduzido. Os peritos datam este papiro como do primeiro século AEC, e neste caso foi escrito quatro ou cinco séculos antes dos manuscritos já mencionados. — Veja o apêndice da NM, pp. 1502-1504.
Quando foi que os judeus, em geral, realmente pararam de pronunciar o nome pessoal de Deus?
Assim, pelo menos em forma escrita, não existe evidência sólida de qualquer desaparecimento ou desuso do nome divino no período AEC. No primeiro século EC, surge pela primeira vez alguma evidência duma atitude supersticiosa para com esse nome. Josefo, historiador judeu que descendia duma família sacerdotal, ao narrar a revelação que Deus forneceu a Moisés no local do espinheiro ardente, diz: “Então, Deus lhe revelou Seu nome, que antes disso não tinha chegado aos ouvidos dos homens, e sobre o qual estou proibido de falar.” (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], II, 276 [xii, 4]) No entanto, a declaração de Josefo, além de ser inexata quanto a se conhecer o nome divino antes de Moisés, é vaga e não revela de forma clara exatamente qual era a atitude geral prevalecente no primeiro século quanto a se pronunciar ou empregar o nome divino.
A Míxena judaica, uma coleção de ensinos e de tradições rabínicos, é um tanto mais explícita. Credita-se sua compilação ao rabino Judá, o Príncipe, que viveu no segundo e no terceiro séculos EC. Parte da matéria da Míxena relaciona-se claramente às circunstâncias anteriores à destruição de Jerusalém e do seu templo, em 70 EC. No entanto, certo perito diz a respeito da Míxena: “É extremamente difícil decidir que valor histórico devemos atribuir a qualquer tradição registrada na Míxena. O espaço de tempo, que talvez tenha contribuído para obscurecer ou distorcer as lembranças de épocas tão diferentes; as sublevações políticas, as mudanças e as confusões resultantes de duas rebeliões e de duas conquistas romanas; os padrões prezados pelo partido dos fariseus (cujas opiniões a Míxena registra), que não eram os do partido dos saduceus . . . — estes são fatores a que se deve dar o devido peso na avaliação do caráter das declarações da Míxena. Além disso, há muita coisa no conteúdo da Míxena que se encontra num ambiente de discussão acadêmica travada só pela discussão, (conforme parece) com pouca pretensão de registrar usos históricos.” (The Mishnah [A Míxena], traduzida para o inglês por H. Danby, Londres, 1954, pp. xiv, xv) Algumas das tradições da Míxena referentes à pronúncia do nome divino são como segue:
Relacionado com o anual Dia da Expiação, a tradução da Míxena por Danby declara: “E quando os sacerdotes e o povo, que estavam de pé no Pátio do Templo, ouviam o Nome Expresso sair da boca do Sumo Sacerdote, costumavam ajoelhar-se, e curvar-se, e prostrar-se, e dizer: ‘Bendito seja o nome da glória do seu reino para todo o sempre!’” (Yoma 6:2) A respeito das bênçãos sacerdotais diárias, Sotah 7:6, diz: “No Templo, eles pronunciavam o Nome assim como estava escrito, mas, nas províncias, usavam uma palavra substituta.” Sanhedrin 7:5, declara que o blasfemador não era culpado ‘a menos que tivesse pronunciado o Nome’, e que, num julgamento que envolvesse uma acusação de blasfêmia, usava-se um nome substituto até que toda a evidência tivesse sido ouvida; daí, pedia-se em particular à testemunha principal que ‘dissesse expressamente o que ouvira’, presumivelmente usando o nome divino. Sanhedrin 10:1, ao alistar aqueles “que não têm parte no mundo vindouro”, declara: “Abba Saul diz: Também aquele que pronunciar o Nome com as suas letras corretas.” Todavia, apesar destes conceitos negativos, encontramos também, na primeira seção da Míxena, a injunção positiva de que “o homem deve cumprimentar seu próximo com [o emprego de] o Nome [de Deus]”, citando-se então o exemplo de Boaz (Ru 2:4). — Berakhot, 9:5.
Estes conceitos tradicionais, encarados pelo que possam valer, talvez revelem uma tendência supersticiosa de evitar o uso do nome divino algum tempo antes de o templo de Jerusalém ser destruído em 70 EC. Mesmo então, diz-se explicitamente que eram primariamente os sacerdotes que usavam um nome substituto para o nome divino, e isso apenas nas províncias. Adicionalmente, o valor histórico das tradições da Míxena é questionável, conforme vimos.
Não existe, portanto, nenhuma base genuína para se atribuir a qualquer época anterior ao primeiro e ao segundo séculos EC o desenvolvimento do conceito supersticioso que exigia a descontinuação do uso do nome divino. Chegou deveras a época, contudo, em que, ao fazer a leitura das Escrituras Hebraicas na língua original, o leitor judeu, em vez de pronunciar o nome divino, representado pelo Tetragrama, o substituía por ’Adho‧naí (Soberano Senhor) ou por ’Elo‧hím (Deus). Nota-se isto no fato de que, quando os sinais vocálicos passaram a ser empregados, na segunda metade do primeiro milênio EC, os copistas judeus inseriram no Tetragrama os sinais vocálicos quer de ’Adho‧naí, quer de ’Elo‧hím, evidentemente para alertar o leitor a proferir essas palavras, em lugar de pronunciar o nome divino. Caso ele estivesse usando a tradução Septuaginta grega das Escrituras Hebraicas em cópias posteriores, o leitor, naturalmente, encontraria o Tetragrama já inteiramente substituído por Ký‧rios e The‧ós. — Veja SENHOR.
Traduções para outras línguas, tais como a Vulgata latina, seguiram o exemplo destas cópias posteriores da Septuaginta grega. A versão católica de Antônio Pereira de Figueiredo (originalmente de 1778-1790), baseada na Vulgata latina, por isso, não traz o nome divino no texto principal, ao passo que a Trinitariana e a versão Matos Soares empregam Senhor ou Deus (às vezes todo em maiúsculas) para representar o Tetragrama nas Escrituras Hebraicas.
Qual é a pronúncia correta do nome de Deus?
Na segunda metade do primeiro milênio EC, peritos judeus introduziram um sistema de sinais para representar as vogais ausentes no texto consonantal hebraico. Com referência ao nome de Deus, em vez de inserir os sinais vocálicos corretos dele, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer ’Adho‧naí (que significa “Soberano Senhor”) ou ’Elo‧hím (que significa “Deus”).
O Códice Leningrado B 19A, do século 11 EC, tem no Tetragrama os sinais vocálicos para rezar Yehwáh, Yehwíh e Yeho‧wáh. A edição de Ginsburg do texto massorético tem no nome divino sinais vocálicos para que reze Yeho‧wáh. (Gên 3:14 n) Os hebraístas em geral são a favor de “Yahweh” (Iahweh, ou Javé, em Bíblias católicas) como a pronúncia mais provável. Salientam que a forma abreviada do nome é Yah (Jah, na forma latinizada), como no Salmo 89:8 e na expressão Ha‧lelu-Yáh (que significa “Louvai a Jah!”). (Sal 104:35; 150:1, 6) Também as formas Yehóh, Yoh, Yah e Yá‧hu, encontradas na grafia hebraica dos nomes Jeosafá, Josafá, Sefatias e outros, podem todas ser derivadas de Yahweh. As transliterações gregas feitas pelos primitivos escritores cristãos indicam uma direção algo similar por usar grafias tais como I‧a‧bé e I‧a‧ou‧é, as quais, conforme pronunciadas em grego, se assemelham a Yahweh (Iahweh). Ainda assim, de modo algum há unanimidade sobre o assunto entre os peritos, sendo alguns a favor de ainda outras pronúncias, tais como “Yahuwa”, “Yahuah” ou “Yehuah”.
Visto que, atualmente, não se pode ter certeza absoluta da pronúncia, parece não haver nenhum motivo para abandonar, em português, a forma bem conhecida, “Jeová”, em favor de outra pronúncia sugerida. Se tal mudança fosse feita, então, a bem da coerência, deviam ser feitas alterações na grafia e na pronúncia de uma infinidade de outros nomes encontrados nas Escrituras: Jeremias seria mudado para Yir‧meyáh, Isaías se tornaria Yesha‛‧yá‧hu, e Jesus seria ou Yehoh‧shú‧a‛ (como no hebraico), ou I‧e‧soús (como no grego). O objetivo das palavras é transmitir idéias; em português, o nome Jeová identifica o verdadeiro Deus, transmitindo esta idéia mais satisfatoriamente, hoje em dia, do que qualquer dos substitutos sugeridos.
Importância do Nome. Muitos peritos e tradutores atuais da Bíblia advogam que se siga a tradição de eliminar o nome distintivo de Deus. Não só alegam que a incerteza a respeito da pronúncia do nome justifica tal proceder, mas também sustentam que a supremacia e a existência ímpar do verdadeiro Deus tornam desnecessário que Ele tenha um nome específico. Tal conceito não encontra respaldo nas Escrituras inspiradas, quer nas dos tempos pré-cristãos, quer nas Escrituras Gregas Cristãs.
O Tetragrama ocorre 6.828 vezes no texto hebraico da Biblia Hebraica e da Biblia Hebraica Stuttgartensia. Nas Escrituras Hebraicas, a Tradução do Novo Mundo contém o nome divino 6.973 vezes, porque os tradutores, entre outras coisas, levaram em conta que, em alguns lugares, os escribas haviam substituído o nome divino com ’Adho‧naí ou ’Elo‧hím. (Veja o apêndice na NM, pp. 1501, 1502.) A própria freqüência do aparecimento do nome atesta sua importância para o Autor da Bíblia, que leva este nome. Seu uso em todas as Escrituras ultrapassa em muito o de quaisquer títulos, tais como “Soberano Senhor” ou “Deus”, aplicados a Ele.
Digno de nota, também, é a importância atribuída aos próprios nomes nas Escrituras Hebraicas e entre os povos semíticos. O professor G. T. Manley indica: “Um estudo da palavra ‘nome’ no V[elho] T[estamento] revela o quanto esta palavra significa em hebraico. O nome não é simples rótulo, mas é representativo da verdadeira personalidade daquele a quem pertence. . . . Quando uma pessoa coloca seu ‘nome’ numa coisa ou em outra pessoa, esta passa a ficar sob sua influência e proteção.” — New Bible Dictionary (Novo Dicionário da Bíblia), editado por J. D. Douglas, 1985, p. 430; compare isso com Everyman’s Talmud (O Talmude de Todos), de A. Cohen, 1949, p. 24; Gên 27:36; 1Sa 25:25; Sal 20:1; Pr 22:1; veja NOME.
“Deus” e “Pai” não são distintivos. O título “Deus” não é nem pessoal, nem distintivo (alguém pode até mesmo fazer de seu ventre um deus; Fil 3:19). Nas Escrituras Hebraicas, a mesma palavra (’Elo‧hím) é aplicada a Jeová, o verdadeiro Deus, e também a deuses falsos, tais como Dagom, o deus filisteu (Jz 16:23, 24; 1Sa 5:7) e Nisroque, deus assírio. (2Rs 19:37) Caso um hebreu dissesse a um filisteu ou a um assírio que ele adorava a “Deus [’Elo‧hím]” isso obviamente não bastaria para identificar a Pessoa à qual se dirigia sua adoração.
Nos artigos sobre Jeová, The Imperial Bible-Dictionary (O Dicionário Bíblico Imperial) ilustra belamente a diferença entre ’Elo‧hím (Deus) e Jeová. A respeito do nome Jeová, diz: “É, em toda a parte, um nome próprio, indicando o Deus pessoal, e somente ele; ao passo que Elohim assume mais o caráter de um substantivo comum, indicando, em geral, deveras, o Supremo, mas não necessária ou uniformemente. . . . O hebreu talvez diga o Elohim, o verdadeiro Deus, contrapondo-o a todos os deuses falsos; mas ele jamais diz o Jeová, pois Jeová é unicamente o nome do verdadeiro Deus. Ele diz, vez após vez, meu Deus . . .; mas jamais meu Jeová, pois quando ele diz meu Deus, quer dizer Jeová. Ele fala do Deus de Israel, mas jamais do Jeová de Israel, pois não existe nenhum outro Jeová. Ele fala do Deus vivo, mais jamais do Jeová vivo, pois só pode conceber Jeová como estando vivo.” — Editado por P. Fairbairn, Londres, 1874, Vol. I, p. 856.
O mesmo se aplica ao termo grego para Deus, The‧ós. Era aplicado tanto ao verdadeiro Deus como a deuses pagãos tais como Zeus e Hermes (os romanos Júpiter e Mercúrio). (Veja At 14:11-15.) A situação real é enfocada pelas palavras de Paulo em 1 Coríntios 8:4-6: “Pois, embora haja os que se chamem ‘deuses’, quer no céu, quer na terra, assim como há muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’, para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós para ele.” A crença em numerosos deuses, que torna essencial que o verdadeiro Deus seja diferençado de tais, continua até este século 20.
A referência de Paulo a “Deus, o Pai”, não significa que o nome do verdadeiro Deus seja “Pai”, pois a designação “pai” se aplica também a todo genitor varão humano e descreve homens em outros relacionamentos. (Ro 4:11, 16; 1Co 4:15) Ao Messias se dá o título de “Pai Eterno”. (Is 9:6) Jesus chamou a Satanás de “pai” de certos opositores assassinos. (Jo 8:44) O termo também era aplicado aos deuses das nações, representando-se o deus grego, Zeus, como o grande deus-pai na poesia homérica. Que “Deus, o Pai”, possui um nome, um que é diferente do nome do seu Filho, é indicado em numerosos textos. (Mt 28:19; Re 3:12; 14:1) Paulo conhecia o nome pessoal de Deus, Jeová, conforme encontrado no relato da criação, em Gênesis, que Paulo citou em seus escritos. Este nome, Jeová, distingue “Deus, o Pai” (veja Is 64:8), bloqueando assim qualquer tentativa de fundir ou misturar Sua identidade e pessoa com a de qualquer outro a quem o título “deus” ou “pai” possa ser aplicado.
Não um deus tribal. Jeová é chamado de o “Deus de Israel” e ‘o Deus de seus antepassados’. (1Cr 17:24; Êx 3:16) Todavia, esta associação íntima com os hebreus e com a nação israelita não dá motivos para se limitar tal nome ao de um deus tribal, como alguns têm feito. O apóstolo cristão, Paulo, escreveu: “É ele somente o Deus dos judeus? Não o é também de pessoas das nações? Sim, também de pessoas das nações.” (Ro 3:29) Jeová não é somente o “Deus de toda a terra” (Is 54:5), mas também é o Deus do universo, “Aquele que fez o céu e a terra”. (Sal 124:8) O pacto feito por Jeová com Abraão, cerca de 2.000 anos antes dos dias de Paulo, prometera bênçãos a pessoas de todas as nações, mostrando o interesse de Deus em toda a humanidade. — Gên 12:1-3; compare isso com At 10:34, 35; 11:18.
Jeová Deus, por fim, rejeitou a infiel nação do Israel carnal. Mas Seu nome havia de continuar entre a nova nação do Israel espiritual, a congregação cristã, mesmo quando essa nova nação começasse a abranger pessoas não-judias entre seus membros. Presidindo a uma assembléia cristã em Jerusalém, o discípulo Tiago falou, portanto, sobre Deus como tendo ‘voltado sua atenção para as nações [não-judias], a fim de tirar delas um povo para o seu nome’. Como prova de que isto fora predito, Tiago citou então uma profecia do livro de Amós, na qual o nome de Jeová aparece duas vezes. — At 15:2, 12-14; Am 9:11, 12.
Nas Escrituras Gregas Cristãs. Em vista desta evidência, parece bem incomum verificar que os exemplares existentes de manuscritos do texto original das Escrituras Gregas Cristãs não contenham o nome divino na sua forma plena. Por isso, o nome não consta também na maioria das traduções do chamado Novo Testamento. Todavia, este nome aparece nessas fontes na sua forma abreviada em Revelação (Apocalipse) 19:1, 3, 4, 6, na expressão “Aleluia” (Al, BJ, CBC, MC, PIB, So). A convocação registrada ali, como feita por filhos espirituais de Deus: “Louvai a Jah!” (NM) torna clara que o nome divino não era obsoleto; era tão vital e pertinente como no período pré-cristão. Então, por que a ausência da sua forma plena nas Escrituras Gregas Cristãs?
Por que não consta o nome divino, na sua forma plena, em nenhum manuscrito antigo disponível das Escrituras Gregas Cristãs?
O argumento apresentado por longo tempo era o de que os escritores inspirados das Escrituras Gregas Cristãs citaram as Escrituras Hebraicas à base da Septuaginta, e que, visto que esta versão substituíra o Tetragrama por Ký‧ri‧os ou The‧ós, esses escritores não empregaram o nome Jeová. Como se tem demonstrado, este argumento já não é mais válido. Comentando que os fragmentos mais antigos da Septuaginta grega deveras contêm o nome divino em sua forma hebraica, o Dr. P. Kahle diz: “Sabemos agora que o texto grego da Bíblia [a Septuaginta], no que tange a ter sido escrito por judeus para judeus, não traduziu o nome divino por kyrios, mas o Tetragrama escrito com letras hebraicas ou gregas foi retido em tais MSS [manuscritos]. Foram os cristãos que substituíram o Tetragrama por kyrios, quando o nome divino em letras hebraicas não era mais entendido.” (The Cairo Geniza [A Genizá do Cairo], Oxford, 1959, p. 222) Quando é que ocorreu esta mudança nas traduções gregas das Escrituras Hebraicas?
Evidentemente ocorreu nos séculos que se seguiram à morte de Jesus e de seus apóstolos. Na versão grega de Áquila, que data do segundo século EC, o Tetragrama ainda aparecia em caracteres hebraicos. Por volta de 245 EC, o famoso perito Orígenes produziu sua Hexapla, uma reprodução em seis colunas das inspiradas Escrituras Hebraicas: (1) no hebraico e aramaico original, acompanhado por (2) uma transliteração para o grego, e pelas versões gregas (3) de Áquila, (4) de Símaco, (5) da Septuaginta e (6) de Teodócio. À base da evidência das cópias fragmentárias agora conhecidas, o professor W. G. Waddell diz: “Na Hexapla de Orígenes . . . as versões gregas de Áquila, de Símaco, da LXX [Septuaginta], todas representaram JHVH [IHVH] por ΠΙΠΙ; na segunda coluna da Hexapla, o Tetragrama foi escrito em caracteres hebraicos.” (The Journal of Theological Studies [A Revista de Estudos Teológicos], Oxford, Vol. XLV, 1944, pp. 158, 159) Outros crêem que o texto original da Hexapla de Orígenes usava caracteres hebraicos para o Tetragrama em todas as suas colunas. O próprio Orígenes declarou que “nos manuscritos mais fiéis, O NOME está escrito em caracteres hebraicos, contudo, não nos [caracteres] hebraicos atuais, mas nos mais antigos”.
Ainda no quarto século EC, Jerônimo, o tradutor da Vulgata latina, diz no seu prólogo dos livros de Samuel e de Reis: “E encontramos o nome de Deus, o Tetragrama [i.e., הוהי], em certos volumes gregos mesmo hoje, expresso em letras antigas.” Numa carta escrita em Roma, em 384 EC, Jerônimo declara: “O nono [nome de Deus] é o Tetragrama, que eles consideravam [a‧nek‧fó‧ne‧ton], isto é, inefável, e se encontra escrito nestas letras: Iode, Hê, Vau, Hê. Certos ignorantes, devido à similaridade dos caracteres quando as encontravam nos livros gregos, estavam acostumados a ler ΠΙΠΙ [letras gregas que correspondiam às romanas PIPI].” — Papyrus Grecs Bibliques (Papiros Bíblicos Gregos), de F. Dunand, Cairo, 1966, p. 47, n. 4.
Portanto, os chamados “cristãos” que “substituíram o Tetragrama por kyrios” nas cópias da Septuaginta não foram os primitivos discípulos de Jesus. Foram pessoas de séculos posteriores, quando a predita apostasia já estava bem desenvolvida e havia corrompido a pureza dos ensinos cristãos. — 2Te 2:3; 1Ti 4:1.
Usado por Jesus e seus discípulos. Assim, nos dias de Jesus e de seus discípulos, o nome divino, definitivamente, aparecia em cópias das Escrituras, tanto em manuscritos hebraicos como em manuscritos gregos. Será que Jesus e seus discípulos empregavam o nome divino ao falarem ou escreverem? Em vista da condenação, por parte de Jesus, das tradições dos fariseus (Mt 15:1-9), seria muitíssimo desarrazoado concluir que Jesus e seus discípulos permitissem que as idéias farisaicas (tais como as registradas na Míxena) os governassem neste assunto. O próprio nome de Jesus significa “Jeová É Salvação”. Ele declarou: “Vim em nome de meu Pai” (Jo 5:43); ensinou seus seguidores a orar: “Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6:9); suas obras, disse ele, eram feitas “em nome de meu Pai” (Jo 10:25); e, em oração, na noite anterior à sua morte, disse que tinha tornado manifesto o nome de seu Pai a seus discípulos, e pediu: “Santo Pai, vigia sobre eles por causa do teu próprio nome” (Jo 17:6, 11, 12, 26). Em vista de tudo isto, quando Jesus citava as Escrituras Hebraicas, ou as lia, certamente empregava o nome divino, Jeová. (Compare Mt 4:4, 7, 10, com De 8:3; 6:16; 6:13; também Mt 22:37 com De 6:5; e Mt 22:44 com Sal 110:1; bem como Lu 4:16-21 com Is 61:1, 2.) Logicamente, os discípulos de Jesus, incluindo os escritores inspirados das Escrituras Gregas Cristãs, seguiriam o exemplo dele nisto.
Por que, então, não consta o nome nos manuscritos agora existentes das Escrituras Gregas Cristãs ou do chamado Novo Testamento? Evidentemente, porque na época em que essas cópias agora existentes foram feitas (a partir do terceiro século EC), o texto original dos escritos dos apóstolos e discípulos já havia sido alterado. De modo que copistas posteriores, sem dúvida, substituíram o nome divino na forma do Tetragrama por Ký‧ri‧os e The‧ós. (FOTO, Vol. 1, p. 228) Isto é precisamente o que os fatos mostram ter sido feito em cópias posteriores da tradução Septuaginta das Escrituras Hebraicas.
Restauração do nome divino em traduções. Reconhecendo que deve ter acontecido assim, alguns tradutores têm incluído o nome Jeová em sua versão das Escrituras Gregas Cristãs. The Emphatic Diaglott (A Diaglott Enfática), uma tradução do século 19, feita por Benjamin Wilson, contém diversas vezes o nome Jeová, especialmente quando os escritores cristãos citavam as Escrituras Hebraicas. Mas, já no século 14, o Tetragrama tinha passado a ser usado nas traduções das Escrituras Cristãs para o hebraico, a começar com a tradução de Mateus para o hebraico, incorporada na obra ’É‧ven bó‧hhan de Shem-Tob ben Isaac Ibn Shaprut. Sempre que Mateus citava as Escrituras Hebraicas, esta tradução usou o Tetragrama em cada ocorrência. Muitas outras traduções para o hebraico seguiram o mesmo costume desde então.
Quanto à correção deste proceder, observe a seguinte declaração feita por R. B. Girdlestone, ex-diretor de Wycliffe Hall, Oxford. Esta declaração foi feita antes de vir a lume a evidência de manuscritos de que a Septuaginta grega originalmente continha o nome Jeová. Disse ele: “Se esta versão [Septuaginta] retivesse a palavra [Jeová], ou mesmo tivesse usado uma palavra grega para Jeová e outra para Adonai, tal emprego, sem dúvida, teria sido retido nos discursos e nos argumentos do N. T. Assim, nosso Senhor, ao citar o Salmo 110, em vez de dizer: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor’, poderia ter dito: ‘Jeová disse a Adoni.’”
Prosseguindo nessa mesma base (que a evidência demonstra agora tratar-se de fato real), ele acrescenta: “Supondo que um perito cristão estivesse empenhado em traduzir o Testamento Grego para o hebraico, ele teria de considerar, cada vez que a palavra Κύριος ocorresse, se havia algo no contexto que indicasse o verdadeiro equivalente hebraico; e esta é a dificuldade que surgiria ao se traduzir o N. T. para todas as línguas, caso se permitisse a permanência do título Jeová [na tradução Septuaginta] no V. T. As Escrituras Hebraicas seriam um guia em muitos trechos: assim, sempre que ocorre a expressão ‘o anjo do Senhor’, sabemos que a palavra Senhor representa Jeová; chegaríamos a uma conclusão similar sobre a expressão ‘a palavra do Senhor’, se o precedente estabelecido no V. T. fosse seguido; o mesmo se daria também no caso do título ‘o Senhor dos Exércitos’. Inversamente, sempre que ocorre a expressão ‘Meu Senhor’ ou ‘Nosso Senhor’, devíamos saber que a palavra Jeová seria inadmissível, e teriam de ser usadas Adonai ou Adoni.” (Synonyms of the Old Testament [Sinônimos do Velho Testamento], 1897, p. 43) É nessa base que traduções das Escrituras Gregas (mencionadas antes) contêm o nome Jeová.
Notável, porém, neste respeito, é a Tradução do Novo Mundo, usada em toda esta obra, em que o nome divino, na forma de “Jeová”, aparece 237 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. Conforme se tem mostrado, existe base sólida para isto.
Emprego Inicial do Nome e Seu Significado. Êxodo 3:13-16 e 6:3 são freqüentemente mal aplicados como significando que o nome de Jeová foi revelado pela primeira vez a Moisés, algum tempo antes do Êxodo do Egito. Na verdade, Moisés suscitou a pergunta: “Suponhamos que eu vá ter com os filhos de Israel e deveras lhes diga: ‘O Deus de vossos antepassados enviou-me a vós’, e eles deveras me digam: ‘Qual é o seu nome?’ O que hei de dizer-lhes?” Isto, porém, não significa que ele ou os israelitas não conhecessem o nome de Jeová. O próprio nome da mãe de Moisés, Joquebede, significa “Jeová É Glória”. (Êx 6:20) A pergunta de Moisés provavelmente se relacionava com as circunstâncias em que se encontravam os filhos de Israel. Por muitas décadas, estiveram sujeitos à dura escravidão, sem nenhum sinal de qualquer alívio. A dúvida, o desânimo e a fraqueza na fé quanto ao poder e ao propósito de Deus de libertá-los, mui provavelmente se haviam infiltrado em suas fileiras. (Observe também Ez 20:7, 8.) Portanto, se Moisés dissesse que viera simplesmente em nome de “Deus” (’Elo‧hím) ou do “Soberano Senhor” (’Adho‧naí), isto talvez não significasse muito para os israelitas sofredores. Sabiam que os egípcios possuíam seus próprios deuses e senhores, e, sem dúvida, ouviam zombarias por parte dos egípcios, de que os deuses deles eram superiores ao Deus dos israelitas.
Ademais, devemos ter presente que os nomes naquele tempo possuíam verdadeiro significado, e não eram apenas “rótulos” para identificar a pessoa, como o são atualmente. Moisés sabia que o nome de Abrão (que significa “Pai É Enaltecido (Exaltado)”) foi mudado para Abraão (que significa “Pai Duma Multidão”), fazendo-se esta mudança devido ao propósito de Deus para com Abraão. Assim, também, o nome de Sarai foi mudado para Sara, e o de Jacó para Israel; em cada caso, a mudança revelava algo fundamental e profético a respeito do propósito de Deus para com eles. Moisés talvez se perguntasse se Jeová se revelaria então sob algum novo nome, de modo a lançar luz sobre o Seu propósito para com Israel. Dirigir-se Moisés aos israelitas em “nome” Daquele que o enviou significava que era o representante Dele, e a enorme autoridade com que Moisés falaria seria determinada por esse nome e seria proporcional a ele, ou com o que representava. (Veja Êx 23:20, 21; 1Sa 17:45.) Assim, a pergunta de Moisés era significativa.
A resposta de Deus, em hebraico, foi: ’Eh‧yéh ’Ashér ’Eh‧yéh. Algumas traduções vertem isto como “EU SOU O QUE SOU”. Todavia, deve-se notar que o verbo hebraico ha‧yáh, do qual deriva a palavra ’Eh‧yéh, não significa simplesmente “ser”. Antes, significa “vir a ser; tornar-se”, ou “mostrar ser”. Não se faz aqui referência à auto-existência de Deus, mas ao que ele pretende tornar-se para com outros. Portanto, a Tradução do Novo Mundo verte corretamente a expressão hebraica acima como “MOSTRAREI SER O QUE EU MOSTRAR SER.” Depois disso, Jeová acrescentou: “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘MOSTRAREI SER enviou-me a vós.’” — Êx 3:14 n.
Que isto não significava nenhuma mudança no nome de Deus, mas apenas um vislumbre adicional da personalidade de Deus, é depreendido de suas palavras adicionais: “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘Jeová, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’ Este é o meu nome por tempo indefinido e esta é a recordação de mim por geração após geração.” (Êx 3:15; compare isso com Sal 135:13; Os 12:5.) O nome Jeová deriva do verbo ha‧wáh, “vir a ser; tornar-se”, e realmente significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Isto revela Jeová como Aquele que, com ação progressiva, causa que se torne o Cumpridor de promessas. Assim, ele sempre faz com que seus propósitos se realizem. Apenas o verdadeiro Deus poderia legítima e autenticamente levar tal nome.
Isto nos ajuda a entender o sentido da declaração posterior de Jeová a Moisés: “Eu sou Jeová. E eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-poderoso, mas com respeito ao meu nome Jeová não me dei a conhecer a eles.” (Êx 6:2, 3) Uma vez que o nome Jeová foi usado muitas vezes por esses antepassados patriarcais de Moisés, é evidente que Deus queria dizer que Ele se manifestara a eles na qualidade de Jeová apenas de forma limitada. Para ilustrar isto, dificilmente se poderia dizer que aqueles que conheciam o homem Abrão realmente o conheciam como Abraão (que significa “Pai Duma Multidão”) enquanto ele só tinha um filho, Ismael. Quando nasceram Isaque e outros filhos, e eles começaram a ter descendentes, o nome Abraão assumiu maior significado ou importância. Assim, também, o nome Jeová assumiria então um significado ampliado para os israelitas.
“Conhecer”, portanto, não significa necessariamente apenas estar a par ou saber de algo ou de alguém. O tolo Nabal conhecia o nome de Davi, mas, ainda assim, indagou: “Quem é Davi?”, no sentido de perguntar: “Que importância tem ele?” (1Sa 25:9-11; compare isso com 2Sa 8:13.) Assim, também, Faraó dissera a Moisés: “Quem é Jeová, que eu deva obedecer à sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Jeová, e ainda mais, não vou mandar Israel embora.” (Êx 5:1, 2) Com isso, Faraó evidentemente queria dizer que não conhecia a Jeová como o verdadeiro Deus, ou como tendo qualquer autoridade sobre o rei do Egito e seus assuntos, nem como tendo qualquer poder para efetivar Sua vontade, conforme anunciada por Moisés e Arão. Contudo, então, Faraó e todo o Egito, junto com os israelitas, viriam a conhecer o verdadeiro significado deste nome, da pessoa que ele representava. Conforme Jeová mostrou a Moisés, isto seria o resultado de Deus executar Seu propósito para com os israelitas, libertando-os, dando-lhes a Terra da Promessa, e assim cumprindo Seu pacto com os antepassados deles. Desta forma, como Deus disse: “Sabereis certamente que eu sou Jeová, vosso Deus.” — Êx 6:4-8; veja TODO-PODEROSO.
O professor de Hebraico, D. H. Weir, disse portanto corretamente que aqueles que afirmam que Êxodo 6:2, 3, assinala a primeira vez que se revelou o nome Jeová, “não estudaram [estes versículos] à luz de outros textos; senão, teriam percebido que com nome deve-se querer dizer aqui não as duas sílabas, que compõem a palavra Jeová, mas a idéia que esta expressa. Quando lemos em Isaías, cap. lii. 6: ‘Portanto, meu povo conhecerá o meu nome’; ou em Jeremias, cap. xvi. 21: ‘Saberão que meu nome é Jeová’; ou nos Salmos, Sal. ix. [10, 16]: ‘Os que conhecem o teu nome confiarão em ti’; vemos imediatamente que conhecer o nome de Jeová é algo bem diferente de se conhecer as quatro letras que o compõem. É saber por experiência que Jeová realmente é aquilo que seu nome declara que é. (Veja também Is. xix. 20, 21; Ez. xx. 5, 9; xxxix. 6, 7; Sal. lxxxiii. [18];  lxxxix. [16]; 2 Cr. vi. 33.)” — The Imperial Bible-Dictionary, Vol. I, pp. 856, 857.
Conhecido ao primeiro casal humano. O nome Jeová não foi pela primeira vez revelado a Moisés, porque certamente o primeiro homem o conhecia. O nome aparece inicialmente no Registro divino em Gênesis 2:4, após o relato sobre as obras criativas de Deus, e ali identifica o Criador dos céus e da terra como “Jeová Deus”. É razoável crer que Jeová Deus tenha informado Adão deste relato da criação. O registro de Gênesis não menciona Ele fazer isso, mas tampouco diz explicitamente que Jeová revelou a origem de Eva a Adão quando este despertou. No entanto, as palavras de Adão, ao receber Eva, mostram que ele tinha sido informado sobre o modo de Deus tê-la produzido do corpo do próprio Adão. (Gên 2:21-23) Sem dúvida, houve muita comunicação entre Jeová e seu filho terrestre que não se encontra incluída no relato breve de Gênesis.
Eva é a primeira pessoa humana de que se relata especificamente ter usado o nome divino. (Gên 4:1) Ela obviamente aprendeu esse nome de seu marido e cabeça, Adão, de quem também ficou sabendo da ordem de Deus a respeito da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau (embora, novamente, o registro não diz diretamente que Adão transmitiu esta informação a ela). — Gên 2:16, 17; 3:2, 3.
Conforme se mostra no artigo ENOS, o princípio de se “invocar o nome de Jeová” nos dias de Enos, neto de Adão, evidentemente não era em fé, nem da maneira aprovada por Deus. Pois, relata-se que entre Abel e Noé apenas o filho de Jarede, Enoque (não Enos) “andou com o verdadeiro Deus” em fé. (Gên 4:26; 5:18, 22-24; He 11:4-7) Por meio de Noé e sua família, o conhecimento sobre o nome divino sobreviveu para o período pós-diluviano, para além do tempo da dispersão dos povos na Torre de Babel, e foi transmitido ao patriarca Abraão e seus descendentes. — Gên 9:26; 12:7, 8.
A Pessoa Identificada Pelo Nome. Jeová é o Criador de todas as coisas, a grande Causa Primária; destarte, ele é incriado, não teve início. (Re 4:11) “Em número, os seus anos estão além de esquadrinhamento.” (Jó 36:26) É impossível estabelecer uma idade para Ele, pois não existe ponto inicial a partir do qual se possa fazer a medição. Embora sem idade, é corretamente chamado de “o Antigo de Dias”, uma vez que sua existência se estende infindavelmente pelo passado. (Da 7:9, 13) Ele também não tem fim futuro (Re 10:6), sendo incorruptível, imorredouro. Por conseguinte, é chamado de “Rei da eternidade” (1Ti 1:17), para quem mil anos são como uma vigília noturna de poucas horas. — Sal 90:2, 4; Je 10:10; Hab 1:12; Re 15:3.
Apesar de o tempo não contar em seu caso, Jeová é destacadamente um Deus histórico, identificando-se com épocas, lugares, pessoas e eventos específicos. Em seus modos de lidar com a humanidade, ele atua segundo um cronograma exato. (Gên 15:13, 16; 17:21; Êx 12:6-12; Gál 4:4) Por sua existência eterna ser inegável e o fato mais fundamental no universo, Ele tem jurado por ela, dizendo: “Assim como vivo”, garantindo desta forma a certeza absoluta de suas promessas e profecias. (Je 22:24; Sof 2:9; Núm 14:21, 28; Is 49:18) Homens também fizeram juramentos, jurando pela existência de Jeová. (Jz 8:19; Ru 3:13) Apenas os insensatos dizem: “Não há Jeová.” — Sal 14:1; 10:4.
Descrições da sua presença. Uma vez que ele é um Espírito além do poder de visão dos humanos (Jo 4:24), qualquer descrição da Sua aparência em termos humanos só pode dar uma idéia da sua glória incomparável. (Is 40:25, 26) Embora não vissem realmente seu Criador (Jo 1:18), certos servos dele receberam visões inspiradas das Suas cortes celestiais. A descrição que apresentaram da Sua presença retrata não só grande dignidade e assombrosa majestade, mas também serenidade, ordem, beleza e agradabilidade. — Êx 24:9-11; Is 6:1; Ez 1:26-28; Da 7:9; Re 4:1-3; veja também Sal 96:4-6.
Como se pode observar, essas descrições usam metáforas e analogias, assemelhando a aparência de Jeová a coisas conhecidas pelos humanos — pedras preciosas, fogo, arco-íris. Ele é até mesmo descrito como possuindo certas características humanas. Embora alguns peritos questionem consideravelmente o que chamam de expressões antropomorfológicas encontradas na Bíblia — como as referências aos “olhos”, “ouvidos” e “rosto” (1Pe 3:12), o “braço” (Ez 20:33), a mão “direita” (Êx 15:6) de Deus, e assim por diante — é óbvio que tais expressões se fazem necessárias para que a descrição seja compreensível aos humanos. Fornecer-nos Jeová Deus uma descrição de si mesmo em termos espirituais seria como dar equações de álgebra superior a pessoas que só têm o conhecimento bem elementar de matemática, ou como tentar explicar as cores a uma pessoa que nasceu cega. — Jó 37:23, 24.
Os chamados antropomorfismos, por conseguinte, jamais devem ser considerados de forma literal, assim como tampouco se tomariam literalmente outras referências metafóricas a Deus como “sol”, “escudo”, ou “Rocha”. (Sal 84:11; De 32:4, 31) A visão de Jeová (Gên 16:13), dessemelhante da dos humanos, não depende de raios de luz, e atos praticados em completa escuridão podem ser vistos por Ele. (Sal 139:1, 7-12; He 4:13) Sua visão pode abranger a terra toda (Pr 15:3), e Ele não precisa de nenhum equipamento especial para ver o embrião em desenvolvimento no útero humano. (Sal 139:15, 16) Nem depende sua audição de ondas sonoras numa atmosfera, pois Ele consegue “ouvir” expressões ainda que proferidas silenciosamente no coração. (Sal 19:14) O homem não consegue medir com êxito nem mesmo o vasto universo físico; todavia, os céus físicos não abrangem ou contêm o lugar da residência de Deus, e muito menos poderiam contê-lo uma casa ou um templo terrestre. (1Rs 8:27; Sal 148:13) Mediante Moisés, Jeová avisou especificamente a nação de Israel para que não fizesse nenhuma imagem Dele em forma de varão ou de qualquer espécie de coisa criada. (De 4:15-18) Assim, ao passo que o relato de Lucas registra a referência de Jesus a expulsar demônios “por meio do dedo de Deus”, o relato de Mateus mostra que Jesus referia-se com isso ao “espírito de Deus”, ou Sua força ativa. — Lu 11:20; Mt 12:28; compare Je 27:5 com Gên 1:2.
Qualidades pessoais reveladas na criação. Certas facetas da personalidade de Jeová são reveladas por meio das suas obras criativas, mesmo as realizadas antes de ter criado o homem. (Ro 1:20) O próprio ato criador revela seu amor. Isto se dá porque Jeová é auto-suficiente, não lhe faltando nada. Por isso, embora criasse centenas de milhões de filhos espirituais, nenhum deles podia acrescentar algo ao Seu conhecimento, nem contribuir com alguma qualidade desejável de emoção ou de personalidade que Ele já não possuísse em grau superior. — Da 7:9, 10; He 12:22; Is 40:13, 14; Ro 11:33, 34.
Isto, naturalmente, não significa que Jeová não derive prazer de Suas criaturas. Visto que o homem foi feito “à imagem de Deus” (Gên 1:27), segue-se que a alegria que um pai humano encontra no filho, especialmente naquele que lhe mostra amor filial e que age com sabedoria, reflete a alegria que Jeová deriva de suas criaturas inteligentes que o amam e sabiamente o servem. (Pr 27:11; Mt 3:17; 12:18) Esse prazer não emana de qualquer lucro material ou físico, mas de ele ver suas criaturas se apegarem voluntariamente às suas normas justas, e demonstrarem altruísmo e generosidade. (1Cr 29:14-17; Sal 50:7-15; 147:10, 11; He 13:16) Inversamente, aqueles que adotam um proceder errado e mostram desconsideração para com o amor de Jeová, que trazem vitupério ao Seu nome e sofrimento cruel a outros, fazem com que Jeová ‘se sinta magoado no coração’. — Gên 6:5-8; Sal 78:36-41; He 10:38.
Jeová também deriva prazer no exercício de seus poderes, quer na criação, quer de outra forma, tendo as suas obras sempre verdadeiro objetivo e um bom motivo. (Sal 135:3-6; Is 46:10, 11; 55:10, 11) Como Dador generoso de “toda boa dádiva e todo presente perfeito”, ele se deleita em recompensar seus filhos e filhas fiéis com bênçãos. (Tg 1:5, 17; Sal 35:27; 84:11, 12; 149:4) Todavia, embora seja um Deus caloroso e sensível, sua felicidade evidentemente não depende de Suas criaturas, tampouco sacrifica Ele os princípios justos por causa de sentimentalismo.
Jeová também mostrou amor ao conceder ao seu primeiro criado Filho espiritual o privilégio de participar com Ele em todas as demais obras criativas, tanto espirituais como materiais, fazendo generosamente com que este fato se tornasse conhecido, com a honra resultante para seu Filho. (Gên 1:26; Col 1:15-17) Assim, não receou tibiamente a possibilidade duma competição, mas, antes, demonstrou inteira confiança em sua própria Soberania legítima (Êx 15:11), bem como na lealdade e devoção de seu Filho. Ele permite que seus filhos espirituais gozem de liberdade relativa ao se desincumbirem de seus deveres, vez por outra até mesmo permitindo que dêem suas opiniões sobre de que modo poderiam cumprir determinadas tarefas. — 1Rs 22:19-22.
Conforme indicado pelo apóstolo Paulo, as qualidades invisíveis de Jeová são também reveladas na sua criação material. (Ro 1:19, 20) Seu vasto poder está assombrosamente além da imaginação, enormes galáxias de bilhões de estrelas sendo apenas ‘o trabalho de seus dedos’ (Sal 8:1, 3, 4; 19:1), e a riqueza da Sua sabedoria é tamanha, que mesmo depois de milhares de anos de pesquisas e de estudos, o entendimento que os homens possuem da criação física é apenas um “sussurro” comparado com o poderoso trovão. (Jó 26:14; Sal 92:5; Ec 3:11) A atividade criativa de Jeová em relação ao planeta Terra foi assinalada pela ordem lógica, seguindo um programa definido (Gên 1:2-31), tornando a terra — como astronautas no nosso século 20 a chamaram — uma jóia no espaço.
Conforme revelado ao homem no Éden. Como que espécie de pessoa revelou-se Jeová aos primeiros filhos humanos? Certamente, Adão, na sua perfeição, teria de concordar com as palavras posteriores do salmista: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. Teus trabalhos são maravilhosos, de que minha alma está bem apercebida.” (Sal 139:14) À base do seu próprio corpo — notavelmente versátil entre as criaturas terrestres — e das coisas que via em volta dele, o homem tinha todos os motivos para sentir reverência pelo seu Criador. Toda nova ave, animal e peixe; toda planta, flor e árvore diferente; e todo campo, floresta, morro, vale e rio, que o homem visse, incutiriam nele a profundeza e a amplitude da sabedoria e da riqueza da personalidade de Jeová, conforme refletida na grande variedade das suas obras criativas. (Gên 2:7-9; compare isso com Sal 104:8-24.) Todos os sentidos do homem — a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato — comunicariam à sua mente receptiva a evidência de haver um Criador muito generoso e atencioso.
Tampouco foram esquecidas as necessidades intelectuais de Adão, sua necessidade de conversação e companheirismo, pois o seu Pai forneceu-lhe um par feminino inteligente. (Gên 2:18-23) Ambos poderiam ter cantado a Jeová assim como fez o salmista: “Alegria até a fartura está com a tua face; na tua direita há o agradável, para sempre.” (Sal 16:8, 11) Tendo sido o alvo de tanto amor, Adão e Eva certamente deviam ter sabido que “Deus é amor”, a fonte e o supremo exemplo de amor. — 1Jo 4:16, 19.
O que era mais importante, Jeová Deus satisfez as necessidades espirituais do homem. O Pai de Adão revelou-se a este primeiro filho humano, comunicando-se com ele, dando-lhe tarefas a fazer, cujo desempenho obediente constituiria uma parte importante da adoração prestada pelo homem. — Gên 1:27-30; 2:15-17; compare isso com Am 4:13.
Deus de normas de moral. O homem chegou logo cedo a conhecer a Jeová não apenas como Provisor sábio e generoso, mas também como Deus de boa moral, que se apega a normas específicas do que é certo e do que é errado em conduta e prática. Se Adão, conforme indicado, conhecia o relato da criação, então ele sabia também que Jeová tinha normas divinas, porque o relato diz a respeito das Suas obras criativas que Jeová viu que ‘tudo era muito bom’, portanto, satisfazia a sua norma perfeita. — Gên 1:3, 4, 12, 25, 31; compare isso com De 32:3, 4.
Sem normas, não haveria maneira de determinar ou julgar o que é bom e o que é mau, ou de medir ou reconhecer graus de precisão e de excelência. Neste respeito, são esclarecedoras as seguintes observações da Encyclopædia Britannica (Enciclopédia Britânica; 1959, Vol. 21, pp. 306, 307):
“As realizações do homem [em estabelecer normas, ou padrões] . . . são insignificantes em comparação com as normas existentes na natureza. As constelações, as órbitas dos planetas, as imutáveis propriedades normais de condutividade, ductilidade, elasticidade, resistência, permeabilidade, refratividade, força ou viscosidade dos materiais da natureza, . . . ou a estrutura das células, são uns poucos exemplos da espantosa padronização na natureza.”
Mostrando a importância de tal padronização na criação material, a mesma obra diz: “Somente pela padronização encontrada na natureza é possível reconhecer e classificar . . . as muitas espécies de plantas, peixes, aves ou animais. Dentro destas espécies, os indivíduos se parecem nos mínimos detalhes de estrutura, função e hábitos peculiares a cada uma. [Veja Gên 1:11, 12, 21, 24, 25.] Se não houvesse tal padronização no corpo humano, os médicos não saberiam se determinada pessoa possuía certos órgãos, onde procurá-los . . . De fato, sem os padrões da natureza não haveria sociedade organizada, nem educação, nem médicos; cada uma destas coisas depende das similaridades básicas e comparáveis.”
Adão viu grande estabilidade nas obras criativas de Jeová, o ciclo regular de dia e noite, o fluxo descendente constante da água no rio do Éden, em função da força da gravidade, e inúmeras outras coisas que forneciam prova de que o Criador da Terra não é Deus de confusão, mas de ordem. (Gên 1:16-18; 2:10; Ec 1:5-7; Je 31:35, 36; 1Co 14:33) O homem certamente achou isso útil para cumprir com seu trabalho e atividades designados (Gên 1:28; 2:15), podendo planejar e trabalhar com confiança, livre de incerteza apreensiva.
Em vista de tudo isto, não deveria parecer estranho ao homem inteligente que Jeová estabelecesse normas que governassem a conduta do homem e suas relações com o seu Criador. As próprias esplêndidas habilidades de Jeová davam a Adão o exemplo para cultivar e cuidar do Éden. (Gên 2:15; 1:31) Adão aprendeu também qual era a norma de Deus para o casamento, a monogamia, e para o relacionamento familiar. (Gên 2:24) Destacava-se especialmente como essencial para a própria vida a norma de obediência às instruções de Deus. Visto que Adão era humanamente perfeito, a obediência perfeita era a norma que Jeová estabeleceu para ele. Jeová deu ao seu filho terrestre a oportunidade de demonstrar amor e devoção pela obediência à Sua ordem de abster-se de comer de uma das muitas árvores frutíferas no Éden. (Gên 2:16, 17) Era algo simples. Mas a situação de Adão naquela época era simples, livre das complexidades e da confusão que se desenvolveram desde então. A sabedoria de Jeová nesta prova simples foi salientada pelas palavras de Jesus Cristo, cerca de 4.000 anos depois: “Quem é fiel no mínimo, é também fiel no muito, e quem é injusto no mínimo, é também injusto no muito.” — Lu 16:10.
Manter essa ordem e as normas estabelecidas não reduziriam o usufruto da vida pelo homem, mas contribuiriam para ele. Conforme observa sobre a criação material o já mencionado artigo de enciclopédia sobre padrões, ou normas: “Apesar desta sobrepujante evidência de padrões, ninguém acusa a natureza de monotonia. Embora uma faixa estreita de comprimentos de ondas espectrais constitua o alicerce, as variações e as combinações de cores para deleitar os olhos do observador virtualmente não têm limites. De modo similar, toda arte da música chega aos ouvidos por meio de outro pequeno grupo de freqüências.” (Vol. 21, p. 307) Semelhantemente, os requisitos de Deus para o casal humano concediam a este toda a liberdade que o coração justo poderia desejar. Não havia necessidade de cercá-los com uma infinidade de leis e regulamentos. O exemplo amoroso dado a eles pelo seu Criador, e seu respeito e seu amor por Ele, os protegeriam para que não ultrapassassem os limites justos da sua liberdade. — Veja 1Ti 1:9, 10; Ro 6:15-18; 13:8-10; 2Co 3:17.
Portanto, Jeová Deus, pela sua própria Pessoa, por seus modos de agir e por suas palavras, era, e ainda é, a Suprema Norma para todo o universo, sendo a definição e a essência de toda a bondade. Por este motivo, seu Filho, quando na terra, podia dizer a certo homem: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, exceto um só, Deus.” — Mr 10:17, 18; também Mt 19:17; 5:48.
Nome a Ser Santificado e Vindicado. Todas as coisas relacionadas com a pessoa de Deus são santas; seu nome pessoal, Jeová, é santo, e, por isso, deve ser santificado. (Le 22:32) Santificar significa “tornar santo, pôr à parte ou ter como sagrado”, e, portanto, não deve ser usado como algo comum ou ordinário. (Is 6:1-3; Lu 1:49; Re 4:8; veja SANTIFICAÇÃO.) Por causa da Pessoa que representa, o nome de Jeová é “grande e atemorizante” (Sal 99:3, 5), “majestoso” e “inalcançavelmente elevado” (Sal 8:1; 148:13), digno de ser considerado com espanto reverente (Is 29:23).
Profanação do nome. As evidências indicam que o nome divino era considerado assim até que os eventos no jardim do Éden resultaram na sua profanação. A rebelião de Satanás pôs em dúvida o nome e a reputação de Deus. A Eva, ele alegou falar por Deus ao dizer-lhe o que “Deus sabe”, ao mesmo tempo lançando dúvida sobre a ordem de Deus, expressa a Adão, a respeito da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. (Gên 3:1-5) Por ter sido divinamente comissionado e por ser o cabeça terrestre por meio de quem Deus comunicava instruções para a família humana, Adão era o representante de Jeová na terra. (Gên 1:26, 28; 2:15-17; 1Co 11:3) Diz-se daqueles que servem nesta qualidade que ‘ministram em nome de Jeová’ e ‘falam em seu nome’. (De 18:5, 18, 19; Tg 5:10) Assim, embora sua esposa Eva já tivesse profanado o nome de Jeová pela sua desobediência, Adão fazer isso era um ato especialmente repreensível de desrespeito para com o nome que ele representava. — Veja 1Sa 15:22, 23.
A questão suprema é de moral. É evidente que o filho espiritual que se tornou Satanás conhecia a Jeová como Deus de normas de moral, não como pessoa inconstante, errática. Se tivesse conhecido Jeová como Deus de acessos incontroláveis e violentos, ele só poderia ter esperado o extermínio imediato, na hora, pelo proceder que adotou. A questão suscitada por Satanás no Éden, portanto, não era uma simples prova da capacidade ou do poder de Jeová de destruir. Antes, era uma questão de moral: a do direito moral de Deus exercer a soberania universal, e de exigir implícita obediência e devoção de todas as Suas criaturas, em todos os lugares. A maneira de Satanás abordar Eva revela isso. (Gên 3:1-6) Do mesmo modo, o livro de Jó relata como Jeová revelou, perante todos os seus filhos angélicos reunidos, o alcance da atitude adotada por seu Adversário. Satanás alegou que a lealdade de Jó (e, por extensão, de qualquer das criaturas inteligentes de Deus) a Jeová não era de todo o coração, que não se baseava em verdadeira devoção e genuíno amor. — Jó 1:6-22; 2:1-8.
Assim, a questão da integridade por parte das criaturas inteligentes de Deus era secundária, ou subsidiária, surgindo da questão primária do direito de Deus à soberania universal. Estas questões levariam tempo para que se pudesse demonstrar a veracidade ou falsidade das acusações, provar a atitude de coração das criaturas de Deus, e, portanto, resolver esta questão além de qualquer dúvida. (Veja Jó 23:10; 31:5, 6; Ec 8:11-13; He 5:7-9; verifique INIQÜIDADE; INTEGRIDADE.) De modo que Jeová não executou imediatamente o rebelde casal humano, nem o filho espiritual que levantou a questão, e assim viriam à existência os dois preditos ‘descendentes [lit.: sementes]’, representando lados opostos da questão. — Gên 3:15.
Que esta questão ainda estava acesa quando Jesus Cristo estava na terra se vê do seu confronto com Satanás no ermo, após os 40 dias de jejum de Jesus. As táticas astuciosas empregadas pelo Adversário de Jeová no seu empenho de tentar o Filho de Deus seguiram o modelo visto no Éden, uns 4.000 anos antes, e a oferta de Satanás, do domínio sobre os reinos terrestres, tornava claro que a questão da soberania universal não havia mudado. (Mt 4:1-10) O livro de Revelação mostra a continuidade desta questão até o tempo em que Jeová Deus declarar o caso encerrado (veja Sal 74:10, 22, 23) e executar o julgamento justo em todos os opositores, por seu Reinado justo trazer a plena vindicação e santificação do Seu santo nome. — Re 11:17, 18; 12:17; 14:6, 7; 15:3, 4; 19:1-3, 11-21; 20:1-10, 14.
Por que é a santificação do nome de Deus de importância primária?
O inteiro relato bíblico gira em torno desta questão e da sua solução, e manifesta o propósito primário de Jeová Deus: a santificação do seu próprio nome. Esta santificação exige limpar o nome de Deus de todo o vitupério e de todas as acusações falsas, isto é, a sua vindicação. No entanto, muito mais do que isso, exige que o nome seja honrado como sagrado por todas as criaturas inteligentes no céu e na terra. Isto, por sua vez, significa reconhecerem e respeitarem a posição soberana de Jeová, de modo voluntário, com o desejo de servi-lo, deleitando-se em fazer a vontade divina por amor a Ele. A oração de Davi a Jeová, no Salmo 40:5-10, expressa bem esta atitude e a verdadeira santificação do nome de Jeová. (Note a aplicação a Cristo Jesus que o apóstolo faz de trechos deste salmo em He 10:5-10.)
Portanto, da santificação do nome de Jeová dependem a boa ordem, a paz e o bem-estar de todo o universo e seus habitantes. O Filho de Deus mostrou isto, ao mesmo tempo indicando o meio de Jeová realizar seu propósito, quando ensinou a seus discípulos que orassem a Deus: “Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra.” (Mt 6:9, 10) Este propósito primário de Jeová fornece a chave para se entender o motivo por trás das ações de Deus e seus tratos com Suas criaturas, conforme delineados na Bíblia inteira.
Assim, verificamos que a nação de Israel, cuja história constitui grande parte do registro da Bíblia, foi escolhida para ser um ‘povo para o nome’ de Jeová. (De 28:9, 10; 2Cr 7:14; Is 43:1, 3, 6, 7) O pacto da Lei de Jeová, feito com eles, atribuía importância primária a que dessem devoção exclusiva a Jeová como Deus, e não tomassem seu Nome de modo fútil, “pois Jeová não deixará impune aquele que tomar seu nome dum modo fútil”. (Êx 20:1-7; compare isso com Le 19:12; 24:10-23.) Pela demonstração de seu poder de salvar, e de seu poder de destruir, ao libertar Israel do Egito, o nome de Jeová foi “declarado em toda a terra”, a sua fama precedendo Israel em sua marcha para a Terra da Promessa. (Êx 9:15, 16; 15:1-3, 11-17; 2Sa 7:23; Je 32:20, 21) Como o expressou o profeta Isaías: “Assim conduziste o teu povo, a fim de fazer para ti mesmo um belo nome.” (Is 63:11-14) Quando Israel mostrou uma atitude rebelde no ermo, Jeová lidou misericordiosamente com ele e não o abandonou. Outrossim, Ele revelou seu motivo básico, ao dizer: “Eu prossegui, agindo em prol do meu próprio nome, para que não fosse profanado perante os olhos das nações.” — Ez 20:8-10.
Em toda a história daquela nação, Jeová a manteve cônscia da importância do Seu nome sagrado. A capital, Jerusalém, com seu monte Sião, era o lugar que Jeová escolheu “para nele colocar seu nome, para fazê-lo residir ali”. (De 12:5, 11; 14:24, 25; Is 18:7; Je 3:17) O templo construído naquela cidade era a ‘casa para o nome de Jeová’. (1Cr 29:13-16; 1Rs 8:15-21, 41-43) O que era feito naquele templo, ou naquela cidade, para o bem ou para o mal, inevitavelmente refletia no nome de Jeová, e merecia a Sua atenção. (1Rs 8:29; 9:3; 2Rs 21:4-7) A profanação do nome de Jeová ali resultaria na destruição certa da cidade e levaria à rejeição do próprio templo. (1Rs 9:6-8; Je 25:29; 7:8-15; compare isso com as ações e as palavras de Jesus em Mt 21:12, 13; 23:38.) Devido a estes fatos, as petições suplicantes de Jeremias e de Daniel, a favor do povo e da cidade deles, imploravam a Jeová que concedesse misericórdia e ajuda ‘por causa do Seu próprio nome’. — Je 14:9; Da 9:15-19.
Ao predizer a restauração dos do povo que levava Seu nome a Judá, e a purificação deles, Jeová de novo lhes tornou claro qual era Sua principal preocupação, afirmando: “E eu me compadecerei do meu santo nome.” “‘Não é por vós que faço isso, ó casa de Israel, mas por meu santo nome que tendes profanado entre as nações nas quais entrastes.’ ‘E hei de santificar meu grande nome que tem sido profanado . . .; e as nações terão de saber que eu sou Jeová’, é a pronunciação do Soberano Senhor Jeová, ‘quando eu for santificado entre vós diante dos seus olhos’.” — Ez 36:20-27, 32.
Estes e outros textos mostram que Jeová não exagera a importância da humanidade. Sendo todos os homens pecadores, eles são, com justiça, dignos de morte, e é somente pela benignidade imerecida e pela misericórdia de Deus que alguns ganharão a vida. (Ro 5:12, 21; 1Jo 4:9, 10) Jeová nada deve à humanidade, e a vida eterna para os que a obtiverem será uma dádiva, e não algo que mereçam ganhar. (Ro 5:15; 6:23; Tit 3:4, 5) Na verdade, Ele tem demonstrado inigualável amor para com o gênero humano. (Jo 3:16; Ro 5:7, 8) Mas, é contrário aos fatos bíblicos e coloca os assuntos na perspectiva errada considerar a salvação humana como a questão mais importante ou o critério por meio do qual se possa medir a justiça, a retidão e a santidade de Deus. O salmista expressou a verdadeira perspectiva dos assuntos quando, de forma humilde e com admiração, exclamou: “Ó Jeová, nosso Senhor, quão majestoso é o teu nome em toda a terra, tu, cuja dignidade é narrada acima dos céus! . . . Quando vejo os teus céus, trabalhos dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste, que é o homem mortal para que te lembres dele, e o filho do homem terreno para que tomes conta dele?” (Sal 8:1, 3, 4; 144:3; compare isso com Is 45:9; 64:8.) A santificação do nome de Jeová Deus significa corretamente mais do que a vida de toda a humanidade. Assim, como mostrou o Filho de Deus, o homem deve amar seu semelhante como a si próprio, mas tem de amar a Deus de todo o coração, mente, alma e força. (Mr 12:29-31) Isto significa amar a Jeová Deus mais do que a parentes, amigos ou a própria vida. — De 13:6-10; Re 12:11; compare isso com a atitude dos três hebreus, em Da 3:16-18; veja CIUMENTO, CIÚME.
Este conceito bíblico dos assuntos não deve afugentar as pessoas, mas, antes, deve fazer com que apreciem ainda mais o verdadeiro Deus. Visto que Jeová poderia, com plena justiça, acabar com toda a humanidade pecadora, isto exalta ainda mais a grandeza de Sua misericórdia e benignidade imerecida em salvar alguns dentre a humanidade para a vida. (Jo 3:36) Ele não tem nenhum prazer na morte dos iníquos (Ez 18:23, 32; 33:11); todavia, tampouco permite que os iníquos escapem da execução de Seu julgamento. (Am 9:2-4; Ro 2:2-9) Ele é paciente e longânime, visando a salvação dos obedientes (2Pe 3:8-10), todavia, não tolerará para sempre uma situação que traz vitupério ao seu sublime nome. (Sal 74:10, 22, 23; Is 65:6, 7; 2Pe 2:3) Ele mostra compaixão e compreensão para com as fraquezas humanas, perdoando “amplamente” os arrependidos (Sal 103:10-14; 130:3, 4; Is 55:6, 7), mas não exime as pessoas das responsabilidades que legitimamente levam por causa das suas ações, e dos efeitos que tais ações exercem sobre elas mesmas e sua família. Ceifam aquilo que semeiam. (De 30:19, 20; Gál 6:5, 7, 8) Assim, Jeová demonstra um belo e perfeito equilíbrio entre a justiça e a misericórdia. Os que têm a perspectiva correta dos assuntos, segundo revelada na Sua Palavra (Is 55:8, 9; Ez 18:25, 29-31), não cometerão o grave erro de considerar frivolamente a Sua benignidade imerecida, ou de ‘desacertar Seu propósito’. — 2Co 6:1; He 10:26-31; 12:29.
Imutável em Qualidades e Normas. Conforme Jeová disse ao povo de Israel: “Eu sou Jeová; não mudei.” (Mal 3:6) Isto aconteceu cerca de 3.500 anos depois de Deus ter criado a humanidade, e uns 1.500 anos desde que Deus celebrara o pacto abraâmico. Ao passo que alguns alegam que o Deus revelado nas Escrituras Hebraicas difere do Deus revelado por Jesus Cristo e pelos escritores das Escrituras Gregas Cristãs, um exame revela que esta alegação carece totalmente de base. Sobre Deus, o discípulo Tiago disse corretamente: “Com [ele] não há variação da virada da sombra.” (Tg 1:17) Não houve nenhum ‘abrandamento’ da personalidade de Jeová Deus com o passar dos séculos, pois não era necessário tal abrandamento. Sua severidade, conforme revelada nas Escrituras Gregas Cristãs, não é menor, nem é seu amor maior, do que o eram no início dos seus tratos com a humanidade no Éden.
As aparentes diferenças de personalidade são, em realidade, simples aspectos diferentes da mesma personalidade imutável. Resultam das diferentes circunstâncias e pessoas com que ele lidava, o que exigia diferentes atitudes ou relacionamentos. (Veja Is 59:1-4.) Não foi Jeová quem mudou, e sim Adão e Eva; eles se colocaram numa posição em que os justos padrões mutáveis de Jeová não mais permitiram lidar com eles como membros de Sua amada família universal. Sendo perfeitos, eram plenamente responsáveis por seu erro deliberado (Ro 5:14), e, assim sendo, estavam além dos limites da misericórdia divina, embora Jeová lhes mostrasse benignidade imerecida ao provê-los inicialmente de roupas e ao lhes permitir viver por séculos fora do santuário do Éden e ter descendentes, antes de finalmente morrerem devido aos efeitos de seu próprio proceder pecaminoso. (Gên 3:8-24) Depois de serem expulsos do Éden, pelo que parece, cessou toda comunicação divina com Adão e sua esposa.
Por que ele pode lidar com humanos imperfeitos. As normas justas de Jeová lhe permitiam lidar com a descendência de Adão e Eva duma forma diferente daquela com que lidou com estes pais dela. Por quê? Pelo motivo de que os descendentes de Adão herdaram o pecado, e, assim, iniciaram involuntariamente a vida como criaturas imperfeitas, com uma inerente inclinação para o erro. (Sal 51:5; Ro 5:12) Assim, havia base para que se tivesse misericórdia com eles. A primeira profecia de Jeová (Gên 3:15), feita na ocasião em que expressou o julgamento no Éden, mostrou que a rebelião de seus primeiros filhos humanos (bem como a de um de seus filhos espirituais) não amargurara a Jeová, nem fizera cessar seu amor. Esta profecia indicava, em termos simbólicos, o endireitamento da situação produzida pela rebelião, e uma restauração das condições à sua perfeição original, revelando-se seu pleno significado milênios depois. — Veja os simbolismos de “serpente”, “mulher”, e “descendente” ou “semente”, em Re 12:9, 17; Gál 3:16, 29; 4:26, 27.
Os descendentes de Adão têm tido permissão de continuar na terra por milhares de anos, embora imperfeitos e moribundos, jamais conseguindo libertar-se das garras mortíferas do pecado. O apóstolo cristão Paulo explicou o motivo de Jeová permitir isto, dizendo: “Porque a criação estava sujeita à futilidade, não de sua própria vontade, mas por intermédio daquele que a sujeitou [isto é, Jeová Deus], à base da esperança de que a própria criação também será liberta da escravização à corrupção e terá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação junta persiste em gemer e junta está em dores até agora.” (Ro 8:20-22) Conforme mostrado no artigo PRESCIÊNCIA, PREDETERMINAÇÃO, nada indica que Jeová tenha preferido utilizar seus poderes de discernimento para prever o desvio do casal original. No entanto, uma vez ocorrido, Jeová predeterminou os meios para corrigir esta situação errada. (Ef 1:9-11) Este segredo sagrado, originalmente encerrado na profecia simbólica no Éden, foi, por fim, plenamente revelado no Filho unigênito de Jeová, enviado à terra para que pudesse “dar testemunho da verdade”, e para que, “pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem”. — Jo 18:37; He 2:9; veja RESGATE.
Por conseguinte, lidar Deus com certos descendentes do pecador Adão e abençoá-los não indicava nenhuma mudança nas normas de perfeita justiça de Jeová. Ele não estava com isso aprovando o estado pecaminoso deles. Uma vez que seus propósitos têm cumprimento absolutamente certo, Jeová “chama as coisas que não são como se fossem” (como chamar Abrão de “Abraão”, que significa “Pai Duma Multidão”, enquanto ele ainda não tinha filhos). (Ro 4:17) Sabendo que, no seu devido tempo (Gál 4:4), ele proveria um resgate, o meio legal para perdoar o pecado e remover a imperfeição (Is 53:11, 12; Mt 20:28; 1Pe 2:24), Jeová podia, de forma coerente, lidar com homens imperfeitos, herdeiros do pecado, e usá-los no Seu serviço. Isto se dava porque Ele possuía uma base justa para ‘contá-los’, ou considerá-los, como pessoas justas, devido à sua fé nas promessas de Jeová, e, por fim, no cumprimento destas promessas em Cristo Jesus como o perfeito sacrifício pelos pecados. (Tg 2:23; Ro 4:20-25) Assim, a provisão, feita por Jeová, do arranjo do resgate e de seus benefícios, fornece notável testemunho, não só do amor e da misericórdia de Jeová, mas também da sua fidelidade a suas elevadas normas de justiça, pois, por meio do arranjo do resgate, ele demonstra “sua própria justiça nesta época atual, para que fosse justo, mesmo ao declarar justo o homem [embora imperfeito] que tem fé em Jesus”. — Ro 3:21-26; compare isso com Is 42:21; veja DECLARAR JUSTO.
Por que o ‘Deus de paz’ luta. A declaração de Jeová, no Éden, de que poria inimizade entre o descendente (ou semente) de seu Adversário e o descendente (ou semente) da “mulher” não fez com que deixasse de ser o ‘Deus de paz’. (Gên 3:15; Ro 16:20; 1Co 14:33) A situação, naquela época, era a mesma que nos dias da vida terrestre do seu Filho, Jesus Cristo, o qual, depois de referir-se à sua união com o seu Pai celeste, disse: “Não penseis que vim estabelecer paz na terra; vim estabelecer, não a paz, mas a espada.” (Mt 10:32-40) O ministério de Jesus trouxe divisões, até mesmo no seio das famílias (Lu 12:51-53), mas isto se dava por causa da sua aderência aos justos padrões e à verdade de Deus, bem como sua proclamação deles. As divisões resultaram porque muitos endureceram o coração contra essas verdades, ao passo que outros as aceitaram. (Jo 8:40, 44-47; 15:22-25; 17:14) Isto era inevitável, se os princípios divinos haviam de ser sustentados; mas a culpa recaía sobre os que rejeitavam o que era correto.
Assim, também, predisse-se que surgiria inimizade, porque as normas perfeitas de Deus não permitiriam nenhuma tolerância do proceder rebelde do “descendente [ou: semente]” de Satanás. A desaprovação de tais rebeldes, por parte de Deus, e Sua bênção sobre aqueles que se apegassem a um proceder justo, teria um efeito divisório (Jo 15:18-21; Tg 4:4), assim como se deu no caso de Caim e Abel. — Gên 4:2-8; He 11:4; 1Jo 3:12; Ju 10, 11; veja CAIM, I.
O proceder rebelde escolhido por homens e por anjos iníquos constituía um desafio à legítima soberania de Jeová e à boa ordem de todo o universo. Aceitar tal desafio exigiu que Jeová se tornasse “pessoa varonil de guerra” (Êx 15:3-7), defendendo seu próprio bom nome e suas normas justas, lutando em favor daqueles que o amam e servem e executando o julgamento naqueles que merecem a destruição. (1Sa 17:45; 2Cr 14:11; Is 30:27-31; 42:13) Ele não hesita em usar sua onipotência, às vezes de forma devastadora, como no Dilúvio, na destruição de Sodoma e Gomorra, e na libertação de Israel do Egito. (De 7:9, 10) E ele não receia tornar conhecidos quaisquer pormenores da sua guerra justa; não oferece desculpas, pois não tem nada de que se envergonhar. (Jó 34:10-15; 36:22-24; 37:23, 24; 40:1-8; Ro 3:4) O respeito que tem por seu próprio nome, e pela justiça que este representa, bem como seu amor por aqueles que o amam, compelem-no a agir. — Is 48:11; 57:21; 59:15-19; Re 16:5-7.
As Escrituras Gregas Cristãs apresentam o mesmo quadro. O apóstolo Paulo incentivou os concristãos, dizendo: “O Deus que dá paz . . . esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.” (Ro 16:20; compare isso com Gên 3:15.) Ele também mostrou a justeza de Deus retribuir com tribulação aos que causam tribulação aos seus servos, trazendo a destruição eterna de tais opositores. (2Te 1:6-9) Isto estava em harmonia com os ensinos do Filho de Deus, que não deixou nenhuma margem de dúvida quanto à determinação intransigente de seu Pai de forçosamente acabar com toda a iniqüidade e com os que a praticam. (Mt 13:30, 38-42; 21:42-44; 23:33; Lu 17:26-30; 19:27) O livro de Revelação está repleto de descrições de divinamente autorizadas ações de guerra. Tudo isto, porém, pela sabedoria de Jeová, em última análise, produz o estabelecimento de uma paz duradoura e universal, solidamente alicerçada na retidão e na justiça. — Is 9:6, 7; 2Pe 3:13.
Os tratos com o Israel carnal e o espiritual. De modo similar, grande parte das diferenças no conteúdo entre as Escrituras Hebraicas e as Escrituras Gregas Cristãs ocorre porque as primeiras lidam principalmente com os tratos de Jeová com o Israel carnal, ao passo que as últimas, em grande parte, levam à sua maneira de lidar com o Israel espiritual, a congregação cristã, e a retratam. Assim, por um lado, temos uma nação cujos milhões de membros o são exclusivamente em virtude da descendência carnal, um conglomerado de bons e de maus. Por outro lado, temos uma nação espiritual constituída por pessoas atraídas a Deus por meio de Jesus Cristo, pessoas que mostram amor à verdade e ao que é direito, e que pessoal e voluntariamente se dedicam a fazer a vontade de Jeová. É lógico que os tratos e as relações de Deus com estes dois grupos difeririam e que o primeiro grupo provocaria mais expressões da ira e da severidade de Jeová do que o segundo grupo.
No entanto, seria um grave erro não notar a edificante e confortadora percepção da personalidade de Deus provida pelos Seus tratos com o Israel carnal. Estes oferecem primorosos exemplos que provam que Jeová é o tipo de Pessoa que ele mesmo descreveu a Moisés: “Jeová, Jeová, Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e em verdade, preservando a benevolência para com milhares, perdoando o erro, e a transgressão, e o pecado, mas de modo algum isentará da punição, trazendo punição pelo erro dos pais sobre os filhos e sobre os netos, sobre a terceira geração e sobre a quarta geração.” — Êx 34:4-7; compare isso com Êx 20:5.
Embora equilibradas pela justiça, as facetas notáveis da personalidade de Jeová são na realidade seu amor, sua paciência e sua longanimidade, conforme reveladas na história de Israel, povo altamente favorecido o qual, na maioria, mostrou ser notavelmente “de dura cerviz” e de “coração duro” para com o Criador. (Êx 34:8, 9; Ne 9:16, 17; Je 7:21-26; Ez 3:7) As repetidas fortes denúncias e condenações de Israel por parte de Jeová, por meio dos seus profetas, só serviram para enfatizar a grandiosidade da Sua misericórdia e da espantosa amplidão da Sua longanimidade. Depois de suportá-los por mais de 1.500 anos, e mesmo depois de Seu próprio Filho ter sido morto às instigações dos líderes religiosos da nação, Jeová continuou a favorecê-los por mais três anos e meio, misericordiosamente providenciando que a pregação das boas novas se restringisse a eles, dando-lhes assim uma oportunidade adicional de obter o privilégio de reinar com Seu Filho — oportunidade aceita por milhares de arrependidos. — At 2:1-5, 14-41; 10:24-28, 34-48; veja SETENTA SEMANAS.
Jesus Cristo evidentemente se referiu à já citada declaração de Jeová, de ‘trazer punição aos descendentes posteriores dos ofensores’, quando disse aos escribas e fariseus hipócritas: “Dizeis: ‘Se nós estivéssemos nos dias de nossos antepassados, não seríamos parceiros deles no sangue dos profetas.’ Portanto dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que assassinaram os profetas. Pois bem, enchei a medida de vossos antepassados.” (Mt 23:29-32) Apesar de suas pretensões, tais pessoas demonstravam pelo seu proceder que aprovavam as ações erradas de seus antepassados, e provavam que elas mesmas continuavam entre ‘os que odiavam a Jeová’. (Êx 20:5; Mt 23:33-36; Jo 15:23, 24) Assim, diferente dos judeus que se arrependeram e acataram as palavras do Filho de Deus, elas sofreram o efeito cumulativo do julgamento de Deus, anos depois, quando Jerusalém foi cercada e destruída, e a maior parte da sua população morreu. Poderiam ter escapado, mas preferiram não se valer da misericórdia de Jeová. — Lu 21:20-24; compare isso com Da 9:10, 13-15.
Sua personalidade é refletida no seu Filho. Em todos os sentidos, Jesus Cristo era um reflexo fiel da belíssima personalidade de seu Pai, Jeová Deus, em nome de quem ele veio. (Jo 1:18; Mt 21:9; Jo 12:12, 13; compare isso com Sal 118:26.) Jesus disse: “O Filho não pode fazer nem uma única coisa de sua própria iniciativa, mas somente o que ele observa o Pai fazer. Porque as coisas que Este faz, estas o Filho faz também da mesma maneira.” (Jo 5:19) Segue-se, portanto, que a benignidade e a compaixão, a brandura e a cordialidade, bem como o forte amor à justiça e o ódio à iniqüidade que Jesus demonstrava (He 1:8, 9), são todas qualidades que o Filho observara no seu Pai, Jeová Deus. — Compare Mt 9:35, 36, com Sal 23:1-6 e Is 40:10, 11; Mt 11:27-30 com Is 40:28-31 e  57:15, 16; Lu 15:11-24 com Sal 103:8-14; Lu 19:41-44 com Ez 18:31, 32; 33:11.
Todo aquele que ama a justiça e que lê as Escrituras inspiradas, e que verdadeiramente chega a “conhecer” com entendimento o pleno significado do nome de Jeová (Sal 9:9, 10; 91:14; Je 16:21), tem todo motivo, portanto, para amar e bendizer este nome (Sal 72:18-20; 119:132; He 6:10), para louvá-lo e exaltá-lo (Sal 7:17; Is 25:1; He 13:15), para temê-lo e santificá-lo (Ne 1:11; Mal 2:4-6; 3:16-18; Mt 6:9), para confiar nele (Sal 33:21; Pr 18:10), dizendo, junto com o salmista: “Vou cantar a Jeová durante a minha vida; vou entoar melodias ao meu Deus enquanto eu existir. Seja prazenteira a minha reflexão sobre ele. Eu, da minha parte, me alegrarei em Jeová. Dar-se-á cabo dos pecadores de cima da terra; e quanto aos iníquos, não mais existirão. Bendize a Jeová, ó minha alma. Louvai a Jah!” — Sal 104:33-35.