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domingo, 16 de novembro de 2014

no principio


                                                                                                 
Este é o site que proclama a voz do Espírito Santo
                       
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    «No principio, era a Palavra [gr logos] , e a Palavra [logos] estava com Deus, e a Palavra [logos] era Deus» (João 1.1). O vocábulo «Palavra» (gr logos), é empregado por João como um título de Cristo, um título no sentido mais vasto e mais profundo, e fala da Sua Personalidade. Somente João usa este vocábulo.
   Na Septuaginta o vocábulo "Logos" é usado para traduzir o vocábulo hebraico Dãbhar. A raiz desta palavra significa «aquilo que está por trás», quando é traduzido por «palavra», também significa som compreensível. De acordo com uma característica comum da psicologia dos hebreus, o dabhar de um homem é considerado como, em certo sentido, «uma extensão da sua personalidade, e, além disso, como algo que possui uma existência substancial toda própria».
   O vocábulo não foi usado pela primeira vez por João. mais antiga doutrina do logos se encontra nos escritos de Heráclito (filósofo grego 540-480 a.C.), embora que o termo jamais tenha sido empregado por ele. No entanto, o sentido se faz presente. João tomou de empréstimo dos filósofos, por ser tão apropriado como veículo de seus esforços ao ensinar a origem celestial de Cristo. Por exemplo: Platão se utilizou desse vocábulo para indicar a força geradora, a força originadora ou aquele que «começa», que gera.
   Nos escritos de Filo de Alexandria (filósofo dos judeus helenistas - 30 a.C. até 50 d.C.), o «Logos» é a razão divina e Universal, a razão imanente, que contém dentro de si mesmo o ideal universal, mas que, ao mesmo tempo, é, a palavra expressa que procede da parte de Deus e que se manifesta neste mundo em tudo quanto aqui existe. Seria a manifestação que Deus faz de si mesmo neste mundo. Por conseguinte, para Filo, o «logos» seria a súmula total do livre exercício das energias divinas. Dessa maneira, ao revelar a si mesmo, Deus poderia ser chamado «logos»; o logos, na qualidade de agente revelador de Deus, poderia ser chamado de Deus.
   O vocábulo grego Logos tem um grande numero de diferentes significados, com o sentido primário de «razão», «palavra», «fala», «discurso», «definição», «princípio», etc. As nossas versões, mormente traduzem logos por «Verbo», contudo, dentre os seus vários significados, podemos destacar dois deles, que são: «razão» e «palavra». Visto que João fala de Logos como uma força criadora (João 1.3, 10) com também como uma força controladora, então, o termo «razão» pode ser descartado, sendo que neste caso, o vocábulo «Palavra» é que se encaixa na descrição que o evangelista fez. O uso do vocábulo «Palavra» para traduzir «Logos» é significativo, pois é através dele que se desenvolvem seus muitos sentidos, com “afirmação, declaração, discurso, assunto, doutrina, questão” e, mediante um outro tipo de desenvolvimento “razão, causa, motivo, respeito”.  Se João não usou o vocábulo Logos com o sentido de «Palavra», nem tão pouco com o sentido de «Verbo», ao invés do vocábulo «Palavra», que é o significado mais preciso e ideal. Para justificar este tipo de tradução, alegam que a palavra grega logos é traduzida por «Verbo», principalmente por ser este um vocábulo do gênero masculino, o que combina com o gênero da palavra grega logos, que também é masculino. Para melhor assinalar, a tradução de Logos por «Verbo», é nada mais nada menos, de que uma manobra astuciosa, com o pretexto de afirmar a pré-existência de Cristo, como uma pessoa distinta de Jeová. Pois, uma pessoa que lê o termo «Verbo» no texto bíblico, automaticamente é levada a crer e aceitar em uma suposta pré-existência de Cristo, como pessoa distinta do Pai, corroborando assim, com a existência de uma falsa trindade santa.   
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    O apóstolo João começa no prólogo do Evangelho falando da Divindade de Jesus, existindo como Logos. O tema do Evangelho de João é a Divindade de Jesus Cristo (João 20.31).
   João começa dizendo: «No princípio era a Palavra [grego logos]...»; «No principio, criou Deus os céus e a terra». A expressão «no principio» de João é diferente de Gênesis 1.1; enquanto, que este último aponta para o início da criação, isto é, determinando um certo período de tempo; o primeiro vai mais longe e aponta para a eternidade, é como se João tivesse dito: «Na eternidade era o Logos (a Palavra)».
   Ao denominar Jesus de Logos, João não estava ensinando que Logos era uma Pessoa distinta de Deus Jeová, como muitos têm entendido. Como já dissemos acima, o termo correto em português para traduzir Logos é «Palavra». A tradução de Logos por «o Verbo» é maliciosa, pois, o seu emprego é adequado para aqueles que sustentam que o Logos e Deus Jeová são Pessoas distintas.
   O sentido tencionado pelo apóstolo é sem sombra de dúvida «Palavra». Cristo é a Palavra viva do Deus Altíssimo, este paralelo se encontra no Antigo Testamento; confira abaixo:
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   A Palavra divina não é apenas um elemento na economia do Antigo Testamento; ela a domina inteiramente, dando sentido à história enquanto é criadora da mesma, suscitando entre os homens a vida de fé enquanto lhes é dirigida como mensagem. Não é, pois, de admirar que vejamos essa importância traduzir-se às vezes numa personificação da Palavra, paralelas às personificações da Sabedoria. Assim se dá com a Palavra Reveladora (Sl 119.89), e, sobretudo, com a Palavra operante, executora das ordens divinas (ver Sl 107.20; 147.15; Is 55.11).
    Nestes textos citados acima, já se descobre a ação da Palavra de Deus (o Logos), antes mesmo que o Novo Testamento a revele plenamente aos homens.
    O segredo do último mistério da Palavra divina, no-lo comunica João relacionando-o de modo mais estreito com o próprio mistério de Jesus; enquanto Filho, Jesus é a Palavra subsistente. Portanto, é dele que deriva em última análise toda manifestação da Palavra divina, na criação, na história, na realização final da salvação. Compreende-se assim a palavra da epístola aos Hebreus: «Depois de ter falado a nossos pais pelos profetas, Deus nos falou por seu Filho» (Heb 1.1).
    Enquanto Palavra, Jesus já existia, portanto, desde o começo em Deus, e era Ele próprio o Deus Altíssimo. Ele era a Palavra criadora na qual tudo foi feito (Jo 1.3; Heb 1.2; Sal 33.6 ss.), a Palavra iluminadora que luzia nas trevas do mundo para trazer aos homens a revelação do Altíssimo (Jo 1.4, 9). Como já vimos, desde o Antigo Testamento era já Ele que se manifestava secretamente sob as aparências da Palavra operante e reveladora. Mas finalmente, nos fins dos tempos, essa Palavra entrou abertamente na história fazendo-se carne (João 1.14); tornou se então, para os homens, objeto de experiência concreta (1 Jo 1.1ss.), de maneira que «vimos a sua glória» (Jo 1.14). O Logos manifestado ao mundo está doravante no centro da história humana: antes dEle, ela (a história humana) tendia para a sua encarnação; depois da sua vinda, ela tende ao seu triunfo final. Pois é ainda Ele que vai se manifestar num derradeiro combate, para pôr fim à ação dos poderes malignos e garantir aqui na terra a vitória definitiva de Deus (Apoc 19.13).    
    Através daquilo que temos visto acima, se confirma que o Logos é o próprio Deus Altíssimo. Pois se vê que Jeová criou todas as coisas através da Sua Palavra e, não por intermédio de uma outra Pessoa (como se o Logos fossem uma pessoa distinta de Jeová), como muitos chegam a interpretar. A crença em duas pessoas divinas era algo repudiado pelo apóstolo, na sua formação judaico-cristã, este tipo de conceito não era aceito de modo algum. Não há nenhum ensinamento ou apenas uma alusão na Bíblia que expressa este tipo de crença. Nem os judeus e nem os cristãos imaginavam que o Deus Altíssimo pudesse subsistir em duas ou três pessoas divinas, como ensina a tal doutrina da Trindade. Se essa doutrina fosse verdade, certamente Jesus e os seus apóstolos teriam ensinado-a. João não estava ensinando que Logos era uma Pessoa distinta, caso contrário, João bem sabia que estaria contrariando as Escrituras.
    O agente de Jeová no ato da criação foi a Sua Palavra; «E disse Deus [Elohim]: Haja luz...haja uma expansão no meio das águas e haja separação entre as águas e águas» (Gên 6.3,6). Elohim deu ordens e as coisas foram criadas «haja». O método que Jeová usou na criação foi o poder da Sua Palavra. Repetidas vezes está declarado: «E disse Deus...» (Gên 1.3,6,9,11,14,20,24,26). Em outras palavras, Ele falou e os céus e a terra vieram a existir. O Salmista disse: «Pela palavra de Jeová foram feitos os céus e todo o exército deles, pelo sopro de sua boca» (Sal 33.6 e ss.). A terra surgiu quando Deus proferiu a Sua Palavra (Sal 104.6-8). O escritor aos Hebreus disse: «Pela fé entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus, de modo que o visível  veio a existir das cousas que não aparecem» (Heb 11.3). Todos os grifos são nossos. Vede também em Sal 148.5; Isaías 48.13; Rom 4.17. Como se vê, em nenhuma destas passagens está dito que Deus Jeová tenha criado o universo por intermédio de «uma pessoa», mas sim, pelo poder da Sua Palavra falada.
    Jeová se expressa através da Sua Palavra, pois, Ela é uma extensão da Sua Personalidadeinvestida de autoridade (Dt 12.32; Sl 103.20). O Logos é o próprio Jeová em ação.
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    Os atributos da Sabedoria, como apresentam Provérbios 8.22-31, eram bastante divulgados nesta época. Tanto mais que a filosofia grega já fazia sentir no judaísmo a sua influência. Uma das belas referências à Sabedoria encontra-se na Sabedoria de Salomão (7.22-8.1), onde se diz ser o «...espírito do poder de Deus, a emanação do Altíssimo, a irradiação da luz eterna, o espelho imaculado da obra de Deus, a imagem da divindade benéfica» (Sb 7.25,26). «Sua excelência partilha do trono de Deus» (9.4), vive na sua intimidade (8.3).
    A Sabedoria desempenha um papel semelhante a dos profetas, dirigindo as suas censuras aos desavisados, cujo juízo anuncia (Prov 1.20-33), convidando os que são dóceis a se beneficiarem de todos os seus bens (Prov 8.1-21, 32-36), a se assentarem à sua mesa (Prov 9.4 ss.). A Sabedoria é para os homens um tesouro superior a tudo (Sb 7.7-14). Sendo ela mesma um dom de Deus (Sb 8.21), ela é a distribuidora de todos os bens (Prov 3.13-18; 8.32-36), segurança (Prov 3.21-26), graça e glória (4.8ss.), riqueza, honra e justiça (8.18 ss.).
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   A Sabedoria está oculta dos homens, porquanto Jeová é a fonte de toda a Sabedoria. Até mesmo a morte que desvenda tantos segredos, conhece a Sabedoria apenas como um rumor (Jó 28.22). Mas o Senhor Yahweh possui a Sabedoria desde a eternidade (vv. 22-30). Não obstante, Deus revela a sua Sabedoria, que é a fonte da salvação para todos os homens. A Sabedoria envolve todas as revelações feitas por Jeová, sendo esse o grande atributo que combina com os demais atributos divinos.
   Ao mesmo tempo que a Sabedoria, aumentou a especulação do conceito da «Palavra de Deus», desenvolvida sobretudo na Sabedoria de Salomão 18.15,16: «Toda a tua Palavra saiu do trono real dos céus como um guerreiro valoroso, que, no meio da terra condenada, impunha a espada dos teus mandamentos, fere de morte tudo o que encontra e, de um lado tocava o céu, de outro pisava a terra». Trata-se duma alusão da mortandade dos primogênitos do Egito. No mesmo livro a «Palavra» é identificada com a «Sabedoria»: «O Deus dos nossos pais, que pela Palavra tudo criastes, e pela Sabedoria formaste o homem...» (Sb 9.1-2)
    Em face desta doutrina, podemos chegar à conclusão de que a Sabedoria e a Palavra são uma e a mesma coisa. Todos estes conceitos que acabamos de ver serviram de fundo ao evangelho de João. E assim a Sabedoria, a Palavra e a Lei dos judeus cumpriram-se, segundo João, em Jesus Cristo. Paulo disse que Jesus é a Sabedoria de Deus (1 Cor 1.24,30), não só porque ele comunica a Sabedoria aos homens, é porque Ele próprio é a Sabedoria, assim como é também a sua Palavra (João 1.1ss.).
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    A colocação que o apóstolo João faz a respeito do «Logos», é idêntica a passagem de Provérbios oito, compare:
    João 1.1a; 2 : «No princípio era a Palavra... Ele (o Logos) estava no princípio com Deus». Aqui se fala sobre a eternidade da Palavra. Agora compare com Provérbios 8.22, 23, que fala sobre a eternidade da Sabedoria: «Jeová me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra...» (vs. 22 e 23; leia até o versículo 29).     
    João 1.1b; «...e a Palavra estava com Deus..». Aqui se diz da profunda comunhão do Logos (a Palavra) com Deus. Compare com Provérbios 8.22, o qual diz a mesma coisa acerca da Sabedoria: «...e então eu (Sabedoria) estava com ele (Jeová) e ...». Note o quanto são idênticas estas duas expressões.
    João 1.1c; «...e a Palavra era Deus». João aponta o Logos (a Palavra) como sendo o próprio Deus. Compare com as passagens de Provérbios 8.32-36. Observe as expressões «...o que me acha, acha a vida, e alcança favor de Jeová» (v. 35), e compare também com João 14.6, onde Jesus disse que Ele é «...a Vida...». Vede também em João 11.25; «Eu sou a ressurreição e a vida...». Nos textos de Provérbios (v. 32 a 36), a Sabedoria é vista a fazer o convite e o aviso aos homens, para que se arrependam de seus maus caminhos e se convertam a Jeová. Estes pronunciamentos são feitos por Jesus Cristo em João 3.16-21. A Sabedoria também se identifica com Jeová nos versos 12 a 21 de Provérbios 8.
    João 1.3: «Todas as coisas foram feitas por intermédio dele (o Logos), e sem ele nada do que foi feito se fez». Compare esta passagem de João com os textos de Provérbios 8.22 a 30 (leia atentamente). Nestas passagens também se fala sobre toda a criação, no versículo 30 a Sabedoria diz; «...e era seu arquiteto...». A Sabedoria é vista aqui como um mestre artífice que se mostrou ativo durante o tempo da criação, de fato, o instrumento usado por Jeová para criar. Assim também é dito acerca do Logos. E disse mais a Sabedoria: «Por meu intermédioreinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra» (Prov 8.15,16).
    João 1.14: «E a Palavra se fez carne, e habitou entre nós...». A Palavra agora se tornou humana, vindo habitar entre os homens. Observe o paralelo desta passagem em Provérbios 8.31; «...regozijando-se no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens». Aqui, se vê a Sabedoria se alegrando com os homens, isto é, habitando, vivendo e compartilhando com os sentimentos dos homens.
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     A palavra do homem é o modo de ele se exprimir, de se comunicar com outras pessoas. Pela sua palavra, faz conhecidos seus pensamentos; pela sua palavra, dá ordens e efetua a sua vontade. A palavra que ele fala transmite o impacto do seu pensamento e caráter. Um homem pode ser conhecido por modo completo pela sua palavra, a até um cego pode perfeitamente conhecê-lo assim. Ver a pessoa não daria tantas informações quanto à sua personalidade a alguém que não tivesse ouvido falar. Da mesma forma, a “Palavra de Deus Jeová” (quando se trata de uma referência direta de Jesus Cristo na Sua vida eterna) é Sua maneira de exprimir Sua inteligência, vontade e poder. Jesus Cristo é a Palavra, porque Jeová revelou Sua atividade, vontade e propósito através dEle, e porque é por meio dEle que Jeová entra em contato com a humanidade. Nós nos exprimimos por meio de palavras; o Deus Eterno se exprimiu através de Jesus Cristo, a “Palavra”, que é a “expressa imagem da Sua Pessoa” (João 14.9; Hebreus 1.3). Cristo é a “Palavra do Deus Vivo” porque o revela, outrossim, revela a si mesmo, demonstrando-o pessoalmente. Ele não tão somente traz a mensagem do Deus Eterno; mas, Ele é, pessoalmente a própria Mensagem do Deus Eterno.
    Jeová revelara mediante a palavra dos profetas, através de sonhos, visões e manifestações temporárias. Vede sobre «O Anjo de Jeová». Os homens, porém, ansiavam por uma resposta ainda mais compreensível à sua pergunta: «Como é Jeová?» Como resposta a esta pergunta ocorreu o evento mais estupendo da Historia do mundo: «E  a  Palavra [Logos] se  fez  carne  e habitou  entre nós» (João 1.14). A Eterna Palavra de Deus Jeová tomou sobre si a natureza humana e se fez Homem, a fim de revelar Jeová através de uma personalidade humana (Hebreus 1.1,2). Jesus é a expressão mais perfeita e completa que podemos conhecer daPessoa de Jeová. Através de Jesus Cristo (a Palavra personificada), Jeová se revelou ao homem de modo mais perfeito e definitivo. Jesus é a encarnação viva da Natureza e da Majestade de Jeová, que veio para solucionar para sempre o problema do pecado. Como «a Palavra», Ele veio para criar à Sua Igreja, a Nova Aliança, ou seja, Jesus veio para edificar a Sua Igreja (Mateus 16.18).
    Tornando-se carne, «a Palavra» tornou-se visível, audível e palpável a testemunhos oculares na terra (Marc 5.27,28). Desta forma, os homens podiam ter contatos e associação diretos com «a Palavra da Vida», disse João: «O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida, porque a vida manifestou-se, e nós a vimos e lhe damos testemunhos e vo-la anunciamos a Vida Eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada» (1 João 1.1,2). Até então, «a Palavra da Vida» estava oculta, «...mas, vindo à plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho» (Gál 4.4), «a Palavra da Vida», que veio a este mundo para dar vida eterna aos homens.

    Assim sendo, àquEle que sendo a Palavra de Deus Jeová, em si mesmo é Jeová (João 1.1), e, isto também foi reconhecido pelos homens, sobre a terra, como Senhor e Deus (João 20.28).

E A BÍBLIA SEMPRE TEM RAZÃO: Arqueólogos encontram imagem de uma versão romana do deus Baal em escavação

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Arqueólogos encontram imagem de Baal em escavação
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Münster, na Alemanha, encontrado durante uma escavação arqueológica uma imagem do que pode ser uma versão romana do deus Baal. Até então desconhecido, essa divindade estava associada ao culto de Júpiter Doliqueno.
A peça esculpida em basalto foi encontrada num antigo santuário da cidade Doliche, no sudeste da Turquia. Com cerca de um metro e meio de altura, apresenta “uma divindade emergindo de um cálice de folhas. Sua haste longa sobe de um cone decorado com símbolos astrológicos… é um deus da fertilidade e da vegetação”, explica o professor Engelbert Winter, arqueólogo líder da escavação.
“A imagem está muito bem preservada. Oferece informações valiosas sobre as crenças dos romanos e à persistência das antigas tradições do Oriente Médio”, ressalta o professor Michael Blomer.

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Imagem em basalto de Baal
Os arqueólogos acreditam que a imagem foi esculpida no início do século I a.C. Júpiter Doliqueno era um deus romano criado a partir do sincretismo do Júpiter romano, chamado de “o rei dos deuses”. Também é conhecida a adoração de Baal na antiga cidade greco-romana de Doliche, localizado ao norte da moderna cidade turca de Gaziantep.
As atividades de escavação da Universidade alemã concentraram-se este ano em explorar o mosteiro medieval de Mar Salomão (St.Solomon). “As ruínas bem conservadas do Mosteiro oferecem inúmeras conclusões a respeito da vida e da cultura na região entre a Antiguidade Tardia e o tempo dos cruzados”, comemora o professor Winter.
Uma equipe internacional descobriu as ruínas do mosteiro em 2010. De acordo com Blomer, “Todos os achados desta temporada de escavações são peças importantes do quebra-cabeça, que contribuem para o conhecimento relativo a cada fase da longa história deste lugar sagrado”. Eles ainda não sabem precisar como e por que as imagens do santuário romano continuaram preservadas mesmo após o local ter sido transformado em um mosteiro cristão provavelmente no século 4.

Quimera: a besta mitológica dos contos de fadas...

Geralmente, na linguagem popular, quando queremos falar de um sonho impossível, ou de uma situação inacreditável, falamos que se trata de uma “quimera”. Essa palavra de origem grega tem sua raiz na antiga mitologia daquela região: Quimera é uma figura mística caracterizada por uma aparência híbrida de dois ou mais animais e a capacidade de lançar fogo pelas narinas, sendo, portanto, uma fera ou besta.


De acordo com folcloristas gregos, a história da Quimera tem origem na região da Anatólia, atualmente localizada na Turquia, onde a Grécia fazia comércio e tomou conhecimento da lenda no século sétimo antes de Cristo, sempre exercendo muita atração no imaginário popular grego depois dos relatos dos viajantes, que juravam terem visto estes seres bestiais.

De acordo com a versão mais difundida da lenda, a Quimera era um monstruoso produto da união entre Equidna – metade mulher, metade serpente – e o gigantesco Tifão. Outras lendas a fazem filha da Hidra de Lerna e do Leão da Nemeia, que foram mortos por Hércules. Criada pelo rei da Cária, mais tarde assolaria este reino e o de Lícia bafejando fogo incessantemente, até que o herói Belerofonte, montado no cavalo alado Pégaso, conseguiu matá-la.


Com o passar do tempo, chamou-se genericamente “Quimera” a todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica greco-romana. Já na Idade Média, durante os primeiros estudos da química como ciência, conhecida então como alquimia, a Quimera passou a ser um animal artificial, criado a partir da fusão de um ser humano com vários animais – seria como a experiência do Dr. Frankenstein e seu monstro.

Figurativamente ou em linguagem popular mais ampla, como dissemos no início deste post, o termo quimera alude a qualquer composição fantástica, absurda ou monstruosa, constituída de elementos disparatados ou incongruentes, significando também utopia. A palavra “quimera”, por derivação de sentido, significa também o produto da imaginação, um sonho ou fantasia.

Aparência da Quimera...
De acordo com os contos lendários gregos, turcos e com as artes plásticas encontradas em sítios arqueológicos por arqueólogos, a aparência da Quimera varia segundo a região e segundo o conteúdo do conto passado à frente. Por exemplo, podemos destacar:

- Cabeça e corpo de leão, com duas cabeças anexas, uma de cabra e outra de serpente;
- Cabeça e corpo de leão, com duas cabeças anexas, uma de cabra e outra de dragão;
- Duas cabeças ou até mesmo uma cabeça de leão e cabra, corpo de leão e cauda de serpente;
- Cabeça de leão, corpo de cabra, rabo de serpente e solta fogo pelas narinas;
- Cabeça de leão, cabeça de cabra, cabeça de dragão, corpo de leão e cauda de serpente;
- Duas cabeças de leão, com corpo de dragão e asas de morcego.


A “morte” da Quimera...
Após o período conhecido como Alta Idade Média, quando o poder da Igreja católica foi mais forte, além da expansão da ideia do dragão como um ser fantástico, a Quimera foi perdendo espaço e sumiu dos contos de fadas da Europa. De acordo com os folcloristas especializados em mitologia greco-romana, a figura de São Jorge matando o dragão é a substituição (ou canonização) da imagem pagã de Belerofonte matando com uma lança a Quimera.

Assim, como foi muito comum na Igreja primitiva e na Idade Média, cristianizou-se uma série de elementos mitológicos considerados como pagãos pelos bispos e padres europeus. A Quimera passou a ser a representação da traição, da mentira, da morte e do mal. O herói do conto mais popular, Belerofonte, transformou-se em santo católico, São Jorge, padroeiro da Inglaterra.

sábado, 8 de novembro de 2014

A ORAÇÃO DE JESUS NO GETSÊMANI


Por Pr. Silas Figueira

Para termos um entendimento melhor da morte voluntária de Jesus e do silêncio de Seu Pai em resposta à Sua oração, devemos primeiro olhar mais de perto aquela fatídica noite no Jardim Getsêmani: "Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mateus 26.36-39). Do ponto de vista humano, esse é um dos mais trágicos eventos do Novo Testamento. Lemos uma descrição detalhada do comportamento do Senhor antes de Sua prisão, que resultou em Sua condenação e posterior execução na cruz do Calvário.

No jardim do Getsêmani, afastando-Se dos discípulos e ficando apenas com Pedro e os dois filhos de Zebedeu a Seu lado foi orar. Quando Ele ficou sozinho, mais tarde, "adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando..." (Mt 26.39). Qual foi a Sua oração?"..Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (v. 39). Jesus não recebeu resposta. O Pai ficou em silêncio. Jesus voltou até onde estavam os Seus discípulos: "...E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca"(vv. 40-41). Nesta hora extremamente crítica da Sua vida terrena, o Filho do homem precisou como todo ser humano precisa da simpatia dos outros, ainda que de uns poucos, pois nenhuma vida que seja verdadeiramente humana pode ser completamente independente. Quando Jesus se reúne a seus discípulos os acha dormindo, expressa dolorosa surpresa de que estes três vigorosos pescadores, que tinham passado muitas noites em claro trabalhando sozinhos no Mar da Galiléia, estejam assim tão sem forças que não possam ficar acordados com Ele sequer por uma hora [1]. Algo muito natural tinha acabado de acontecer: a carne dos discípulos não estava disposta e nem era capaz de resistir aos ataques de Satanás.

Não sabemos quanto tempo o Senhor orou, mas deve ter sido durante pelo menos uma hora, se nos basearmos na afirmação: "Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?"Apesar da promessa determinada de Pedro de morrer com o Senhor, ele já havia se afastado da batalha que acontecia no Getsêmani.

"Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (v. 42). Novamente não houve uma resposta do Pai, apenas silêncio. Jesus deu aos discípulos outra chance: "... voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados" (v. 43). Desta vez o Senhor não os acordou nem deu outra instrução. Ao invés disso, lemos que Ele: "... Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras" (v. 44).

"E, estando em agonia, orava mais intensamente." Ao lermos o relato no evangelho de Marcos notamos que o evento é descrito de uma forma um pouco diferente. Entretanto, Lucas revela que após Jesus ter orado, "...lhe apareceu um anjo do céu que o confortava"(Lucas 22.43). Não nos é revelado como ele O "confortava", mas no versículo seguinte lemos que Suas orações tornaram-se ainda mais desesperadas: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra" (v. 44). A palavra agonia é achada somente aqui no Novo Testamento [2].

Quando analisamos esse fato de uma perspectiva humana, ele parece-nos ilógico, porque o versículo anterior diz que Jesus acabara de ser consolado por um anjo do céu, continuando a batalhar em oração a tal ponto que "gotas de sangue" caíram sobre a terra. Foi o consolo do anjo uma resposta à Sua oração ou esse consolo era necessário para que Ele continuasse orando? Creio que a segunda opção é a correta, como veremos ao examinarmos mais detalhadamente essa situação.

Normalmente se interpreta que Jesus, como Filho do Homem, em carne e osso, tinha medo da morte como qualquer outro ser humano, mas mais do que a morte física, porém a morte espiritual que Ele estava por enfrentar. Assim sendo, não seria surpresa que Jesus orasse que "este cálice", representando a morte na cruz, fosse passado d’Ele. Entretanto, tal interpretação não corresponde a versículos como os do Salmo 40.7-8: "Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei". Jesus se agradava em fazer a perfeita vontade de Deus, a qual foi estabelecida antes da fundação do mundo.

Para estar certo de que Davi não estava falando de si mesmo nesta passagem, encontramos a confirmação em Hebreus 10.7, 9, 10: "Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade... então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo. Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas". Se olharmos a oração de Jesus no Jardim do Getsêmani como um sinal de fraqueza, apesar dEle ter sido consolado por um anjo, tal comportamento iria contradizer a passagem profética que acabamos de ler.

Consideremos o texto de Isaías 53.3,5 e 7: "Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso... Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados... Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca".

Como um cordeiro, Jesus foi levado para o matadouro; Ele permaneceu em silêncio como uma ovelha. Essas passagens das Escrituras nos dão razões para crer que algo mais tenha acontecido no Jardim do Getsêmani quando Jesus orou para que "este cálice" pudesse ser passado dEle. Essa seria uma oração desnecessária, uma exibição de fraqueza e indecisão, mas tal quadro não corresponde à descrição completa do Messias.

Enquanto aparentemente o Pai ficou em silêncio diante da tríplice oração de Jesus, as Escrituras documentam que Sua oração, na verdade, foi respondida. Hebreus 5.5 fala de Cristo como o sacerdote da ordem de Melquisedeque: "assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei".

O versículo 7 contém a resposta a essa oração: "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade". O Getsêmani foi o único local onde Jesus pediu que Sua vida fosse poupada; Jesus não morreu no Jardim Getsêmani.

O silêncio aparente de Deus diante da oração de Jesus no Jardim foi, como vimos, uma clara resposta a essa oração. Desse ponto de vista, entendemos que a oração de Jesus não foi para que Sua vida fosse poupada na cruz do Calvário. A oração de Jesus foi ter sua vida poupada para que não morresse ali no Jardim do Getsêmani. Ele estava destinado a morrer na cruz do Calvário para tirar os pecados do mundo.

O que aconteceu no Jardim do Getsêmani? Pelo que já vimos, é claro que os poderes das trevas e mesmo a morte estavam prontos a tirar a vida de Jesus ali mesmo naquela hora. Em Mateus 26.38 lemos: "Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo". Marcos 14.34 revela: "...E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte..." Segundo Tasker Jesus estava com o coração ao ponto de romper-se [3].

Mesmo que Jesus não tenha morrido fisicamente no Jardim do Getsêmani, Ele foi certamente obediente até à morte; Ele experimentou a morte dupla de um pecador condenado! Ele foi "obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2.8).

De Sua agonia de pavor, enquanto contemplava as implicações da sua morte, Jesus emergiu com confiança serena e resoluta. Assim, quando Pedro sacou da espada numa tentativa frenética de impedir a prisão, Jesus pôde dizer: “Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). Visto que João não registrou as orações agonizantes de Jesus pedindo a remoção do cálice, esta referencia a Ele é ainda mais importante. Jesus sabe que o que o cálice não lhe será tirado. O Pai lho deu. Ele o beberá [4].

domingo, 2 de novembro de 2014

Perseverando no Caminho: uma advertência em relação aos falsos mestres


Por João Rodrigo Weronka

Sempre existiram falsos mestres. Sempre. O Novo Testamento está repleto de advertências sobre o assunto. As advertências – bíblicas e históricas – são tantas que preocupa como os cristãos de nossos dias ainda conseguem ser tão tolerantes com aquilo que a Bíblia condena. Seja por ignorância ou na conivência com o erro, os falsos mestres e seus falsos ensinos encontram morada na mente e coração de muitos nesta geração.

Mas e então? Como encarar e como se posicionar diante da necessidade de ser firme em tempos de frouxidão? Como tratar a Verdade numa era em que temos vários conceitos e várias ‘verdades’ diluídas na sopa do pluralismo pós-moderno? Acredito que nossa apologética e pregação devam ser humildes e gentis, mas sem perder a firmeza doutrinária que a Bíblia manda e que a história da igreja preservou e onde perseverou. Vejamos a advertência:

Assim como, no passado, surgiram falsos profetas entre o povo, da mesma forma, haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao cúmulo de negarem o Soberano que os resgatou, atraindo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão seus falsos ensinos e práticas libertinas, e por causa dessas pessoas, haverá difamação contra o Caminho da Verdade. Movidos por sórdida ganância, tais mestres os explorarão com suas lendas e artimanhas. Todavia, sua condenação desde há muito tempo paira sobre eles, e a sua destruição já está em processo. 2Pe 2.1-3 – (Bíblia King James Atualizada – KJA)

Muito bem, a advertência é clara, no contexto o apóstolo Pedro fala que os falsos mestres viriam e o cumprimento profético mostra que eles vieram e estão por aí, queira você admitir ou não. Para melhor esclarecimento do contexto bíblico, leia também Judas 4-18.

Em sua primeira carta (leia 1 Pedro), Pedro trabalha no sentido de encorajamento espiritual, ensino doutrinário fundamental e muitos conselhos para o dia-a-dia do cristão. Ele tratou na primeira carta sobre orientações pastorais para que a igreja naquele momento pudesse enfrentar a perseguição que afligia os irmãos da igreja primitiva.

Já nesta segunda carta, também conhecida por “Epístola da Verdade”, Pedro trabalha sobre o problema dos falsos mestres e suas heresias e a necessidade de alerta e combate ao erro. A sabedoria e conhecimento de Deus tratada nesta carta nos leva a reflexão sobre a necessidade de termos uma práxis cristã sadia entrelaçada a uma teologia profundamente bíblica e ortodoxa. Diante deste cenário perigoso, o porto seguro é o conhecimento de Deus. Estar firme no conhecimento da Verdade é o que faz toda a diferença, como diz Hodge:

Os crentes são filhos da luz. Do povo diz-se que perece por falta de conhecimento. Nada é mais característico da Bíblia do que a importância que ela dá ao conhecimento da verdade. Diz-se que somos gerados por intermédio da verdade; que somos santificados pela verdade; e dos ministros e mestres afirma-se que todo o seu dever é manter a palavra da vida. É por essa crença dos protestantes no essencial do conhecimento para a fé que eles insistiam tão energicamente na circulação das Escrituras e na instrução do povo. [1]

Voltando ao foco da análise bíblica de 2Pe 2.1-3, percebe-se que a sagacidade dos falsos mestres e seu falso e destruidor ensino está caracterizado por diversos pontos expostos:

V. 1 – Assim como no passado os falsos profetas (AT) estavam presentes no meio do povo de Deus, a igreja também presenciaria (e presencia) a existência dos falsos ensinos. São traiçoeiros, pois agem de forma dissimulada, lobos com vestes de cordeiro que introduzem heresias destruidoras, assolando a si mesmos e trazendo a ruína espiritual a todos os que os seguem. O cúmulo deste processo é que ao agir dissimuladamente tais falsários negam o Soberano (neste texto aplicado a Jesus Cristo, assim como em Judas 4). Nas palavras de Lloyd-Jones:

As forças do mal mobilizadas contra nós nunca são tão perigosas como quando nos falam como falsos profetas, ou falsos mestres. As forças do mal têm uma quase interminável variedade de maneiras de lidar conosco; mas, de acordo com o Novo Testamento, elas nunca são tão sutis e perigosas como quando aparecem entre nós como profetas, falsos profetas, que se nos apresentam como fiéis e capazes de guiar-nos e de mostrar-nos o caminho do livramento e do escape. [2]

V. 2 – Oferta e procura religiosa. Eis o âmbito deste versículo, pois na mesma medida que os falsos mestres ampliam o alcance das suas heresias, a massa de incautos os segue e recebem tais ensinos como verdade absoluta, mesmo que tais ensinos entrem em choque com as Escrituras. Falando em massa humana, Lloyd-Jones comenta sobre “volumes” de pessoas como algo que “não se pode avaliar verdade espiritual pelos róis; contagem de cabeças não é um método bíblico de verificar se um ensino é certo ou errado”[3]. Por outro lado vemos alguns que encaram a graça como um artifício para mergulhar no pecado, confundindo liberdade com libertinagem e transformando a graça salvadora de Cristo numa “graça barata”. Caminho perigoso e espinhoso este, que além de flagelar o causador, escandaliza o Caminho (“Caminho”, nome antigo da fé cristã, veja Atos 9.2);

V. 3 – Hereges de seitas gerais e falsos mestres de grupos pseudocristãos tem em comum a sórdida ganância, o impulso por explorar seguidores e a ânsia por dinheiro sobre dinheiro. Se a tribuna, púlpito ou altar do local onde você busca a Deus oferece e dedica mais tempo a falar sobre dinheiro e as eventuais benções meramente terrenas e materiais, se o líder/pastor deste local procura mais enfatizar este aspecto que a proclamação do Evangelho e o ensino de uma vida voltada para glória de Deus, cuide-se! Você pode estar sendo tragado por heresias destruidoras, conduzido por uma pessoa gananciosa, exploradora, herege e que por maior que seja sua aparência de piedade tão somente nega a Cristo.

O motivo da heresia é a ‘avareza’ – o ganho financeiro (2.3). Basta apenas analisar as palavras e a fé contidas nas teologias de várias seitas nos dias de hoje, para se entender a relevância e a urgência das advertências de Pedro. Os falsos mestres ganham os cristãos com histórias engenhosas (1.16), um padrão diretamente oposto à verdade que Pedro e os demais apóstolos testemunharam. [4]

E ainda em resumo:

Os falsos profetas são perigosos por três razões: (1) o seu método é traiçoeiro e conduz a meios vergonhosos, levando a fé a ser difamada, (2) o seu ensino é uma completa negação da verdade e (3) o seu destino é causar destruição tanto a si mesmos quanto aos seus seguidores. [5]

O campo de batalha: a vida, a família, o dia-a-dia

À medida que se aproxima o tempo do fim, cresce a apostasia. As advertências são severas quanto a isso. Como dito a pouco, seria possível citar muitos e muitos textos bíblicos sobre o assunto, mas vamos chamar atenção para esta pequena cadeia de versículos:

Jesus nos advertiu sobre o assunto de modo bem claro:

Então Jesus lhes revelou: “Cuidado, que ninguém vos seduza. Pois muitos são os que virão em meu nome, proclamando: ‘Eu sou o Cristo!’, e desencaminharão muitas pessoas… Então, numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Mt 24.4,5,11 – KJA

Paulo alertou sobre o tema:

O Espírito Santo afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e à doutrina de demônios, sob a influência da hipocrisia de pessoas mentirosas, que têm a consciência cauterizada. São líderes que proíbem o casamento e ordenam a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e estão bem firmados na verdade. 1Tm 4.1-3 – KJA

João trata sobre movimentos que pervertem a Verdade:

Entretanto, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Esse é o modo de ser do mentiroso e do anticristo. Acautelai-vos, para não destruirdes a obra que realizamos com zelo, mas para que, pelo contrário, sejais recompensados regiamente. Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas acredita estar indo além dele, não tem Deus; porquanto, quem permanece na sã doutrina tem o Pai e também o Filho. 2Jo 7-9 – KJA

Judas nos “convoca” para a defesa da Verdade:

Amados, enquanto me preparava com grande expectativa para vos escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário, antes de tudo, encorajar-vos a batalhar, dedicadamente, pela fé confiada aos santos de uma vez por todas. Porquanto, certos indivíduos, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se em vossa congregação com toda espécie de falsidades. Essas pessoas são ímpias e adulteraram a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor. A punição eterna dos ímpios. Jd 3-4 – KJA

É preciso admitir que o modo como a recente apologética foi promovida teve suas falhas. Talvez a pior de todas tenha sido apontar o erro e quase nunca apontar o caminho. Gritar e esbravejar sem apontar para Luz pouco ou nada ajuda quem está em trevas.

Nestes dias, onde pouco se lê e quase nada se medita nas Escrituras, não é de se estranhar que tantos cristãos tomem o texto da Bíblia a seu bel-prazer criando bizarrices icônicas! Por fim, acabam blindando a mente contra a teologia e contra a apologética, ignoram o contexto social e de decadência moral, não enxergam as mudanças no cenário cultural. Esta venda é cômoda ao passo que se sentem satisfeitos com suas vidas, com a prosperidade material (ou a busca desenfreada por tal), com a satisfação do ego, com as cócegas nos ouvidos (2Tm 4.3).

A firmeza em relação aos valores que Deus espera de seu povo é que faz toda a diferença. Olhando assim, ou estamos anunciando e proclamando o Evangelho de Cristo e sendo a sua igreja que o glorifica e adora, ou somos o contingente que está sendo levando “prá lá e prá cá” pelos ventos de doutrina (Ef 4.14).

A Graça é o caminho a ser sempre apontado e relembrado. Firmeza doutrinária, exposição bíblica, proclamar o Evangelho de Jesus e lembrar que o caminho do amor de Deus está escancarado, um caminho que Ele mesmo nos prepara a trilhar. Se apegue a Palavra. Se apegue a doutrina sadia. Confie em Deus e siga adiante, longe da sedução e engano destes falsos mestres.

Concluindo, pense no seguinte: os membros de sua casa, as pessoas a quem você ama: Cônjuge, filhos, netos, parentes. Estas pessoas precisam receber altas doses de esclarecimento bíblico e doutrinário. Deus conduzirá seu povo em caminho seguro, sua igreja não sucumbirá diante do inferno e seus falsos mestres, mas cabe a nós, embaixadores, proclamar, ensinar, viver para glória de Deus e defender a fé. E isso, como já foi dito, não é novidade, é a “velha verdade” ensinada pela Palavra de Deus.

Soli Deo gloria!