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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A tragédia da incredulidade

incredulidade
Texto base: Lc 4.16-30
O texto que lemos nos diz que Jesus foi para Nazaré onde fora criado. Todos ali o conheciam muito bem, assim como toda a sua família. Vemos isto nas próprias palavras das pessoas dando testemunho desse fato: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs?” (Mt 13.55,56); “Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios, e perguntavam: Não é este o filho de José?”(Lc 4.22).
Ali em Nazaré as pessoas não só conhecia a família de Jesus como também a excelência do caráter de Jesus. Ao sair de Nazaré, Jesus foi morar em Cafarnaum após ter sido batizado por João Batista no rio Jordão, e começou seu ministério pregando o Evangelho do Reino e operando muitas maravilhas. Os habitantes de Nazaré, por certo, comentavam entre si: “Ele não deixará de vir visitar os seus familiares; quando Ele vier, nós ouviremos o que o filho do carpinteiro tem a dizer”. Provavelmente havia um interesse em escutar um dos jovens da aldeia quando este se tornava pregador, e esse interesse foi aumentando pela esperança de ver maravilhas, do tipo realizado em Cafarnaum. Mas provavelmente havia um interesse ainda maior, a possibilidade de Jesus passar a morar novamente em Nazaré e torná-la uma cidade famosa entre as cidades das tribos; assim atrairia uma multidão de fregueses às lojas locais, ao tornar-se o Grande Médico de Nazaré! O grande operador de milagres da região! Nazaré, provavelmente, se tornaria um lugar de peregrinação. Quanta vantagem os moradores teriam hospedando os peregrinos, assim como o comércio e os comerciantes teria com Jesus entre eles. Quanto dinheiro eles ganhariam! Isso não lhe soa familiar?
No tempo devido, segundo os próprios planos de Jesus, o Profeta famoso veio até a cidade de Nazaré, e num sábado, Jesus vai à sinagoga local e ali lhe é entregue o livro do profeta Isaías. E em pé lê a passagem de Isaías 61.1,2a; após lê-lo, devolveu-o ao chefe da sinagoga, passando a dizer que aquela passagem bíblica havia se cumprido. Mas o que me chama a atenção é que o Senhor não leu todo o versículo, mas deixou de ler a passagem que diz respeito ao “dia da vingança do nosso Deus”. Provavelmente porque a porta da graça estava aberta, mas ainda não havia chegado o dia da vingança do nosso Deus; mas no tempo certo ela virá, quando a porta da graça for fechada. Lucas nos diz que todos ficaram maravilhados com as palavras de graça que saiam de seus lábios (Lc 4.22), isto é, ficaram maravilhados com a Sua maneira atraente de falar.
Por Jesus ter falado que esta passagem de Isaías havia se cumprido através de seu ministério os moradores locais, e principalmente os doutores da lei, se escandalizaram, pois, Jesus dizia ser o Messias. Isso é mais uma prova de que Jesus tinha tido até seus trinta anos uma vida comum e que nunca havia feito nenhum milagre até então. Agora observe um detalhe, uma coisa era Jesus pregar e operar milagres, mas se passar pelo Messias isso era inaceitável, por isso os nazarenos tentaram lhe matar.
Mas a questão é: O que podemos aprender com esse texto? Que lições podemos tirar dele.
1 – A primeira lição que aprendo é que corremos o risco de nos familiarizarmos com o sagrado (Lc 4.22-24).
É interessante observar que as pessoas sempre estão mais dispostas a ver grandeza nos estranhos do que naqueles que conhecem bem. A familiaridade com Jesus produziu preconceito e não fé. Por conhecerem a origem de Jesus, e principalmente os seus familiares, se escandalizaram de suas palavras (Mt 13.57). Jesus, para os moradores de Nazaré, tornou-se pedra de tropeço e não a pedra de edificação de fé para eles.
Muitos de Nazaré haviam sido criados com Jesus e seus irmãos, eram amigos de longa data. Eram pessoas que tinham um estreito relacionamento com o Salvador. Podemos dizer que muitos eram amigos íntimos da família do Carpinteiro.
- Quantos hoje em nossas igrejas foram criados deste tenra idade na igreja; conhecem tudo a respeito de Jesus, sabem de cor e salteado a respeito dEle. Podemos chamar essas pessoas de “amigos de Jesus”; e existem em nossas igrejas muitos “amigos de Jesus” hoje. Talvez você seja um deles. Gente que conhece bem a história de Jesus, pois andam com Ele há muito tempo. Mas quando Jesus lhes é apresentado como o Salvador do mundo se escandalizam dEle e logo querem deixá-lo também. Ser amigo dEle é uma coisa, recebê-lo como salvador é outra coisa e isso a maioria das pessoas não quer.
O Salmo 128.1 nos diz que “Bem-aventurado o homem que teme ao senhor e anda em seus caminhos”. Isso é mais que relacionamento de amizade, é um relacionamento de compromisso. É mais que tê-lo como companheiro no caminho, mas fazer de tudo para tê-lo em nossa casa (Lc 24.28,29).
A familiaridade com o sagrado nos leva a três situações:
1º – Servir a nós mesmos ou a outros deuses, menos ao Senhor (Mc 10.17-22 Jovem rico).
A Bíblia nos fala do jovem rico que se prostra diante do Senhor Jesus preocupado em saber a respeito da salvação. Jesus de imediato lhe repreende, pois este jovem se prostra perante Jesus homem, mas não o reconhece como o Deus encarnado. Por isso Jesus lhe pergunta: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus”. Quando o Senhor lhe perguntou se ele sabia os mandamentos e lhe dá uma lista deles, imediatamente ele responde que todos eles ele havia observado desde a sua juventude, ou seja, ele fora criado nos princípios da lei desde que nasceu e os observava. Aos olhos humanos este jovem era um excelente judeu, ele nunca havia se desviado dos princípios que fora criado. Este jovem era um exemplo para a sociedade, mas não era para Jesus. Porque o Senhor não vê a aparência, o exterior, mas perscruta o coração (1Sm 16.6,7). Por isso o Senhor Jesus poe a prova a sua fé e ele é desmascarado, pois ele na verdade não servia a Deus, mas a si mesmo e a Mamon.
a – A sua religiosidade o tornara egoísta – “Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Mc 10.21). Ele só olhava para o seu umbigo e não ao redor. Ele não via a necessidade das outras pessoas.
b – Jesus ao falar esta palavra ao jovem rico revela que o seu verdadeiro deus era também Mamon, ou seja, a sua riqueza, pois nos diz o texto que ele saiu contrariado com esta palavra, porque era dono de muitas propriedades (Mc 10.22). A confiança dele estava em seus bens e não em Deus que é o único que pode suprir todas as nossas necessidades (Mc 10.23,24).
As virtudes desse jovem rico eram apenas aparentes. Ele superestimava as suas qualidades. Ele deu a si mesmo nota máxima, mas Jesus tirou sua máscara e revelou-lhe que a avaliação que fazia de si mesmo, da salvação, do pecado, da lei e do próprio Jesus eram superficiais.
- Este jovem via a salvação como mérito e não como um presente da graça de Deus. Por ele ser um observador da lei desde tenra idade não lhe garantia salvação, pois ninguém é salvo por ser religioso, mas pela graça de Deus (Ef 2.8,9).
- Este jovem também não tinha consciência do quanto pecador ele era. Este jovem pensava que suas virtudes externas poderiam agradar a Deus de forma suficiente. Mas veja o que nos diz Isaías 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam”. Ele não percebeu que estava quebrando dois principais mandamentos da lei de Deus: Amar a Deus acima de todas as coisas e aos próximo como a si mesmo. E foi exatamente nisso que o Senhor Jesus o desafiou. Jesus revelou a sua idolatria (egoísmo e a sua riqueza).
- Este jovem não tinha consciência da verdadeira riqueza, para ele eram os seus bens, mas Jesus lhe mostrou que só o Senhor é o verdadeiro bem que temos.
Isso nos mostra que mesmo que uma pessoa tenha sido criada dentro dos princípios bíblicos e ainda que os guarde, pode estar totalmente longe de Deus. Pode estar totalmente perdida. Ser somente um amigo de Jesus.
2º – Banalizarmos o sagrado (2 Sm 6.1-11 Uzá morre por ter posto a mão na arca de Deus). 
A arca deveria ser carregada nos ombros pelos sacerdotes. E os que a carregavam deveriam ser da descendência de Coate, pois somente os coatitas podiam carrega-la. Nem os Gersonitas nem os Meraritas (Uzá) poderiam. Coate, Gérson e Merari eram filhos de Levi, ou seja, eram levitas.
Aiô e Uzá eram netos de Abinadabe e filhos de Eleazar. Os dois sacerdotes cresceram com a Arca em sua casa e aquilo se tornou algo familiar para eles. O fato de toda a sua vida ter conhecido a Arca aliando à geral indiferença poderia ter gerado neles sentimento de excessiva familiaridade com a mesma. Eles não tinham zelo pelo sagrado, aquilo se tornou corriqueiro para eles. Daí eles fizeram como o rei queria, ou seja, carregaram a arca de Deus em um caro de boi, pois para eles aquilo não importava muito. Isso me chama a atenção para a nova geração que está crescendo em nossas igrejas, principalmente filhos de pastores que correm o mesmo risco de verem a igreja como um ganha pão do pai ou ver o pai pastor como uma celebridade e que ele, como filho do pastor, podendo fazer qualquer coisa na igreja e fora dela, pois ele é filho do “dono da igreja”. E é exatamente isso que temos visto por aí. Filhos de pastores que não tiveram ainda uma experiência de conversão e estão seguindo inclusive a “carreira” do pai (não quero dizer com isso que filho de pastor não possa ser chamado para o ministério também). A culpa de tudo isso, geralmente, são dos pais que não corrigem seus filhos. Veja a história do sacerdote Eli que é um bom exemplo disso e até mesmo as dos filhos de Samuel posteriormente:
“Tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel. O primogênito chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito” (1Sm 8.1-3).
Corremos o risco de nossos filhos serem apenas amigos de Jesus.
3º – Ser totalmente consagrado ao Senhor (Lc 2.38 Maria) 
Maria havia sido também ensinada dentro dos princípios da Lei do senhor, no entanto era uma pessoa totalmente consagrada a Deus. Maria foi escolhida para ser a mãe do Salvador porque ela não abortaria o projeto que o Senhor tinha para sua vida.
Veja o que ela estava abrindo mão pelo projeto de Deus:
1º – ELA ESTAVA DISPOSTA A ABRIR MÃO DE SEU CASAMENTO PELO PROJETO DE DEUS. Ela estava disposta a abrir mão do seu casamento com José. Ela estava noiva de José, e esse noivado na verdade equivalia a um casamento; embora eles ainda não houvessem coabitado, pois ainda não estavam morando juntos. Num casamento judeu da época havia três etapas. Primeiro, as famílias dos nubentes concordavam com a união. Depois, era feito um anúncio público. Neste momento, o casal estava oficialmente noivos. A cerimônia era semelhante ao noivado hoje, a não ser pelo fato de que o relacionamento só poderia ser rompido em caso de morte de um dos nubentes ou de carta de divórcio (embora as relações sexuais não fossem permitidas). Então, os noivos se casavam e começavam a viver conjugalmente. Por isso que em Mt 1.19 nos diz que “José, seu esposo, sendo justo e não querendo a infamar, resolveu deixá-la secretamente”.
Maria, pela causa do Senhor estava disposta a abrir mão do seu compromisso com José. Provavelmente ela o amava, mas entre escolher José ou o Senhor, ela escolheu ficar com Deus e o projeto que Ele tinha para sua vida. O preço que ela estava pagando, aos olhos humanos, era muito alto. Quantos que, por muito menos, deixam os projetos de Deus para as suas vidas por escolhas pessoais. Quantos estão trocando Deus por um namoro, pela família, por amigos, pelo prazer.
Maria poderia ter dito para o anjo Gabriel que não podia aceitar tal proposta, pois ela já estava compromissada com José, afinal de contas ele já havia comprado os móveis, arrumado a casa. Ela poderia ter dado mil desculpas, mas a resposta dela foi sim ao projeto de Deus e disse não aos seus projetos (Lc 1.38).
2º – ELA ESTAVA DISPOSTA A ENFRENTAR A SUA FAMÍLIA PELO PROJETO DE DEUS. O que Maria iria dizer para os seus familiares em relação a sua gravidez anunciada pelo anjo? Como ela iria explicar tal acontecimento aos seus pais?
3º – ELA ESTAVA DISPOSTA A ENFRENTAR A SOCIEDADE PELO PROJETO DE DEUS. Se para a família isso era muito difícil, imagine enfrentar a sociedade da época. Se nos dias atuais se uma adolescente aparece grávida já é algo muito desagradável, imagine isso a mais de dois mil anos atrás.
4º – ELA ESTAVA DISPOSTA A ENFRENTAR A MORTE PELO PROJETO DE DEUS. Ela corria o risco de ser morta, pois segundo a Lei se uma moça se deitasse com um homem sem ser casada deveria ser morta. Veja o que diz Deuteronômio 22. 23,24: “Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim, eliminarás o mal do meio de ti”.
2 – A segunda lição que aprendo é que corremos o risco do conhecimento separado da fé (Lc 4.24-27).
Em João 5.43-47 o Senhor falou assim: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis. Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único? Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?”
O povo de Nazaré reconhecia que Jesus fazia coisas extraordinárias e tinha uma sabedoria sobre-humana. Mas reconhecê-lo como o Messias enviado da parte de Deus era demais para eles. Talvez se viesse outro, eles provavelmente acreditariam, tanto que o Senhor lhes falou que nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra (v 24).
Ele confirma isso ilustrando com dois fatos ocorridos no passado. Ele lhes lembra de Elias e Eliseu. Com isso o Senhor estava lhes mostrando que a incredulidade dos nazarenos estava lhes impedindo de ter duas coisas:
1º – A oportunidade que o Senhor lhes estava dando. Tanto que o Senhor não ficou mais ali, foi embora. Nazaré perdeu o tempo da sua oportunidade. A oportunidade da sua salvação, de ver os céus abertos e abrirem as portas do céu para eles. Realizar milagres ali de nada adiantaria, pois eles não criam em Sua deidade, e não seriam os milagres que faria tal coisa. A fé gera milagre, mas o milagre não gera fé.
2º – A oportunidade de o Senhor operar milagres entre eles. Mateus nos diz que o Senhor não pode realizar muitos milagres ali por causa da incredulidade deles (Mt 13.58). Como é desastroso o pecado da incredulidade. A incredulidade rouba do povo as maiores bênçãos.
3 – A terceira lição que aprendo aqui é que por nos familiarizarmos com o sagrado tanto quanto com o conhecimento separado da fé nos leva a expulsar Jesus de nossas vidas (Lc 4.28-30). 
As pessoas de Nazaré ficaram zangadas com Jesus por Ele ter-lhes dito que o Espírito do Senhor estava sobre Ele. Quando Ele disse que era o Messias prometido tudo mudou. Como que o filho do carpinteiro é o Filho de Deus? Lembre-se que estes eram os “seus amigos”, vizinhos que o viram crescer e brincar na infância nas ruas de Nazaré.
Eles se sentiram ofendidos com as palavras de Jesus, pois tais palavras revelava o que se passava em seus corações. Que era a total indiferença que eles tinham. Isso estava sendo revelado no preconceito em relação a sua origem e por Sua “falta” de escolaridade. Em Marcos 6.2 eles questionam isso:
“Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”
Eles tinham a cabeça cheia de perguntas, mas o coração vazio de fé. A incredulidade deles junto com o preconceito levou-os a total incredulidade. A ponto de tentarem matar o Salvador do mundo.
A incredulidade dos nazarenos não matou o Senhor da vida, mas os mantiveram mortos em seus delitos e pecados. A incredulidade é o mais velho pecado do mundo. Ela começou no Jardim do Éden, onde Eva creu nas promessas do diabo, em vez de crer na Palavra de Deus. A incredulidade traz morte ao mundo. A incredulidade manteve Israel afastado da terra prometida por quarenta anos. A incredulidade é o pecado que especialmente enche o inferno: “Quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16).
CONCLUSÃO
Ser simplesmente “amigo de Jesus”, certamente, não lhe levará ao céu. Se você se vê assim ou se você está assim convido-o a deixar de ser amigo de Jesus e tornar-se um servo fiel dEle. Talvez você tenha se acostumado com o sagrado, com os cânticos, com as orações e pregações. Talvez você seja como aquele jovem rico, ou quem sabe como Uzá e Aiô, mas eu lhe convido hoje a ser como Maria, uma pessoa totalmente consagrada a Deus não porque era amiga de Deus, mas por ser uma verdadeira serva do Senhor.

sábado, 6 de setembro de 2014

DESAFIANDO DEUS E O ESPÍRITO SANTO

Desde que venho lendo e estudando sobre escatologia, e acho que até mesmo muitos dos leitores que vêm aqui podemos estar muitas vezes nos perguntado: como será que se iniciará e se dará a reunião de pessoas que irão ter a ousadia suprema de desafiar a Deus numa batalha como a do Armageddon? Sempre me perguntei até onde iria a ousadia e iniquidade do ser humano para tomar tal decisão. Pois bem, depois do que li hoje, vejo que este exército já está sendo formado e estimulado a esse desafio. Deixo vocês com as fontes abaixo sobre os dias que estamos vivendo. A coisa toda está andando mais rápido do que eu imaginava.
NOVO “DESAFIO DA BLASFÊMIA” FORNECE AOS ADOLESCENTES A OPORTUNIDADE DE AMALDIÇOAR O ESPÍRITO SANTO A FIM DE ESPERAR RECEBER A CONDENAÇÃO ETERNA
Blasphemey
Um desafio internet está convidando pessoas para postar um clipe deles xingando Deus ou rejeitando a obra do Espírito Santo em suas vidas. Os promotores do “Blasphemy Challenge” (Desafio da Blasfêmia) estão enviando documentários em DVD gratuitos contra o cristianismo para os adolescentes que completarem o desafio e postar seus vídeos online. “Ele (o desafio da blasfêmia) expõe a mediocridade que é a doutrina cristã”, um dos organizadores do projeto disse à Fox News. O desafio vem de Marcos 3:29, quando Jesus diz: “quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado; ele é culpado de um pecado eterno. “” Os ateus online e adolescentes que estão no desafio da blasfêmia são quase que exclusivamente contra o cristianismo “, disse Perri Frost, um high scool senior. “Quase não há reclamações contra outras religiões. Virtualmente todos os ateus remam contra somente o Cristianismo.”
FRANKLIN GRAHAM: ESTAMOS NAS ÚLTIMAS HORAS POUCO ANTES DA VOLTA DE JESUS CRISTO?
FranklinGraham
Como vocês assistem os jornais de notícias, vocês se sentem como eu, não parece que o mundo está chegando aos finalmentes? Parece não haver fim para a má notícia. O assassinato de cristãos por muçulmanos da Indonésia a Bangladesh no Paquistão. A China derrubando prédios da igreja. Cristãos torturados, decapitados e crucificado no Iraque, com aldeias queimadas e igrejas destruídas, e muito mais na Síria. Jesus advertiu Seus discípulos em Mateus 24, quando perguntaram a ele sobre os sinais do fim dos tempos. Ele disse que haveria guerras e rumores de guerras, fomes, terremotos e pestilências. Ele lhes disse: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e vos matarão: e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” (Mateus 24: 9., KJV). Ao ler essas notícias, eu não posso ajudar, mas me pergunto se estamos nas últimas horas antes de nosso Senhor Jesus Cristo voltar para resgatar a sua igreja e Deus derramar Sua ira sobre o mundo devido a rejeição de Seu Filho. efésios 6;12

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Os Setenta e Cinco Dias de Daniel


Com a proximidade dos tempos do fim, passagens como essa de Daniel ficarão cada vez mais claras

O irmão Daniel de Oliveira, um de meus queridos leitores, pergunta-me qual o significado dos setenta e cinco dias que o profeta Daniel acrescenta ao final da Grande Tribulação (Dn 12.11.12). Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que, talvez, estejamos diante da profecia mais difícil da Bíblia Sagrada. A fim de entendê-la, li o texto diversas vezes, fui aos comentários, fiz perguntas, questionei. Mas, finalmente, acredito ter atinado com o assunto.

Antes de avançarmos na resposta, gostaria de recomendar-lhe duas coisas: Não leia o Apocalipse sem o livro de Daniel. E não tente interpretar o segundo sem a ajuda do primeiro. Ambos completam-se maravilhosamente.

Vejamos, agora, como poderemos entender os setenta e cinco dias doprofeta Daniel.

Um texto particularmente difícil
Eis o texto em questão: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.11-12).

Para entendermos devidamente essa passagem, vamos trabalhá-la em forma de perguntas e respostas.

1. A que período o profeta refere-se nesses dois versículos?

Daniel se refere à segunda metade da Septuagésima Semana. Na primeira parte desse período, o Anticristo celebrará uma aliança com Israel. Através de artifícios diplomáticos e políticos, o enganador facilitará, inclusive, a reconstrução do Santo Templo (Dn 9.27; Mt 24.15). Entretanto, na segunda metade, romperá o acordo com os judeus, entronizando-se no santuário, como se fora o próprio Deus (2 Ts 2.1-4). E isso os israelitas não permitirão.

Contrariado, o iníquo se voltará contra eles. Nesse momento, terá início a Grande Tribulação propriamente dita, com uma duração de três anos e meio, ou 1260 dias (Ap 11.03). 

2. Por que, no Apocalipse, a Grande Tribulação dura 1260dias, ao passo que, em Daniel 12.11,12, são acrescentados 30 dias a esse período?

"Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias" (Dn 12.11).

Sim, o que ocorrerá nesses 30 dias? Embora não possamos afirmar com segurança, é-nos permitido sugerir que, nesse período, haverá o Julgamento das Nações. Ou seja: Jesus, auxiliado pela Igreja e pelos santos anjos, julgará os que tiverem sobrevivido à Grande Tribulação, logo após o término desta.
Por conseguinte, o Julgamento das Nações, descrito em Mateus 25.31 a 46, terá a duração de 30 dias, segundo podemos inferir do texto de Daniel que estamos considerando.

Não devemos confundir esse julgamento com o Tribunal de Cristo nem com o Juízo Final. Ele será destinado às nações que houverem sobrevivido à ira do Cordeiro de Deus, que as avaliará quanto ao tratamento que elas tiverem dispensado a Israel e à Igreja.

3. Por que, após o final do Julgamento das Nações, os santos terão de esperar mais 45 dias, até que o Milênio seja estabelecido na terra?

"Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias" (Dn 12.12).

Nesse ponto, nem subsídios para inferirmos qualquer coisa possuímos. Realmente, não sabemos o porquê desse intervalo de 45 dias para a implantação do Reino de Deus na terra.

O que sabemos é que os santos, nesse período, terão de esperar com paciência e perseverança esse mês e meio. Por quê? Mais uma prova de paciência e amor? Não o sabemos. No quadragésimo sexto dia, entretanto, virá o Senhor Jesus e, na terra, implantará o Milênio.

4. Como podemos esquematizar os dias acrescentados àprofecia de Daniel 12.12,13?

Em termos genéricos, assim podemos esquematizar a segunda metade da Septuagésima Semana de acordo com Daniel 12.11,12:

Duração da segunda metade da Septuagésima Semana, ou da Grande Tribulação propriamente dita: 1260 dias. Ler Apocalipse 11.3; 12.16.

Duração do Julgamento das Nações: 30 dias.

Intervalo entre o final do Julgamento das Nações e a implantação do Milênio: 45dias.

Conclusão
Com a proximidade dos tempos do fim, passagens como essa ficarão cada vez mais claras. Por enquanto, louvemos a Deus pelo fiel cumprimento de sua palavra. O mais importante é que Cristo em breve virá. Quanto mais lermosDaniel, mais viremos a entender-lhe as profecias. É o que o próprio Deus nos promete: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará” (Dn 12.4). 

No Reino de Deus,

Estudo Bíblico Nossos Corpos Ressuscitarão? Como?


Assistir a um corpo descendo à cova não é nada fácil. Mais impactante ainda é assistir às cinzas de um corpo cremado sendo lançadas ao mar. O que será desses corpos? Digo, dentro da perspectiva cristã.

O credo apostólico é claro quanto à crença cristã histórica na ressurreição, tanto de Cristo, quanto de todos os homens. Nele se afirma que Jesus Cristo foi “morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos .” Além de chancelar a crença “na ressurreição do corpo (1) e na vida eterna.” Mas como isso se dará?

O que dizer de corpos que foram reduzidos a nada? Seus átomos se espalharam pelo ar e hoje fazem parte de outros corpos e até de objetos inanimados. Como reagrupá-los? Que Deus é onipotente, todos concordamos sem titubear. Todavia, se um átomo que antes pertencia a um corpo, agora pertence a outro, a qual deles ele se ajuntará na ressurreição? E no caso de um órgão que tenha sido doado, em que corpo ressuscitará, no que doou ou no que recebeu?

Na fantasia de muitos, quando a última trombeta soar e Cristo surgir entre as nuvens do céu, os túmulos se abrirão, e os corpos se levantarão reanimados. Talvez uma leitura literal dos textos sagrados sugira isso. Porém, devemos cuidar para que não tropecemos numa literalidade radical, e, assim, exponhamos a autoridade bíblica ao desprezo de muitos desnecessariamente.

Obviamente que tal expectativa está embasada nas Escrituras, em pelo menos dois dos seus textos. Um deles está em Ezequiel 37:12-13, onde lemos: “Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.” Basta conferir o restante do texto para perceber seu caráter alegórico, apontando para a ‘ressurreição’ de Israel como nação, e não a ressurreição universal que ocorrerá no último dia. O outro texto é ainda mais contundente. Nele, o próprio Cristo declara: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”(João 5:28-29).

Repare que em momento algum Ele diz que os mortos sairão dos seus respectivos sepulcros. O que é afirmado ali é que aqueles cujos corpos estavam nos sepulcros naquele momento, um dia ouviriam a sua voz e ressuscitariam.

Se devêssemos fazer uma leitura literal, como ressurgiriam os que não houvessem sido sepultados? O que dizer dos que foram cremados? E os que foram vítimas da explosão de uma bomba? E os que tiveram seus corposlançados ao mar e foram devorados por peixes? Estas questões demonstram o absurdo de se crer que a ressurreição tenha a ver com a reanimação de corpos.

Outra coisa que acaba por confundir a muitos é o fato de que a Bíblia garante queexperimentaremos uma ressurreição semelhante a de Jesus. Ora, Ele ressuscitou com o mesmo corpo, embora glorificado. Então, conclui-se que também ressuscitaremos com os mesmos corpos. A base para tal conclusão está em Filipenses 3:21, onde Paulo declara que Cristo “transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.” Mesmo que o resultado seja o mesmo, o processo será diferente. Isto porque Jesus não viu a corrupção, isto é, Seu corpo não chegou a decompor-se (At.2:31). Apesar de que seremos ressuscitados pelo mesmo poder que O levantou dentre os mortos, recebendo corpos igualmente incorruptíveis e glorificados, passaremos por um processo diferente, pois nossoscorpos terão sido decompostos.

Convém, ainda, salientar que, a Bíblia fala da ressurreição do "corpo" (soma), não da "carne" (sarx). Isso, porque "carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção"(1 Co.15:50). O corpo espiritual de que fala Paulo será tangível, material, mas não carnal, sujeito ao desgaste do tempo e à morte. 

Ora, se não sairão dos sepulcros, de onde virão os corpos dos ressuscitados?

A resposta pode ser encontrada em diversas passagens, porém, quero destacar duas.

Em Judas 1:14 lemos que Cristo virá “com milhares de seus santos.” E em 1 Tessalonicenses 4:14, Paulo diz que “aos que em Jesus dormem, Deus os tonará a trazer com ele.”

Portanto, quando Cristo aparecer em glória, os santos de todas as eras virão juntamente com Ele em seus corpos glorificados.

Estes corpos não são a continuidade dos atuais. Pelo menos, não para os que houverem morrido. Paulo compara nosso corpo atual a uma tenda portátil, chamada ali de tabernáculo, enquanto nosso corpo celestial seria um edifício, reservado no céu para nós. As moradas a que Jesus se refere como estando sendo preparadas para nós não são mansões literais, mas nossos novos corpos.

Tão logo deixamos este corpo, somos remetidos ao último dia, recebendo de imediato um corpo glorioso e imperecível, de modo que, jamais viveremos sem um corpo. Leia atentamente e confira se não é isso que Paulo nos garante:

“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se é que, estando vestidos, não formos achados nus. Porque, na verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não queremos ser despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida.”2 Coríntios 5:1-4

Provavelmente o texto mais esclarecedor sobre o assunto, encontra-se na primeira epístola enviada por Paulo a esta mesma igreja, no capítulo 15. Ali, ele oferece resposta a várias questões relativas ao tema.

“Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo.” 1 Coríntios 15:35-38

Sem uma compreensão ampla, podemos deduzir precipitadamente que Paulo estivesse afirmando que o novo corpo nada mais será do que a continuação deste, e que, portanto, nosso corpo atual terá que deixar a sepultura ao clangor da última trombeta.

Todavia, o que Paulo está dizendo é exatamente o oposto. “Quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer (...) Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (1 Co.15:42-44). Logo, o corpo que desce à sepultura não é o mesmo que se manifestará com Cristo em glória. 

Apesar de espiritual, ainda assim, será corpo. Não será uma fumacinha. Nem uma energia sutil. Mas, corpo tangível, tal qual o do Cristo ressurreto, que não apenas pôde ser tocado por Tomé e pelos demais discípulos, mas também processou alimento e conservou várias das características físicas, inclusive as cicatrizes.

Mesmo que não seja exatamente o mesmo corpo, creio que nosso corpo espiritual guardará várias de nossas características físicas, sobretudo, as fisionômicas. É como se Deus guardasse nos arquivos celestiais um backup com a sequência exata de nosso DNA, acrescido do código de nossa consciência, que preservará intacta a memória de todas as nossas experiências. Nada se perderá! A única coisa que será removida de nossa natureza será o pecado, causador da morte. Seremos nós, nosso código genético, nossa personalidade, nossa fisionomia, porém, aperfeiçoados, sem enfermidades ou deformações, sejam de caráter físico ou psicológico. Talvez, apenas algumas cicatrizes que serão comotroféus, marcas de uma vida dedicada à causa do reino de Deus e de Sua justiça.

E quanto aos que estiverem vivos no momento em que Jesus Se manifestar em glória? Segundo Paulo, “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarãoincorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Co. 15:51-53).

Diferente de Jesus, cujo corpo não chegou a corromper-se, e daqueles que estiverem vivos no momento da parousia, os que já houverem morrido, terão que receber um novo corpo. Essa "tenda" é apenas o andaime que precisará ser removido para dar lugar ao edifício glorioso que emergirá. De uma maneira ou de outra, quer estejamos vivos ou mortos, o fato é que receberemos novos corpos, que, ao mesmo tempo, será continuação do atual no que tange à morfologia (forma), e algo totalmente novo no que tange à natureza. Sem este novo corpo, jamais poderíamos viver no ambiente da eternidade, composto do novo céu e da nova terra, que nada mais são do que os atuais inteiramente restaurados à sua ordem original.

Fique tranquilo, que certamente nos reconheceremos lá, mesmo com as eventuais correções em nossa aparência. Nossa personalidade, e, por conseguinte, nossa memória serão preservadas. Nossa história jamais será esquecida. Caso contrário, não seríamos nós, mas outros. E não haveria qualquer razão para ações de graça. Como agradecer por algo de que não temos qualquer lembrança? Como poderemos louvar ao Cordeiro, senão nos lembrarmos dos nossos pecados que O levaram à cruz?

Quando a Bíblia diz que não haverá mais lembranças das coisas passadas, não é no sentido de que seremos submetidos a uma espécie de amnésia. Mas no sentido de que não serão mais essas lembranças que determinarão nossa vida. Assimcomo Deus diz não se lembrar dos nossos pecados. Todavia, ninguém deduz daí que Ele sofra de alguma amnésia.

(1) O credo original traz "ressurreição da carne" em vez de "ressurreição do corpo", todavia, as Escrituras usam o termo "carne" como eufemismo do ser humano como um todo, material e espiritual.

| Autor: Hermes C. Fernandes | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |

domingo, 24 de agosto de 2014

O futuro da igreja no brasil


Qual o futuro da igreja evangélica no Brasil?

Quando olho o atual cenário da igreja evangélica brasileira – estou usando o termo “evangélica” de maneira ampla – confesso que me sinto incapaz de prever o que vem pela frente. Há muitas e diferentes forças em operação em nosso meio hoje, boa parte delas conflitantes e opostas. Olho para frente e não consigo perceber um padrão, uma indicação que seja, do futuro da igreja.

Há, em primeiro lugar, o crescimento das seitas neopentecostais. Embora estatísticas recentes tenham apontado para uma queda na membresia de seitas como a Universal do Reino do Deus - que ressurge das cinzas com o "templo de Salomão" - , outras estão surgindo no lugar, como na lenda grega da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que se regeneravam quando cortadas.

A enorme quantidade de adeptos destes movimentos que pregam prosperidade, cura, libertação e solução imediata para os problemas pessoais acaba moldando a imagem pública dos evangélicos e a percepção que o restante do Brasil tem de nós. Na África do Sul conheci uma seita que mistura pontos da fé cristã com pontos das religiões africanas, um sincretismo que acaba por tornar irreconhecível qualquer traço de cristianismo restante.

Temo que a continuar o crescimento das seitas neopentecostais e seus desvios cada vez maiores do cristianismo histórico, poderemos ter uma nova religião sincrética no Brasil, uma seita que mistura traços de cristianismo com elementos de religiões afro-brasileiras, teologia da prosperidade e batalha espiritual em pouquíssimo tempo.

Depois há o movimento “gospel”, que mostrou sua popularidade ao ter o festival “Promessas” veiculado pela emissora de maior audiência do país. Não me preocupa tanto o fato de que a Rede Globo exibiu o show, mas a mensagem que foi passada ali. A teologia gospel confunde “adoração” com pregação, exalta o louvor como o principal elemento do culto público, anuncia um evangelho que não chama pecadores e crentes ao arrependimento e mudança de vida, que promete vitórias mediante o louvor e a declaração de frases de efeito e que ignora boa parte do que a Bíblia ensina sobre humildade, modéstia, sobriedade e separação do mundo.

Para muitos jovens, os shows gospel viraram a única forma de culto que conhecem, com pouca Bíblia e quase nenhum discipulado. O impacto negativo da superficialidade deste movimento se fará sentir nesta próxima geração, especialmente na incapacidade de impedir a entrada de falsos ensinamentos e doutrinas erradas.

Notemos ainda o crescimento do interesse pela fé reformada, não nas igrejas históricas, mas fora delas, no meio pentecostal. Não são poucos os pentecostais que têm descoberto a teologia reformada – particularmente as doutrinas da graça, os cinco slogans (“solas”) e os chamados cinco pontos do calvinismo. Boa parte destes tem tentado preservar algumas idéias e práticas características do pentecostalismo, como a contemporaneidade dos dons de línguas, profecia e milagres, além de uma escatologia dispensacionalista.

Outros têm entendido – corretamente – que a teologia reformada inevitavelmente cobra pedágio também nestas áreas e já passaram para a reforma completa. Mas o tipo de movimento, igrejas ou denominações resultantes desta surpreendente integração ainda não é previsível.

O impacto das mídias sociais também não pode ser ignorado. E há também o número crescente de desigrejados, que aumenta na mesma proporção da apropriação das mídias sociais pelos evangélicos. Com a possibilidade de se ouvir sermões, fazer estudos e cursos de teologia online, além de bate-papo e discipulado pela internet, aumenta o número de pessoas que se dizem evangélicas mas que não se congregam em uma igreja local.

São cristãos virtuais que “freqüentam” igrejas virtuais e têm comunhão virtual com pessoas que nunca realmente chegam a conhecer. Admito o benefício da tecnologia em favor do Reino. Eu mesmo sou professor a quinze anos de um curso de teologia online e sei a benção que pode ser.

Mas, não há substituto para a igreja local, para a comunhão real com os santos, para a celebração da Ceia e do batismo, para a oração conjunta, para a leitura em uníssono das Escrituras e para a recitação em conjunto da oração do Pai Nosso, dos Dez Mandamentos. Isto não dá para fazer pela internet. Uma igreja virtual composta de desigrejados não será forte o suficiente em tempos de perseguição.

Eu poderia ainda mencionar a influência do liberalismo teológico, que tem aberto picadas nas igrejas históricas e pentecostais e a falta de maior rapidez e eficiência das igrejas históricas em retomar o crescimento numérico, aproveitando o momento extremamente oportuno no país. Afinal, o cristianismo tem experimentado um crescimento fenomenal no chamado Sul Global, do qual o Brasil faz parte.

Algumas coisas me ocorrem diante deste quadro, quando tento organizar minha cabeça e entender o que se passa.

1 – Historicamente, as igrejas cristãs em todos os lugares aqui neste mundo atravessaram períodos de grande confusão, aridez e decadência espiritual. Depois, ergueram-se e experimentaram períodos de grande efervescência e eficácia espiritual, chegando a mudar países. Pode ser que estejamos a caminho do fundo do poço, mas não perderemos a esperança. A promessa de Jesus quanto à Sua Igreja (Mateus 16:18) e a história dos avivamentos espirituais nos dão confiança.

2 – Apesar de toda a mistura de erro e verdade que testemunhamos na sincretização cada vez maior das igrejas, é inegável que Deus tem agido salvadoramente e não são poucos os que têm sido chamados das trevas para a luz, regenerados e justificados mediante a fé em Cristo Jesus, apesar das ênfases erradas, das distorções doutrinárias e da negligência das grandes doutrinas da graça.

Ainda assim, parece que o Espírito Santo se compraz em usar o mínimo de verdade que encontra, mesmo em igrejas com pouca luz, na salvação dos eleitos. Não digo isto para justificar o erro. É apenas uma constatação da misericórdia de Deus e da nossa corrupção. Se a salvação fosse pela precisão doutrinária em todos os pontos da teologia cristã, nenhum de nós seria salvo.

3 – Deus sempre surpreende o Seu povo. É totalmente impossível antecipar as guinadas na história da Igreja. Muito menos, fazer com que aconteçam. Há fatores em operação que estão muito acima dos poderes humanos. Resta-nos ser fiéis à Palavra de Deus, pregar o Evangelho completo – expositivamente, de preferência – viver uma vida reta e santa, usar de todos os recursos lícitos para propagar o Reino e plantar igrejas bíblicas e orar para que nosso Deus seja misericordioso com os seus eleitos, com a Sua igreja, com aqueles que Ele predestinou antes da fundação do mundo e soberanamente chamou pela Sua graça, pela pregação do Evangelho.

Fontes: Surfando no Assude , O Tempora