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domingo, 7 de julho de 2013

a chamda para o ministerio.

A CHAMADA PARA O MINISTÉRIO


Por Pr. Silas Figueira

Creio que a vida do pastor começa com o seu chamado. Muitos pensam que é o seminário que faz o pastor, mas não é. O papel do seminário é a formação acadêmica do vocacionado. Erwin Lutzer define o chamado pastoral assim: “O chamado de Deus é uma convicção interior, dada pelo Espírito Santo e confirmada pela Palavra e pelo corpo de Cristo”.1 Agora é bom deixar claro que existe o pastor chamado e o chamado pastor. O primeiro é vocacionado por Deus, já o segundo se auto vocaciona.

A vocação para o pastorado é a mais sublime de todas as vocações. O Rev. Hernandes Dias Lopes citando John Jowett diz que vocação pastoral não acontece quando você busca fazer medicina, e não consegue passar no vestibular; corre para engenharia, e não logra êxito; bate à porta de outro curso universitário, e também fracassa; então, conclui que Deus está abrindo a porta do ministério. Ao contrário, vocação pastoral é quando todas as outras portas estão abertas, mas você só anseia entrar pela porta do ministério. O chamado de Deus é irrevogável e intransferível. Quando ele chama, chama eficazmente.2 Os vocacionados não são profissionais, frutos de uma decisão meramente humana nem são sacerdotes separados por uma herança familiar. São homens separados com um propósito divino.

CARACTERÍSTICAS DO CHAMADO

Certamente nem todos são chamados por Deus da mesma maneira. Deus chama pessoas diferentes, em circunstâncias diferentes, em idades diferentes, para ministérios diferentes. Ao olharmos para os homens de Deus, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, encontramos pessoas com diversos chamados. O chamado de Deus é intransferível, irrevogável e é uma chamada eficaz. Com ele obtemos a firmeza de propósito para o ministério sem olhar para trás.

Como já falamos o chamado não ocorre da mesma maneira com todos os vocacionados. Para algumas pessoas a chamada pode ser repentina; para outras, pode ser gradativa. Uma pessoa pode não sentir nenhum chamado até ser incentivada por outras pessoas. Veja o exemplo de Eliseu:

“Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele. Então, deixou este os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. Elias respondeu-lhe: Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo. Voltou Eliseu de seguir a Elias, tomou a junta de bois, e os imolou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se dispôs, e seguiu a Elias, e o servia” (1Rs 19.19-21).

O exemplo da vida de Elizeu se repetiu na vida do jovem teólogo João Calvino. Diz a história que João Calvino passou a noite em Genebra depois que o inflamado pregador Ferrel lhe apontou o dedo e disse: “Se você não ficar aqui em Genebra e não ajudar o movimento da Reforma, Deus o amaldiçoará!”. É certo que foi algo incomum, mas será que alguém discorda de que Calvino fora chamado por Deus para ministrar em Genebra? Pergunta Lutzer.3

Outro exemplo que temos é o chamado de Jeremias, que foi chamado por Deus ainda criança.

“A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações. Então, lhe disse eu: ah! SENHOR Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança” (Jr 1.4-6).

O apóstolo Paulo teve um chamado direto apesar de ser perseguidor da Igreja.

“Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9.1-6).

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2).      

“Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento” (At 26.19,20).

No entanto, vemos algo comum em todos eles, foi o Senhor quem os comissionou. Com isso podemos aprender algumas lições:

O Senhor é quem dá pastores à Sua Igreja. Ao olharmos para a vida dos comissionados pelo Senhor através da lente das Escrituras Sagradas, nós encontramos pessoas que questionaram o seu chamado, pois não se viam capazes para realizar tão grande obra. Eram pessoas que, humanamente falando, não tinham condições de exercer o chamado divino. Mas com isso aprendemos que quem comissiona também capacita. Vejamos alguns exemplos bíblicos. Moisés era pesado de língua - gago (Êx 4.10); Jeremias não passava de uma criança (Jr 1.6); Paulo se considerava o menor dos apóstolos e o maior dos pecadores, no entanto o Senhor o colocou no lugar de maior honra na história da Igreja. Pedro se via como um homem pecador (Lc 5.8-10). Aprendemos com esses exemplos que nenhum pastor pode fazer a obra do Senhor de forma eficaz com altivez e orgulho. A soberba precede a ruína. A vaidade é a antessala do fracasso. Toda glória que não é dada a Deus é glória vazia. Não estamos no ministério porque somos alguém, estamos para anunciar o único que é digno de receber toda honra, glória e louvor.4  Estamos no ministério mediante a graça de Deus e não por capacidade humana.

Deus dá Pastores à Sua Igreja. Em Efésios 4.11, nós encontramos a relação de cinco ministérios específicos, apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. A maioria dos teólogos entende que pastores e mestres constituem um só ofício com dupla função. O pastor ensina e exorta. A sua função é alimentar, cuidar, proteger, vigiar e consolar as ovelhas (At 20.28-30).  Embora todo pastor deva ser mestre, nem todo mestre é pastor.  Atualmente nós temos visto uma distorção em relação ao que realmente seja ser pastor e pastorear.

Para muitos o pastorado é simplesmente um status. Um título que foi alcançado através do estudo em um seminário. Por isso que encontramos muitos pastores incrédulos; e por não ter fé, o pastor incrédulo tem que direcionar seu ministério e seu culto para áreas onde sua incredulidade passe mais despercebida. Daí, a liturgia formalista, o ritual litúrgico elaborado, as recitações, as fórmulas, os paramentos, as cores, os símbolos, tudo voltado para ocupar os sentidos de maneira que a fé não faça falta. Não estou afirmando que toda igreja com liturgia formalista seja necessariamente liderada por um pastor sem fé; apenas que é mais fácil disfarçar a incredulidade em custos assim.5

Mas se existe o infiel, existem também os fiéis. Os que levam Deus a sério e o seu chamado para o ministério. São homens que deixaram seus projetos para realizar o projeto de Deus. Que abraçaram a causa do Mestre sabendo que o que estavam fazendo era para glória, honra e louvor do Senhor dos senhores apenas. Homens que podem falar como o apóstolo Paulo: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

quinta-feira, 4 de julho de 2013

naõ se sente qualificado para o seu chamado?

Não se sente qualificado para o seu chamado?

lost-baner
 
Por Jon Bloom
 
Pelos primeiros quarenta anos de sua vida, Moisés viveu em um lugar de força. Sendo um membro da casa do Faraó, ele tinha prestígio social, riqueza (Hebreus 11.26) e a força da juventude. Quando percebeu e perturbou-se pela opressão que seu povo estava enfrentando, ele usou sua força para fazer justiça com as próprias mãos contra um Egito opressor. Esse não era o plano de Deus para a libertação. Ele teve que fugir para continuar vivo e acabou cuidando de gado nos quietos campos de Midiã pelo seu segundo período de quarenta anos.

Assim, ele passou sua juventude em um palácio de poder e seus anos de meia-idade em pastos de serena obscuridade. Então um dia ele deu de cara com uma sarça ardente, o que acabou sendo um chamado surpreendente de Deus para seu terceiro período de quarenta anos.

“Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egito o meu povo, os israelitas” (Êxodo 3.9-10).

Esse chamado deixou Moisés com medo, fora de si. Tanto que ele discutiu face a face com Deus.
 
Objeção 1: Eu não sou ninguém, Deus. 

“Moisés, porém, respondeu a Deus: ‘Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egito’?” (Êxodo 3.11). Qualquer fama ou credibilidade social que eu já tive acabaram. Na verdade, eu sou um pastor e “todo pastor de ovelhas é abominação aos egípcios” (Gênesis 46.34).

Objeção superada: “Eu estarei com você” (Êxodo 3.12). Esse chamado não é baseado na sua credibilidade, mas na minha. Eu não quero o Egito ou Israel impressionados com você. Eu quero que eles se impressionem comigo.
 
Objeção 2: Eles não vão acreditar em mim, Deus. 

“E se eles não acreditarem em mim nem quiserem me ouvir e disserem: ‘O Senhor não lhe apareceu’?” (Êxodo 4.1). Eles vão pensar que eu sou um tolo. Eu posso crer em você porque você está se revelando a mim. Mas nós estamos aqui em cima em uma montanha onde ninguém pode nos ver. Eu ainda não sou ninguém e ninguém vai escutar as palavras de um ninguém, especialmente quando ele afirmar estar falando em nome de Deus!

Objeção superada: Eu estarei com você. O mesmo poder que eu demonstrei para você em secreto eu demonstrarei “para que eles acreditem que o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, apareceu a você” (Êxodo 4.5). Meu objetivo é impressioná-los comigo, não com você. Acredite em mim, eu vou me mostrar!
 
Objeção 3: Eu não tenho dons para fazer isso, Deus. 


“Ó Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem no passado nem agora que falaste a teu servo. Não consigo falar bem” (Êxodo 4.10). Conheço as expectativas retóricas da corte do Faraó. Digo, eu nem mesmo me qualificaria para o Programa de Talentos de Midiã! Você não leu os livros sobre as capacidades humanas, Deus? Eu não posso fazer isso!

Objeção superada: Moisés, “quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor? Agora, pois, vá; eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer” (Êxodo 4.11-12). Você ainda não entendeu. Quero o Egito e Israel impressionados comigo, não com você. Não tenha medo. Eu estarei com você e com sua boca inexpressiva.
 
Objeção 4: Não me faça fazer isso, Deus. 

“Ah Senhor! Peço-te que envies outra pessoa” (Êxodo 4.13). Deus, sério, tem que ter um candidato melhor para essa tarefa! Eu ainda devo estar sendo procurado no Egito por assassinato. Se não, eu sou apenas um ninguém. Pior, eu sou um pastor! E como se não bastasse ser uma obscura abominação assassina, eu me atrapalho todo quando falo em público! Eu não quero esse chamado.

Objeção superada: Chega! Eu tenho razões para escolher você para esse chamado. Você ainda não sabe todos os propósitos que tenho, então pare de se apoiar em seu próprio entendimento e confie em mim (Provérbios 3.5-6)! Mas como você tem tão pouca fé para isso, te enviarei seu irmão mais eloquente, Arão, contigo e “eu estarei com vocês quando falarem, e lhes direi o que fazer” (Êxodo 4.15). Agora mexa-se!

Você se sente desqualificado para aquilo que Deus está lhe chamando para fazer? Junte-se ao time. Trabalho do Reino é um trabalho sobrenatural, não importa qual seja o seu chamado. Se ele não requer fé real, uma desesperada dependência de que Deus esteja com você para ter sucesso, então ou não é um chamado de Deus ou você ainda não o entendeu.

Você tem discutido com Deus sobre suas qualificações para o chamado? Se sim, lembre-se de Moisés. E lembre-se de que o chamado de Deus para você não é sobre você. É sobre Ele. E a pergunta é: Você está desejando que Deus use suas fraquezas para mostrar quão impressionante Ele é?

Não use suas fraquezas como uma desculpa para a incredulidade. Prossiga pela fé. Deus estará com você, lhe guiará, lhe dará a ajuda que você precisar. Porque o modo de operação padrão de Deus é escolher…

“as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele” (1 Coríntios 1.26-29).
 
Fonte: Ipródigo

como nasce um pastor.

Como nasce um pastor?



“É um grande privilégio ser escolhido por Deus para fazer a sua Obra, mas é um grande dever do escolhido preparar-se para realizá-la”. Sandro dos Anjos.

O chamado de um pastor é um dos assuntos mais evidentes nas Sagradas Escrituras. Seu perfil e caráter são revelados tanto no Novo como no Antigo Testamento de forma impressionante e segura.

Mas parece que as credenciais bíblicas do chamado e vocação pastoral são ignoradas por alguns grupos cristãos, no que tange aos princípios para a ordenação e consagração de ministros. O que vemos muitas vezes são “pastores” realizando funções protocolares no ministério, do que ministros desempenhando o dom espiritual do apascentamento e cuidado da Igreja de Cristo. E, mais tenebroso ainda é reconhecer que existem muitos pastores que não são pastoreados, verdade essa tão clara que você pode até achar estranho o fato do ministro precisar dessa assistência, mas todo pastor necessita de uma cobertura, como assim fizeram Barnabé com Paulo (At.9.26-28; 11.22-26; 13.1-3), Paulo com Timóteo (2ª Tm.1.1-8, 13-15; 2.1,2) e muitos outros exemplos.

Mas todos os pastores precisam realmente de um chamado exclusivo por Deus? Um pastor que não possui o chamado não terá êxito mesmo estando na função? As frustrações pastorais testemunhadas em nossos dias são resultados do erro quanto ao chamado ministerial? Afinal, como nasce um pastor?

Primeiro desejo esclarecer os significados das palavras “vocação” e “chamado”, visto que se tratando do contexto religioso, ambas se encontram interligadas. O termo vocação, do lat.vocare é a inclinação e aptidão para determinada função. Denota uma disposição natural para uma coisa; e Chamado é a confirmação da vocação para a determinada Missão. Denota o mecanismo de ação da vocação.

Devemos iniciar o entendimento bíblico do chamado em questão, a partir da figura e descrição ilustrativa do pastor de ovelhas do Antigo Testamento, pois nessa esfera, a vida do pastor em muitos aspectos é sintonizada em um paralelo com os relacionamentos espirituais do líder cristão, sendo usada pelos escritores bíblicos, repetidas vezes, como uma luz eficaz para a transmissão de experiências quanto ao ministério e chamado do pastor.

O pastor de ovelhas no Antigo Testamento era facilmente identificado por quatro elementos indispensáveis em sua função: O cajado, a vara, a capa e, o alforje.

O cajado era usado principalmente para guiar o rebanho e socorrer as ovelhas quando preciso (Êx. 21.19; 1º Sm. 17.40; Zc. 8.4). A vara era um símbolo de proteção e, em outros textos é chamada de bordão (2º Re. 4.29). A capa era muito importante para o pastor se acolher e se proteger e, o alforje levava alguns pertences de uso pessoal do pastor (1º Sm. 17.40).

Quando chegamos ao cenário histórico do Novo Testamento vemos os líderes sendo chamados para “pastorear” o rebanho de Deus. Aqui temos o uso do termo pastor como uma nomenclatura que identificaram as próprias palavras de Cristo, quando usando a figura de metáfora, disse de Si mesmo: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas [...] Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. (Jo. 10.11-14).

Jesus usou a comparação por que sabia muito bem acerca do cuidado do pastor com as ovelhas nos campos. Ser pastor a partir daquele momento, na visão bíblica e neotestamentária, significava cuidar de vidas da mesma forma que Cristo demonstrou no cuidado e ensino no seu ministério na terra.

Partindo desses princípios referentes às atividades da figura do pastor tanto no AT como as comparações e simbolismo no NT, a Bíblia nos revela as três funções que compreendiam as atividades reais de um pastor:  

1) A proteção exclusiva do rebanho contra as feras e os perigos naturais; 2) O zelo pela seleção dos melhores pastos e campos verdes e; 3) O trato no crescimento da ovelha, com o cuidado do peso e o desenvolvimento de sua lã.

A partir dessas bases a Bíblia deixa clara acerca do verdadeiro chamado de um pastor. Trata-se do servo que desde seus primeiros passos na jornada cristã, junto aos seus (sua igreja e seu pastor) possui real preocupação, primeiro na proteção da igreja de Cristo, que compreende o bloqueio das contaminações do mundo, dos falsos ensinos, dos caminhos tortuosos; segundo, o zelo pelo melhor alimento através da pregação da Palavra de Deus, que edifica, exorta, consola e desperta. Um servo que revela o chamado para pastorear sempre transmitirá mensagens dentro desses quatro aspectos; e terceiro, pela liderança espiritual que faz com que vidas desenvolvam seus ministérios e alcancem seus sonhos. O pastor é um líder e seu chamado está condicionado ás suas qualidades de liderança.

O que mencionamos até aqui pode ser resumido numa verdade ampla: Não existe chamado pastoral distante dessas realizações, bem menos algum pastor usado pelo Espírito Santo com apenas uma dessas indicações, ou seja, se algum ministro está em falta em algum desses princípios, com certeza seu chamado ministerial está em desenvolvimento, mas, se lhe falta todos esses valores, com certeza jamais foi chamado por Deus para pastorear.

Dentro desse raciocínio ainda desejo expor duas situações: pastores que crêem no chamado, mas passam por experiências frustrantes, e pastores que sabem realmente que não possuem o chamado, mas entraram “acidentalmente” no ambiente ministerial.

No primeiro caso é de grande importância saber que o início ministerial com experiências dolorosas não significa algum tipo de erro no chamado, mas pode revelar um agir e preparo exclusivo de Deus para algo bem maior. Deus o levará a compreender isso.

No segundo caso, temos alguém sem o chamado na função pastoral, mesmo assim pastoreando. A falta de êxito maior desse líder não está em seu realizar, de certo, ele sempre fará algo em suas condições, mas sua situação revela claramente que suas ações pastorais serão limitadas por lhe faltarem os elementos essenciais que preenchem sua ordem vocacional e seu chamado divino.

No demais, desejamos muitos pastores Chamados, e menos chamados pastores.

Fonte: Napec

jesus,o cristo

Não, Cristo não é o sobrenome de Jesus: descubra o que esse título significa



Por R. C. Sproul

Por todo o Novo Testamento, nós encontramos muitos títulos para Jesus de Nazaré—"Filho de Deus", "Filho do Homem", "Senhor", entre outros. No entanto, o título que é mais frequentemente dado a Jesus no Novo Testamento é aquele que nos é familiar, mas que nós não entendemos bem. É o título de "Cristo".

Por que eu digo que nós não entendemos bem esse título? Eu digo isso porque "Cristo" é utilizado tantas vezes em conjunto com o nome "Jesus", que temos a tendência de pensar que esse é o seu sobrenome. No entanto, "Cristo" não é um sobrenome para Jesus. Ele teria sido conhecido como "Jesus Bar-José", que significa "Jesus, filho de José". Ao invés disso, "Cristo" é o título supremo de Jesus. Mas o que isso significa?

O significado de Cristo é tirado do Antigo Testamento. Deus prometeu aos antigos israelitas que o Messias viria para libertá-los do pecado. A ideia do Messias é transportada para o Novo Testamento com o título de Cristo. A palavra grega Christos, de onde nós obtemos a palavra Cristo, em português, é a tradução do termo hebraico Mashiach, que é a fonte para a palavra Messias, em português. Mashiach, por sua vez, está relacionada com o verbo hebraico masach, que significa "ungir". Portanto, quando o Novo Testamento fala de Jesus Cristo, ele está dizendo "Jesus, o Messias", que significa literalmente "Jesus, o Ungido".

Nos tempos do Antigo Testamento, as pessoas eram ungidas quando chamadas para servirem como profeta, sacerdote ou rei. Por exemplo, quando Saul foi o primeiro rei de Israel, o profeta Samuel ungiu sua cabeça com óleo, de forma cerimonial (1 Samuel 10:1). Este rito religioso foi realizado para mostrar que o rei de Israel tinha sido escolhido e capacitado por Deus para o reinado. Da mesma forma, os sacerdotes (Êxodo 28:41) e profetas (1 Reis 19:16) foram ungidos segundo o mandamento de Deus. Em certo sentido, qualquer um no Antigo Testamento que tenha sido separado e consagrado para servir era um messias, por ter recebido uma unção.

Mas o povo de Israel ansiava por aquele indivíduo prometido que era para ser, não apenas um messias, mas o Messias, Aquele que seria separado e consagrado por Deus de forma suprema para ser o Profeta, Sacerdote e Rei do povo. Assim sendo, no momento em que Jesus nasceu, existia uma grande expectativa entre os judeus que haviam esperado pelo Messias durante séculos.

Surpreendentemente, quando Jesus começou o seu ministério público, poucos o reconheceram por quem ele era, apesar das muitas evidências de que ele possuía uma unção de Deus que ultrapassou em muito aquela que repousara sobre qualquer outro homem. Sabemos que houve uma grande confusão a seu respeito, mesmo depois dele haver ministrado por algum tempo. Em um ponto, Jesus perguntou aos seus discípulos: "Quem diz o povo ser o Filho do Homem?" (Mateus 16:13 b). Ele estava analisando a sua cultura, verificando os rumores sobre si mesmo. Em resposta à pergunta de Jesus, os discípulos enumeraram vários pontos de vista que estavam sendo apresentados: "Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas" (versículo 14). Jesus estava sendo identificado com todos os tipos de pessoas, mas nenhuma dessas especulações estava correta.

Em seguida, Jesus perguntou aos discípulos: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?" (versículo 15b). Pedro respondeu com o que é conhecido como a grande confissão, uma declaração de sua crença sobre a identidade de Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (versículo 16). Com essas palavras, Pedro declarou que Jesus era o Christos, o Mashiach, o Ungido.

Então Jesus disse algo interessante. Ele disse a Pedro que este era abençoado por ter aquela compreensão da identidade de Jesus. Por que ele disse isso? Jesus explicou: "porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus" (versículo 17). Pedro havia recebido uma revelação divina de que Jesus era o Messias, não era algo que ele havia discernido pela sua própria capacidade. Novamente, isso me deixa maravilhado, porque alguém poderia pensar que quase todo mundo que encontrou Jesus o tenha reconhecido imediatamente como o Messias. Afinal, não há falta de informação no Antigo Testamento sobre a vinda do Messias—onde ele nasceria, como ele se comportaria e que poder ele manifestaria— e todos podiam ver o que Jesus estava fazendo—ressuscitando pessoas dentre os mortos, curando todos os tipos de doenças e ensinando com grande autoridade. Mas, é claro, eles não o reconheceram. A unção de Jesus não era imediatamente aparente.

Muitas pessoas hoje em dia têm coisas positivas a dizer sobre Jesus como um modelo de virtude, um grande mestre e assim por diante, mas eles não chegam a dizer que ele é o Messias. Esta é a grande diferença entre cristãos e não cristãos. Só quem nasceu de novo pode confessar que Jesus é o Cristo. Você pode?

terça-feira, 2 de julho de 2013

a armadura de Deus

Armadura de Deus

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Em Efésios 6:13 a 17 diz:
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.

O cinto da verdade é a sustentação da armadura. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade" (v. 14a). Cingir-se com cinto tem a conotação de estar pronto para a ação, neste caso para a luta contra os principados e potestades; mas é necessário que nos cinjamos com a verdade, a qual é Cristo, o qual verteu seu sangue por nós. Cingir-se da verdade é viver a vida tendo a verdade como norteadora de suas atitudes. A Verdade precisa invadir seus negócios, seus estudos, sua família, suas amizades, seu casamento e onde mais você estiver. Quanto mais conhecemos a Deus e a Seu Cristo, mais temos consciência que Ele é nossa única verdade e realidade cotidiana, em nosso andar como cristãos. "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6).

A couraça da justiça. A couraça era a parte da armadura que revestia e protegia o peito do soldado romano, ou seja, nossa consciência. " e vestindo-vos da couraça da justiça " (v. 14b). Cristo tem sido feito por Deus nossa justificação, e dessa justiça temos sido revestidos desde que cremos; a obra de Cristo na cruz nos tem feito justos, mas em nossa luta contra Satanás, devemos ter nossa consciência limpa e protegida com a justiça de um coração reto diante de Deus e dos homens, o qual é a vida de Cristo em nós; porque Satanás constantemente está nos acusando, e não devemos permitir que essas acusações definhem nossa fé e nossa confiança no Senhor. Se nossa consciência não nos acusa, não devemos permitir que sejamos atemorizados e envergonhados pelo inimigo.

O calçado do evangelho"Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz"(v. 15). O homem estava inimizado com Deus, mas o Senhor Jesus em Sua obra na cruz serviu de mediador para estabelecer a paz, tanto com Deus como com os homens; essa é a disposição fundamental do evangelho, com o qual devemos estar calçados e parados firmemente. Agora estamos parados sobre a rocha firme, e nessa posição entramos com confiança a participar da vida de Cristo. Devemos caminhar com o Senhor na paz que Ele nos tem conquistado; não em nossa própria paz, nem na paz dos homens. Já não caminhamos sobre a terra, como se ela fosse nossa, porque não somos deste mundo. A salvação separa aos crentes da terra suja, e nos faz livres. Além disso, nosso testemunho exige que estejamos em paz com Deus e com os homens.

O escudo da fé"embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno " (v.16). O escudo era uma arma defensiva para o soldado romano, para se proteger tanto das flechas como dos ataques com espada, lança ou outras armas da época. O escudo é fundamental para se proteger dos ataques do inimigo. O escudo do soldado romano era de couro, ou de metal; mas o escudo do cristão é a fé. Há cristãos que carecem de fé, logo não tem o escudo para apagar os dardos de fogo e ataques do maligno, como as dúvidas, as tentações, os enredos mentirosos, as incitações e propostas ao pecado. Outros cristãos têm um escudo muito pequeno, com o qual só poderão apagar certos dardos, mas não todos, pois sua fé não é o suficientemente grande; pois só conhecem um aspecto da obra de Cristo, se é de curar para aí, se é de dons será suficiente, mas não é assim, Cristo é supremo, precisamos de fato o conhecer plenamente senão nossa fé vai sempre ser fraca comprometendo nossa segurança e de outros.

O capacete da salvação"Tomai também o capacete da salvação" (v.17a). O capacete era a parte da armadura antiga que resguardava a cabeça e o rosto(visão), de modo que é fácil entender que, a guerra no espírito, o capacete da salvação de Deus guarda a mente do filho de Deus , seu intelecto, de ansiedades, preocupações, acusações, temores, vergonha, ameaças de Satanás, que vão diretamente dirigidas a nossa mente, para nos debilitar, nos desorientar e nos prostrar em uma situação de derrota e culpabilidade. Mas temos sido salvos por Deus em Cristo; agora somos filhos de Deus, e é Cristo quem vive em nós permanentemente. Satanás continuamente está lançando pensamentos em nossa mente. Satanás sabe que é na mente do homem onde se maquinam e perfilam todas as coisas, e por isso é na mente dos cristãos onde se vencem as grandes batalhas contra o inimigo, pois os argumentos e pensamentos pertencem à mente.Lemos em 2 Coríntios 10:3-6: "3 Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne.4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,6 e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão". Para entrar a participar nesta guerra no espírito é necessário andar conforme o Espírito; daí que as armas devem ser Espirituais, poderosas em Deus, para poder derrubar fortalezas do inimigo. Todos os que desobedecem a Deus são portadores das fortalezas de Satanás; por isso todo pensamento deve ser levado cativo à obediência a Cristo.

A espada do Espírito"e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (v.17b). A espada É a única peça da armadura que é usada para atacar o inimigo. Cristo é o Verbo de Deus encarnado, e a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo, ou soprada pelo alento de Deus, de maneira que quando é usada a palavra específica para dar um golpe mortal e contundente ao inimigo, é o próprio Cristo falando por Seu Espírito pela Palavra. As Escrituras têm sido deturpadas e manipuladas abundantemente através da história, em tal forma que essas deturpações têm facilitado o caminho para introduzir heresias em nós a Igreja do Senhor (pessoas), contribuindo às múltiplas divisões sustentadas com aparente respaldo bíblico. Eis ai o grande perigo, que apoiados com uma falsa base bíblica, se protocolize a divisão do Corpo de Cristo. O zelo religioso não é de Deus, nem o orgulho sectário, nem a vanglória do progresso humano (prosperidade). Tudo isso tem causado muito dano à Igreja; tem se quebrado a verdadeira expressão do Corpo do Senhor. Daí que deve se usar a espada do Espírito no espírito e pelo Espírito. È muito importante nestes dias serem cultivados nossa comunhão com o verdadeiro Senhor Jesus Cristo e sua palavra. Olhando de forma a entender que existe a Sá doutrina e a falsa doutrina e só a comunhão com o Senhor vai poder nos ajudar a distinguir elas pois só ele pode nos conduzir na Verdade que é Cristo Jesus. 

A oração. "com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos" (v.18).
A oração não está relacionada dentro da armadura de Deus, mas é o elemento indispensável para receber a armadura e usá-la convenientemente no momento apropriado, pois a oração na verdade é a base de nossa comunhão com o Senhor, se nós não conversarmos com ele em todo tempo não existira relacionamento e amizade, não conheceremos sua vontade, alguns teimam em conhecê-lo apenas lendo a palavra e acabam enganados pela letra e morrem pois expressam Cristo como se ele estivesse morto e seu legado foi deixado tudo em um livro e é só o memorizar e colocá-lo em pratica que seremos um bom cristão, isso é mentira Ele está vivo e edifica sua igreja e só vai se revelar a nós mediante a nossa vida diária em sua presença em oração e santidade no espírito e pelo Espírito.

A humildade. Mesmo os que já têm experimentado alguma vitoria com a armadura de Deus ainda correm alguns perigos, e caso se descuidem, podem cair de qualquer altura de onde se encontrem; não importa o grau de maturidade espiritual que se tenha. Diz 1 Co. 10:12: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia". O brilho da armadura pode deslumbrar o vencedor que se descuida, e em vez de fixar os olhos no Senhor, fixa em si mesmo; não tem consciência de que sua armadura não tem proteção para suas costas, onde pode ser ferido pelos dardos do inimigo, principalmente o de nome orgulho; e já ferido, vai se enchendo de certa auréola ao redor de si mesmo, e, sem se dar conta, vai se debilitando,extinguindo o Espírito de tal maneira que ao final não tem forças suficientes para sustentar a espada e o escudo (a Palavra de Deus e a fé), e como conseqüência vem o engano quanto à Palavra e quanto à fé, e começa a declarar que já não necessita usar a espada e o escudo( a vida de oração e revelação) ; e no final se despojará a si mesmo de toda a armadura.Então, qual é o remédio preventivo? Os reis, os grandes deste mundo e os cristãos orgulhosos, se cobrem com um manto de púrpura, mas o manto do cristão que quer continuar a vencer é a humildade; o manto que nos cobre as costas dos dardos da altivez é a humildade, a pobreza no espírito. 1 Pedro 5:5b-6 diz: "sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.6 Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno(na sua vinda), vos exalte". A humildade é a vestidura de um escravo em aptidão de serviço. O altivo faz alarde por cima dos demais; é depreciativo. O orgulhoso se enche tanto de confiança em si mesmo, que chega o momento em que crê que já não necessita usar a Palavra de Deus, a fé e a confiança no Senhor, e a armadura em geral, e é enredado facilmente no engano de toda índole. Todo guerreiro necessita de toda a armadura de Deus, mas vestido de humildade, " 4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2 Co. 10:4-5).A guerra contra os principados e potestades não se faz com as habilidades da carne; nem com força carnal e física, nem com eloqüência natural, nem com sabedoria humana, nem derrubando às pessoas ao chão nas reuniões; não estamos lutando contra os homens. Por tanto, as armas devem ser espirituais, poderosas em Deus. Os dardos do inimigo vão dirigidos a encher nossa mente de argumentos e raciocínios que nos induzem à fofoca, à busca de faltas em nossos irmãos, à acusação, à falta de perdão, ao egocentrismo, ao juízo injusto, aos zelos e contendas, ao repúdio, à amargura, à luxúria; mas um dos mais fortes e devastadores ataques vêm do orgulho. Em troca, a Palavra de Deus nos insta a sermos "Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos" (Rom. 12:6). Devemos estar vigilantes, porque abundam as falsas roupas de humildade. Diz Mateus 5:3: "3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus". Com este versículo, o Senhor no sermão do monte começa a descrição da verdadeira natureza dos que são aptos para participar no reino dos céus; e todas as características descritas, são o pólo oposto do cristão orgulhoso. Diante de Deus, o humilde tem a posição mais alta, porque reflete a plenitude de Deus e de Sua graça; porque Tiago 4:6 diz: "Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes". Então, amados irmãos, para que não nos deslumbre o brilho da armadura e nos impeça ver a verdadeira natureza do inimigo, devemos tapá-la com o manto da humildade.

O amor. Por Seu Santo Espírito, o Senhor nos tem dado dons espirituais, como ferramentas para nosso trabalho nesta era, e como antecipação dos poderes do mundo vindouro; mas o mais excelente, importante e poderoso de todas as ferramentas recebidas da parte do Senhor é o amor do Pai. Muitos, como os coríntios, buscam os dons exteriores, mas o amor é a maneira excelente de exercê-los, e é a expressão de Deus dentro de nós como vida e alento. A natureza de Deus é amor (1 Jo 4:16), e a expressão desse amor é o que nos leva a ser espirituais. Podemos ter uma magnífica compreensão da Palavra de Deus, podemos ter todos os dons espirituais, podemos compreender todos os princípios do reino, podemos possuir uma fé gigantesca, mas se carecemos do amor do Pai, nada somos. Não temos conseguido compreender, todavia, o suficiente e em sua justa medida o capítulo 13 da primeira epístola aos Coríntios. Quanto mais nos alimentamos de Cristo, mais cheios somos de Seu amor, porque Ele, que é amor, vai se apoderando de todo nosso ser; não só do espírito, mas também da alma e todas suas faculdades, e até do corpo. O Senhor tem vindo a viver dentro de nós para sempre; nunca se afastará de nós; esta é Sua casa; mas devemos buscar que Ele nos encha de Seu Espírito e de Seu amor para que lhe sejamos fiéis; Seu amor nos livra do egocentrismo, e nos faz ver mais além de nosso contorno físico. Saturados de Seu amor, poderemos ter a visão do terceiro céu, e pregá-lo. Com o amor, podemos manejar a armadura de Deus com eficácia.

Os irmãos

sem sangue sem remissão.

Sem Sangue, Sem Remissão
Por Charles Haddon Spurgeon
“Sem derramamento de sangue não há remissão.” Hebreus 9:22
Sob a antiga dispensação figurativa, do Velho Testamento, era certo de que seus olhos topariam em qualquer canto com o sangue. O sangue era o mais proeminente sob a economia judaica. Era raro que se observasse alguma cerimônia sem ele. Não era possível adentrar em nenhuma parte do tabernáculo sem que fossem visto os rastros de sangue ao pé do altar. O lugar era tão semelhante a um matadouro que visitá-lo não deve ter sido nada atrativo para o gosto natural, e para deleitar-se nele, o homem precisava de um entendimento espiritual e de uma fé viva. O sacrifício de animais constituía a maneira de adorar: a efusão de sangue era o rito estabelecido e a difusão desse sangue sobre o piso, sobre as cortinas e sobre as vestes dos sacerdotes, era constante memorial.
Quando Paulo diz que, sob a lei, quase todas as coisas eram purificadas com sangue, alude a algumas coisas que estavam isentas. Assim encontrarão em diversas passagens que o povo era exortado a lavar seus vestidos, e a certas pessoas que haviam ficado imundas por causas físicas, lhes era ordenado que lavassem seus vestidos com água.
As roupas que os homens usavam eram sempre purificadas com água. Depois da derrota dos midianitas, que pode ser lida no livro de Números, o despojo que havia sido contaminado teve que ser purificado antes que fosse reclamado pelos vitoriosos israelitas. De acordo com a ordenança da lei que o Senhor prescreveu a Moisés, alguns dos bens, tais como indumentárias e artigos confeccionados com peles de cabras, eram purificados com água, enquanto que outros objetos, que eram de metais resistentes ao fogo, eram purificados com fogo. Contudo, o apóstolo se refere a um ato literal quando diz que quase todas as coisas – só à exceção das roupas – eram purificadas com sangue sob a Lei. Logo, se refere a ela como uma verdade geral sob a antiga dispensação legal, dizendo que não havia jamais nenhum perdão de pecado, exceto pelo sangue. Unicamente em um caso havia uma aparente exceção, e ainda nesse caso servia para demonstrar a universalidade da regra, porque a razão para a exceção está plenamente explicada. O sacrifício pela culpa é mencionado como uma alternativa no versículo 11 de Levítico 5, e podia ser uma oferta incruenta em casos de extrema pobreza. Se um homem era muito pobre para trazer uma oferenda do rebanho, deveria trazer duas rolinhas ou dois pombinhos – porém se era extremamente necessitado até mesmo para isso, poderia oferecer a décima parte de um efa de flor de farinha como sacrifício pela culpa, sem azeite nem incenso, a qual era lançada sobre o fogo. Essa é a única exceção solitária através de todos os tipos. Em cada lugar, em cada momento e em cada caso em que o pecado tinha que ser tirado, o sangue deveria fluir e a vida tinha que ser ofertada. A única exceção que temos notado, recalca o estatuto que estabelece que “sem derramamento de sangue não há remissão.”
Sob o Evangelho não há nenhuma exceção, não existe nenhuma isolada exceção, como existia na Lei – não, nem mesmo para o mais indigente. Todos nós somos extremamente necessitados espiritualmente. Como nenhum de nós deve apresentar uma oferenda, nem tampouco dispomos de uma, todos temos que apresentar a oferenda que já foi ofertada e temos que aceitar o sacrifício que Cristo fez de Si mesmo em nosso lugar – não existe agora nenhum motivo nem base para isentar a nenhum homem nem nenhuma mulher, nem mesmo o haverá jamais, seja nesse mundo ou no futuro: “sem derramamento de sangue não há remissão.”
Com grande simplicidade, então, já que concerne à nossa salvação, peço amavelmente a atenção de cada um dos presentes para esse grande assunto que tem muito a ver com nossos interesses eternos. Eu deduzo do texto, antes de tudo, o fato animador de que:
I. Existe Uma Remissão, quer dizer, uma remissão dos pecados. “sem derramamento de sangue não há remissão.” O sangue foi derramado, e há, portanto, esperança no tocante à remissão. Apesar dos severos requerimentos da Lei, a remissão não deve ser abandonada em absoluta desesperação. A palavra remissão quer dizer: saldar dívidas. Assim como o pecado pode ser considerado uma dívida contraída com Deus, assim também essa dívida pode ser apagada, cancelada e suprimida. O pecador, o devedor de Deus, pode deixar de estar em dívida por compensação, por uma plena quitação, e pode ficar livre em virtude dessa remissão. Tal coisa é possível. Glória seja dada a Deus porque é possível obter a remissão de todos os pecados para os que tenham arrependimento. Sem importar qual possa ser a transgressão de qualquer indivíduo, o perdão é possível para ele se é possível que tal se arrependa. Um pecado incontrito é um pecado imperdoável. Se o homem confessa seu pecado e o abandona, então encontrará misericórdia. Deus tem declarado assim, e Ele nunca será infiel à Sua palavra. “Porém”, alguém pergunta: “Não existe um pecado que é para morte?” Sim, certamente, ainda que eu não saiba qual seja – nem tampouco cremos que alguém que tenha pesquisado esse tema tenha sido capaz de descobrir qual seja esse pecado – o que parece claro é que o pecado é praticamente imperdoável porque não houve arrependimento a respeito dele. O homem que o comete fica morto no pecado, para todos os fins e propósitos, em um sentido mais profundo e permanente até mesmo do que a raça humana o está como um todo, e é entregue a um coração endurecido, sua consciência é cauterizada, por assim dizê-lo, com um ferro em brasa, e a partir dali não buscará nenhuma misericórdia. Porém, todo tipo de pecado e de blasfêmia serão perdoados aos homens. Para a lascívia, para o roubo, para o adultério, sim, para o assassinato, há perdão de Deus, para que seja reverenciado. Ele é o Senhor Deus misericordioso e clemente, que esquece a transgressão, a iniquidade e o pecado.
E esse perdão, que é possível, é completo, de acordo às Escrituras – quer dizer, quando Deus perdoa a um homem seu pecado, o faz sem reservas. Ele apaga a dívida sem nenhuma revisão dos cálculos. Ele não suprime uma parte do pecado do homem, porém o faz responsável do resto – antes, no momento em que um pecado é perdoado, é como se sua iniquidade nunca houvesse sido cometida; o pecador é recebido na casa do Pai e é abraçado com o amor do Pai como se nunca houvesse se desviado; é levado a ser aceito diante de Deus, e desfruta da mesma condição como se nunca tivesse transgredido.
Cristão, bendito seja o Senhor porque no Livro de Deus não existe pecado nenhum contra sua pessoa. Se você crê, é perdoado, e não é perdoado parcialmente, mas sim plenamente. O escrito de dívida que havia contra você é apagado e é cravado na cruz de Cristo, e nunca mais poderá ser usado contra ti. O perdão é completo.
Ainda mais, trata-se de um perdão no ato. Alguns imaginam (e isso é algo muito depreciativo para o Evangelho) que não podem alcançar o perdão a não ser até que morram, e talvez, de alguma forma então muito misteriosa, nos últimos instantes, possam ser absolvidos – porém nós pregamos, em nome de Jesus, um perdão imediato e instantâneo para todas as transgressões – um perdão dado em um instante – no momento em que um pecador crê em Jesus. Não é como se uma enfermidade fosse sarada gradualmente e depois fosse requerido meses e largos anos de progresso até o restabelecimento total. É certo que a corrupção de nossa natureza é uma enfermidade assim, e o pecado que mora em nós tem que ser mortificado diariamente e a cada hora; porém quanto à culpa de nossas transgressões diante de Deus e à dívida incorrida para com Sua justiça, sua remissão não é uma coisa progressiva e gradual. O perdão de um pecador é concedido de imediato – será dado a qualquer um de vocês que o aceite essa noite, sim, e lhe será dado de tal maneira que não o perderá nunca. Uma vez perdoado, será perdoado para sempre, e não sofrerá nenhuma das consequências do pecado. Você será absolvido eternamente e sem reservas, de tal forma que quando os céus estiverem ardendo em chamas, e o grande trono branco seja levantado, e tenha lugar o juízo final, você possa se apresentar com determinação diante do tribunal sem temer qualquer acusação, pois Deus nunca revogará o perdão que Ele mesmo concede.
Irei acrescentar mais um comentário. O homem que alcança esse perdão pode dar-se conta de que o possui. Se simplesmente esperasse tê-lo, essa esperança lutaria frequentemente com o medo. Se simplesmente confiasse tê-lo, muitos remorsos de consciência poderiam alarmá-lo – porém, saber que o possui é um firme fundamento de paz para o coração. Glória seja dada a Deus porque os privilégios do pacto da graça, da Nova Aliança feita no sangue de Cristo, não são só assuntos de esperança e de conjecturas, mas sim assuntos de fé, convicção e de segurança. Não considerem uma presunção que um homem creia na Palavra de Deus. É a própria Palavra de Deus que diz: “O que Nele crê não é condenado”. Se eu creio em Jesus Cristo, então não sou condenado. Que direito tenho de pensar que o sou? Se Deus diz que não sou condenado, seria uma presunção de minha parte pensar que sou condenado. Não pode ser presunção receber a Palavra de Deus tal como Ele me dá.
“Ó!” – diz alguém – “que feliz seria se esse fosse meu caso”. Falaste bem, pois escrito está: “bem-aventurado aquele cuja transgressão foi perdoada, e cujo pecado foi coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não culpa de iniquidade”.
“Mas” – dirá alguém mais – “eu dificilmente pensaria que algo tão grande poderia ser possível para alguém como eu”. Você raciocina à maneira dos filhos dos homens. Deve saber então que como são mais altos os céus do que a terra, assim são os caminhos de Deus mais altos que seus caminhos, e Seus pensamentos mais que seus pensamentos. Teu é o errar, mas de Deus é o perdoar. Você se extravia como um homem, porém Deus não perdoa como um homem: Ele perdoa como um Deus, de tal forma que rompemos em exclamações de assombro e cantamos: “Que Deus como tu, que perdoa a maldade, e esquece o pecado do remanescente de sua herança?” Quando você faz algo, trata-se de alguma pequena obra adaptada às suas habilidades, porém nosso Deus fez os céus. Quando você perdoa, concede um perdão adaptado à sua natureza e suas circunstâncias – porém, quando Ele perdoa, mostra as riquezas de Sua graça em uma escala maior do que sua mente finita poderia captar. Ele apaga em um instante mil pecados do mais negro timbre, pecados de uma tonalidade infernal, porque se deleita na misericórdia, e o juízo é Sua estranha obra. “Porque não quero a morte do que morre, diz O SENHOR; convertei-vos, pois, e vivereis.” Meu texto proporciona-me essa nota feliz. Não há remissão, exceto com sangue; mas como o sangue foi derramado, sim, há remissão.
Adentremos mais no texto, temos que insistir agora em sua grande lição que é:
II. Ainda Que Haja Perdão De Pecado, Nunca Se Concede Sem Derramamento De Sangue.
Essa é uma frase atropeladora, pois existem alguns seres nesse mundo que confiam em seu arrependimento para o perdão do pecado. Mais além de toda dúvida, é seu dever arrepender-se de seu pecado. Se tiver desobedecido a Deus, deve lamentar isso. Deixar de pecar não é senão o dever da criatura, pois do contrário, o pecado não seria a violação da santa lei de Deus. Porém, deve saber que todo o arrependimento do mundo não pode apagar o menor pecado. Se só um pensamento pecaminoso atravessasse sua mente, e você se afligisse por ele todos os dias de sua vida, a mancha desse pecado não poderia ser tirada nem sequer pela angústia que lhe provoca. O arrependimento é a obra do Espírito de Deus, e é um dom muito precioso e um sinal de graça – porém não há nenhum poder expiatório no arrependimento. Em um mar repleto de lágrimas penitenciais não existe nem o poder nem a capacidade para lavar uma só mancha dessa espantosa imundície. Sem derramamento de sangue não há remissão.
Porém, outros supõem, de qualquer maneira, que a reforma ativa que resulta do arrependimento pode executar a tarefa. Que importa que se renuncie à bebedeira e que a abstinência se converta na regra? Que importa que se abandone a libertinagem e a castidade adorne o caráter? Que importa que se renuncie aos tratos desonestos e a integridade seja escrupulosamente guardada em cada ação? Eu digo: isso está muito bem, queira Deus que tal reforma tenha lugar por onde quer que seja; contudo, apesar de tudo isso, as dívidas já contraídas não são pagas pelo gesto de que já não nos endividamos mais, e as antigas dívidas em mora não são perdoadas pelo bom comportamento posterior. Então, o pecado não é remido pela reforma. Ainda que subitamente você se convertesse imaculado como os anjos (não que algo assim seja possível para você, pois o etíope não pode mudar sua pele, nem o leopardo suas manchas), suas reformas não poderiam fazer nenhuma expiação a Deus pelos pecados antes cometidos nos dias que transgrediste contra Ele. “Então, que devo fazer?” pergunta o homem. Há os que pensam que agora suas orações e suas humilhações de alma poderiam, talvez, lhes conseguir algo. Eu não lhe pediria que fizesse cessar suas orações se elas são sinceras, antes eu esperaria que fossem tais orações que pressagiariam uma vida espiritual. Porém, querido leitor, não existe eficácia na oração para apagar o pecado. Irei expressar isso enfaticamente. Todas as orações de todos os santos da terra, e se pudessem agregar-se todos os santos do céu, todas suas orações não poderiam apagar através de sua própria eficácia natural o pecado de uma só má palavra. Não, não há nenhum poder persuasivo na oração. Deus não lhe deu o papel de produto de limpeza. Possuem certamente seus usos, seus valiosos usos. Um dos privilégios do homem que ora é que ora aceitavelmente, porém as orações mesmas sem sangue, não podem apagar nunca o pecado. “Sem derramamento de sangue não há remissão.”, por mais que ores.
Existem pessoas que pensaram que a renúncia e as mortificações de um tipo extraordinário poderiam livrar-lhes de sua culpa. Não nos encontramos com frequência com gente assim em nosso círculo – no entanto, existe tais que para purificarem a si mesmos do pecado, flagelam seus corpos, observam jejuns prolongados, usam cinzas e camisas de saco pegadas a peles, e até mesmo alguns foram tão longe para imaginarem que refrear-se de banhos e permitir que seus corpos sejam cobertos de imundice, é a forma mais fácil de purificar suas almas. Certamente é uma estranha tolice! No entanto, na Índia, hoje se encontram faquires que sujeitam seus corpos a surpreendentes sofrimentos e distorções com a esperança de se desfazerem do pecado. Qual é o propósito de tudo isso? Parece-me escutar o Senhor dizer: “O que tem que ver comigo que inclines a cabeça como junco e que se cubras de cilício, e comas cinzas com teu pão e mistures absinto com tua bebida? Tu tens quebrantado minha lei, essas coisas não podem restaurá-la; tu tens lesionado minha honra com teu pecado, porém, onde, está a justiça que reflete honra sobre meu nome?” O velho clamor nos tempos antigos era: “Com que me apresentarei diante de Jeová?”, e diziam: “Daremos nosso primogênito por nossa rebelião, o fruto de nossas entranhas pelo pecado de nossa alma?” Ai! Tudo foi em vão. Aqui está a sentença. Aqui deve estar para sempre: “Sem derramamento de sangue não há remissão.” Deus exige a vida como castigo devido pelo pecado, e nada exceto a vida indicada no derramamento de sangue lhe satisfará jamais.
Observem, ainda, como esse texto rejeita toda confiança nas cerimônias, inclusive nas cerimônias da própria ordenança de Deus. Existem alguns que supõem que o pecado pode ser lavado no batismo. Isto é uma fútil suposição! A expressão onde é usada uma vez na Escritura não implica nada desse tipo – não tem esse significado que alguns lhe atribuem, pois esse mesmo apóstolo que afirmava isso, se gloriava de que não havia batizado a muitas pessoas para que não se chegasse a especular que havia alguma eficácia em sua administração desse rito. O batismo é uma ordenança admirável na qual o cristão tem comunhão com Cristo em Sua morte. É um símbolo – porém não é nada mais que isso. Dezenas de milhares de milhares foram batizados e morreram em seus pecados.
Prosseguirei para fazer uma distinção que irá mais profundo ainda. Jesus Cristo mesmo não pode nos salvar, aparte de Seu sangue. É uma suposição que só a tolice alguma vez o fez quando afirma que o exemplo de Cristo pode tirar o pecado humano, que a vida santa de Jesus Cristo colocou a raça humana em uma base tão boa com Deus que agora Ele pode perdoar suas faltas e suas transgressões. Não é assim – nem a santidade de Jesus, nem a vida de Jesus, nem a morte de Jesus podem nos salvar, senão unicamente o sangue de Jesus – pois “Sem derramamento de sangue não há remissão.”
Encontrei-me com alguns que pensam tanto na segunda vinda de Cristo, que parecem ter fixado sua plena fé sobre Cristo em Sua glória. Eu creio que isso é culpa do “Irvingismo” que expõe demasiadamente a Cristo no trono diante do olho do pecador; ainda que Cristo no trono é sempre o amado e adorável, contudo, devemos ver a Cristo na cruz, ou não poderemos jamais ser salvos. Sua fé não deve ser posta meramente em Cristo glorificado, mas sim em Cristo crucificado. “Longe de mim gloriar-se, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” “Nós pregamos a Cristo crucificado, para judeus certamente tropeço, e para os gregos loucura.”
Eu me lembro de um membro dessa igreja (a amada irmã poderia estar presente agora), que havia sido durante alguns anos uma professante, porém nunca havia desfrutado de paz com Deus, nem tinha produzido nenhum dos frutos do Espírito. Ela dizia: “Tenho estado em uma igreja onde me ensinaram que me apoiasse em Cristo glorificado, e sucedeu que eu fixei de tal maneira minha confiança Nele glorificado, que não tinha nenhum sentido de pecado, nem um sentido do perdão de Cristo crucificado! Eu não sabia, e até que O vi derramando Seu sangue e fazendo uma propiciação, nunca entrei no repouso”.
Sim, lhe diremos de novo, pois o texto é vitalmente importante: “Sem derramamento de sangue há remissão”, nem sequer com o próprio Cristo. O meio de quitar nosso pecado é o sacrifício que Ele ofereceu por nós – só isso, e nenhuma outra coisa. Sigamos adiante com a mesma verdade:
III. Essa Remissão Do Pecado Deve De Ser Achada Ao Pé Da Cruz.
Há remissão e se pode obter de Jesus Cristo, cujo sangue foi derramado. O hino que cantamos no princípio de nosso culto proporcionou-lhes o miolo da doutrina. Devemos a Deus uma dívida de castigo pelo pecado. Estava pendente essa dívida ou não? Se a lei estava na verdade, o castigo deveria ser executado. Se o castigo era demasiadamente severo, e a lei era imprecisa, então Deus havia cometido um erro. Porém, supor isso é uma blasfêmia. Então, sendo a Lei certa e sendo justo o castigo, faria Deus algo injusto?
Seria algo injusto de Sua parte que não executasse o castigo. Desejaria que fosse injusto? Ele havia declarado que a alma que pecasse deveria morrer – desejaria que Deus fosse um mentiroso? Deveria engolir Suas palavras para salvar a Suas criaturas? “Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso.” A sentença da lei tem que ser executada. Era inevitável que se Deus mantinha a prerrogativa de Sua santidade, devia castigar os pecados que os homens haviam cometido, então, como Ele havia de nos salvar? Contemplem o plano! Seu amado Filho, o Senhor da glória, assume a natureza humana, toma o lugar de todos aqueles que o Pai lhe deu, ocupa seu lugar, e quando a sentença da justiça é proclamada e a espada salta de sua bainha, eis aqui, o glorioso Substituto que desnuda Seu braço e diz “Golpeia, Ó espada, porém golpeia-me a mim, e deixa ir a meu povo”. A espada da Lei se introduziu na alma mesma de Jesus, e Seu sangue foi derramado, sangue não de alguém que era meramente homem, mas sim de Um que, sendo um Espírito eterno, era capaz de se oferecer sem mancha para Deus de uma maneira que proporcionava uma eficácia infinita a Seus sofrimentos. Por meio do Espírito Eterno nos é informado que Ele se ofereceu sem mancha a Deus. Sendo em Sua própria natureza infinitamente além da natureza do homem, abarcando todas as naturezas humanas, por assim dizê-lo, dentro de Si, em razão da majestade de Sua pessoa, foi capaz de oferecer uma expiação a Deus de uma suficiência infinita, ilimitada e inconcebível.
Nenhum de nós poderia dizer o que nosso Senhor sofreu. Estou certo disso: que eu não menosprezaria sem subestimaria Seus sofrimentos físicos- as torturas que suportou em Seu corpo – porém estou igualmente certo de que nenhum de nós poderia exagerar ou supervalorizar os sofrimentos de uma alma como a Sua, pois estão mais além de toda concepção. Ele era tão puro e tão perfeito, tão sutilmente sensível e tão imaculavelmente santo, que ser contado entre os transgressores, ser golpeado por Seu Pai, ter que morrer (devo de dizê-lo?) a morte de um incircunciso por mãos de estrangeiros, era a própria essência da amargura, a consumação da angústia. “Com tudo isso, quis o Senhor quebrantá-lo, sujeitando-o a padecimento”. Suas aflições, em si mesmas, eram o que a liturgia grega bem chama: “sofrimentos desconhecidos, grandes dores”. De aqui, também, que sua eficácia seja sem fronteiras, sem limites. Portanto, Deus é capaz agora de perdoar o pecado. Ele castigou o pecado em Cristo; convém à justiça, assim como à misericórdia, que Deus suprima essas dívidas que foram pagas. Seria injusto – falo com reverência, porém, no entanto, com santa ousadia – seria injusto da parte da Majestade divina culpar-me de um só pecado que já foi cobrado de meu Substituto. Se minha Fiança assumiu meu pecado, Ele me liberou, e eu estou livre. Quem reavivará o juízo contra mim quando já fui condenado na pessoa de meu Salvador? Quem me enviará para as chamas do Geenna, quando Cristo, meu Substituto, sofreu o equivalente do inferno por mim? Quem me acusaria de algo quando Cristo assumiu já todos meus crimes, e respondeu por eles, os expiou, e recebeu o sinal da absolvição deles, posto que ressuscitou dos mortos para poder vindicar abertamente essa justificação, a qual por graça sou chamado e na que tenho o privilégio de participar? Tudo isso é muito simples, está contido em poucas palavras, porém, o temos recebido todos – o temos aceitado todos?
Ó, meus queridos ouvintes! O texto está cheio de advertências para alguns de vocês. Vocês poderiam ter uma disposição amigável, um excelente caráter e uma índole madura, porém possuem escrúpulos de aceitar a Cristo – vocês tropeçam com essa pedra de tropeço – se despedaçam nessa rocha. Como posso responder a seu desventurado caso? Não irei raciocinar com vocês. Abstenho-me de entrar em alguma discussão, porém lhes faço uma pergunta: creem que a Bíblia é inspirada por Deus? Olhem, então, aquela passagem que diz: “Sem derramamento de sangue não há remissão”. O que dizem? Não é claro, absoluto, definitivo? Permitam-me tirar a conclusão. Se não possuem um interesse no derramamento de sangue que me esforcei por descrever brevemente existe alguma remissão para vocês? Poderia existir? Seus próprios pecados estão agora sobre suas próprias cabeças. De suas mãos serão demandados na vinda do grandioso Juiz. Podem fazer, podem trabalhar arduamente, podem ser sinceros em suas convicções e estar tranquilos em suas consciências, ou podem ser sacudidos de um lado a outro por seus escrúpulos – porém, vive o Senhor, que não há perdão para vocês, exceto através desse derramamento de sangue. Por acaso o rejeitam? Sobre sua própria cabeça seja o perigo! Deus tem falado. Não pode se dizer que a ruína de vocês está desenhada por Ele quando o próprio remédio para vocês é revelado por Ele mesmo.
Ele lhe pede que siga o caminho por Ele estabelecido, e se você o rejeita, deve morrer. Sua morte é um suicídio, seja deliberado, acidental ou por conta de um erro de juízo. Seu sangue seja sobre sua cabeça. Está advertido.
Por outro lado, que consolação tão transcendente o texto nos proporciona! “Sem derramamento de sangue não há remissão”, porém onde existe derramamento, existe remissão. Se você veio a Cristo, é salvo. Se você pode dizer isso do profundo de seu coração:
“Minha fé coloca em verdade sua mão
Sobre essa amada cabeça Tua,
No caso que como penitente me apresento,
E aqui confesso meu pecado.”
Então, seu pecado desapareceu. Onde está esse jovem? Onde está essa jovem? Onde estão esses ansiosos corações que estiveram dizendo: “quereríamos ser perdoados agora?” Olhem, olhem, olhem, olhem ao Salvador crucificado, e são perdoados! Podem seguir seu caminho, desde que tenham aceitado a expiação de Deus. Filha, tenha ânimo, pois seus pecados, que são muitos, lhe são perdoados. Filho, regozije, pois suas transgressões são apagadas.
Minha última palavra será essa: Vocês que são mestres de outros e tratam de fazer o bem, aferrem-se firmemente a essa doutrina. Isso deve ser a frente, o centro, a medula e o tutano de tudo o que têm que testificar. Eu o prego com frequência, porém não há jamais um domingo no que me retire a meu leito com tanto contentamento no mais íntimo como quando preguei o sacrifício substitutivo de Cristo. Então sinto que: “Se os pecadores se perdem, não tenho nada de seu sangue sobre mim”. Essa é a doutrina que salva a alma – apeguem-se a ela e terão possuído a vida eterna – se a rejeitam, o haverão rejeitado para sua confusão. Ó, apeguem-se a isso! Martinho Lutero sempre dizia que cada sermão deveria conter também a doutrina da expiação. Lutero diz que não podia meter a doutrina da justificação pela fé nas cabeças dos habitantes de Winttenberg, e se sentia meio inclinado a levar seu livro ao púlpito para arrebentá-lo em suas cabeças, para conseguir que se introduzisse nelas essa doutrina. Temo que não teria tido êxito se o tivesse feito. Porém, sim, como eu trataria de martelar uma, e outra, e outra vez sobre esse prego. “A vida da carne no sangue está.” “E verei o sangue e passarei de vós.”
Cristo entrega Sua vida derramando Seu sangue: é isso o que lhes proporciona o perdão e a paz a cada um de vocês, se olham para Ele. Perdão agora, perdão completo, perdão para sempre. Tirem o olhar de todas as outras confianças e descansem nos sofrimentos e na morte do Deus Encarnado, que foi aos céus e que vive hoje para interceder diante do trono de Seu Pai, pelo mérito do sangue que derramou no Calvário pelos pecadores. Como irei ver a todos vocês naquele grande dia, quando o Crucificado venha como Rei e Senhor de tudo, dia que está se apressando com presteza, como eu lhes irei ver então, lhes peço que deem testemunho de que me esforcei por falar-lhes com toda simplicidade qual era o caminho da salvação – e se o rejeitarem, façam-me o favor de declarar que ao menos lhes proclamei esse Seu Evangelho em nome de Jeová, e que os exortei sinceramente a aceitá-lo para que fossem salvos. Porém eu preferiria que agradasse a Deus que os encontrasse ali a todos cobertos com a única expiação, vestidos com a única justiça, e aceitos no único Salvador, e então cantaríamos juntos: “O Cordeiro que foi imolado e que nos redimiu para Deus é digno de tomar o poder, as riquezas, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e o louvor pelos séculos dos séculos”.
Amém.